A Casa-Museu São Rafael – onde se encontrava o depósito da Fábrica Bordallo Pinheiro – foi transferida da antiga casa da família para a zona dos antigos escritórios daquela unidade industrial e já reabriu ao público.
A Casa Museu San Rafael encontra-se agora renovada num novo espaço mais amplo, no pólo caldense desta unidade, situada junto ao Parque D. Carlos I.
A área museológica da fábrica foi criada em 1984 com o objectivo de organizar e dar a conhecer a obra de Rafael Bordalo Pinheiro e o espólio da sua fábrica e daquela iniciada por seu filho Gustavo. Naquela casa-museu podem ser apreciadas peças, desenhos, documentos fabris, fórmulas de constituição dos barros e vidrados, bem como uma colecção de mais de mil moldes originais em gesso.
Durante as últimas três décadas, a exposição manteve-se inalterada e fiel ao seu criador, Francisco Malhoa, funcionário da fábrica, que recolheu e registou todo o espólio de mais de três mil peças, que compunham a colecção exposta. Este ceramista também deixou inúmeros textos sobre a história e técnicas de fabrico utilizadas nas faianças Bordallo Pinheiro.
A transferência das peças para o novo espaço teve início em Janeiro e, segundo Elsa Rebelo, a directora artística da fábrica, a nova área é “mais ampla, luminosa e possui melhores condições para o visitante poder apreciar a arte de Rafael e Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro”.
Um renovado museu nas Caldas
As obras que se encontram em exposição – ocupando a maior parte do andar superior do edifício da loja – foram divididas em oito salas temáticas. Na Sala Rafael estão peças que Rafael Bordallo Pinheiro fez numa época em que anunciou que iria dedicar-se à cerâmica depois de uma “zanga” com o jornalismo português e anunciou que se iria “tornar operário”.
Nas Caldas da Rainha revestiu com novas cores os modelos tradicionais e levou a arte da cerâmica até então nunca vista, como foi o caso da criação da imponente Jarra Beethoven.
Nesta exposição há um novo espaço dedicado à produção de Manuel Gustavo, que se comprometeu com o seu pai que continuaria a trabalhar na cerâmica. Para tal, teve que lutar arduamente e em simultâneo conseguiu criar o seu estilo próprio e o seu lugar como ceramista reconhecido. Manuel Gustavo criou na fábrica caldense peças que ainda hoje permanecem emblemáticas e que podem ser vistas numa segunda área.
Na sala “Sonhos de Barro” encontram-se as peças de louça comum que Rafael Bordalo Pinheiro tinha sonhado fazer na sua fábrica. Só que o mercado estava na época dominado pela porcelana e por isso o seu sonho não vingou. Tal como se poderá observar nas decorações as peças conservam a actualidade pois ganham vida e cor com varinas, barcos, mariscos ou a Torre de Belém.
Na área designada “O Sabor das Emoções” estão presentes peças referentes a mais um dos objectivos de RBP: criar serviços de mesa e peças utilitárias. O artista fê-lo, acrescentando criatividade e novos cores aos peixes, couves das Caldas e terrinas com animais.
Segue-se “A Natureza Bordaliana” que guarda peças como os animais gigantes. Para os criar Rafael Bordalo Pinheiro levou, muitas vezes, a arte e as técnicas de fazer cerâmica até aos seus limites. Na sala “Mil Caras” destacam-se as caricaturas bordalianas que muitas vezes ganharam vida na cerâmica após terem “nascido” no papel. Além do Zé Povinho estão presentes as famosas figuras de movimento para as quais também contribuiu o sobrinho de Bordalo, Vasco Lopes de Mendonça.
Segue-se uma área dedicada aos azulejos, feitos por Rafael e pelo filho e que revestiram paredes de casas emblemáticas como o Palácio Beau-Séjour ou a Casa Roque Gameiro, em Lisboa. Por último na “Fábrica do Mestre” estão presentes as ferramentas e os utensílios usados para a criação das obras. O segredo estava na composição do barro, na arte de o moldar e no ofício da produção dos vidrados.
Para já, as visitas à Casa Museu São Rafael são feitas para pequenos grupos e com marcação prévia através do telef. 262839380.






























