Antigo ministro da Justiça voltou às origens para apresentar o mais recente romance. O livro foi, aliás, quase integralmente escrito na Nazaré
A pandemia levou Álvaro Laborinho Lúcio a refugiar-se na Nazaré e foi durante o primeiro confinamento, em 2020, que o romance “As sombras de uma azinheira” começou a ganhar forma. Embora a obra já tenha sido apresentada em várias pontos do país, o antigo ministro da Justiça decidiu, por isso, voltar a casa, na tarde do passado sábado, para apresentar o livro numa Biblioteca Municipal José Soares que encheu para escutar o autor. E deliciar-se com o humor desconcertante de um homem singular.
Coube à amiga Rosa Soares Nunes apresentar o livro. E a antiga colega de escola, com quem Laborinho Lúcio partilhou o trajeto de comboio entre Valado dos Frades e as Caldas, rendeu-se ao trabalho daquele que considerou ser “um cientista da vida”. O romance “dá que pensar”, afirmou a professora auxiliar da Universidade do Porto.
“Este romance é uma tentativa de escutar melhor”, resumiu a nazarena, autora de “Nada Sobre Nós Sem Nós” (2005), livro sobre a obra de Boaventura Sousa Santos.
Para o presidente da Câmara da Nazaré, o facto de a Biblioteca Municipal estar quase lotada “demonstra a grande personalidade que é Laborinho Lúcio”. Walter Chicharro deixou rasgados elogios ao antigo governante, o qual, na sua alocução, não escondeu a emoção de estar perante familiares e amigos. “Esta é a terra onde me sinto eu”, explicou o fundador do Centro de Estudos Judiciários, antes de recordar um episódio com Jorge Sampaio, quando o então Presidente da República o convidou para ministro da República nos Açores. “Perguntou-me se tinha alguma experiência sobre regiões autónomas, ao que respondi: ‘Então, não tenho, sr. Dr? Sou da Nazaré! É bem mais difícil ser cidadão na Nazaré do que ministro nos Açores”…
Voltando ao livro, o juiz conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça explicou que “As sombras de uma azinheira” resultou da vontade de “introduzir a ficção sobre a realidade”, tratando-se de um romance estimulado pelos 50 anos do 25 de Abril”, sendo um balanço “entre o que está firmado antes do 25 de Abril e depois”. A leitura é recomendada. ■































