Casa cheia para conhecer os “olhares” de João Martins Pereira

0
835

1-responsaveisAbriu ao público a 11 de Julho, no Museu do Ciclismo, a exposição de fotografia de João Martins Pereira. Muito amigos e familiares do caldense reuniram-se na inauguração de “Olhar outros Olhares”, uma iniciativa que faz parte do programa do 90º aniversário da Gazeta das Caldas.
No próximo dia 25 de Julho, pelas 17h00, decorrerá uma conversa sobre a fotografia de viagem que vai contar com João Martins Pereira e outro fotógrafo que se dedica a este tipo específico de imagem.
Ao todo estão presentes 40 retratos que o caldense registou em vários países. Podem ser apreciadas imagens de crianças, jovens e adultos da Tanzânia, Etiópia, Nepal, Vietname, Angola, Indonésia, China e Índia. Retratos expressivos, marcados pelas circunstâncias da vida. Mas há também a ternura entre familiares e o orgulho em mostrar pinturas e adereços, típicos das suas tribos como é o dos pratos labiais que exigem que se partam os dentes do maxilar inferior da pessoa para o encaixar. O caldense captou alguns destes indígenas que vivem em tribo, no Vale Omo, na Etiópia. Nessa região, o caldense ainda captou a expressão de uma criança, doente com malária, que ficou de quarentena à entrada de uma aldeia de uma outra tribo.
Presente na inauguração, o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, salientou a dinâmica do Museu do Ciclismo pela regularidade dos seus eventos e também a Gazeta das Caldas pelas iniciativas do seu 90º aniversário. “Uma comemoração importante para a cultura local e para a comunidade caldense”, sublinhou.
Apesar de ainda não conhecer o autor, o presidente da Câmara destacou o retorno de João Martins Pereira à sua terra natal “e a sua vontade em realizar iniciativas, contribuindo para a dinâmica cultural da comunidade”. Salientou também a qualidade das imagens “bem patente na forma como foi  captada a expressividade de cada rosto”, disse.
O edil ainda referiu que o Museu do Ciclismo se encontra à disposição para este tipo de iniciativas.
Emoção é a essência da fotografia

João Martins Pereira referiu-se às 40 imagens captadas nas suas viagens no quotidiano daquelas pessoas. Não se tratando de fotos de estúdio, sendo retrato captado nas viagens, “o que eventualmente se perde  em qualidade técnica, ganha-se no captar da espontaneidade e da emoção”.
O fotógrafo diz que numa imagem há três visões: a de quem fotografa, a do fotografado e, por último, a de quem exteriormente a analisa a posteriori. “E aí é preciso que a imagem lhe passe qualquer tipo de sentimento pois essa é a verdadeira essência da fotografia”, rematou.

Passado e presente

- publicidade -

José Luís Almeida Silva, director da Gazeta, referiu ainda que há 43 anos, quando o edifício albergava o Salão do Turismo, ali se realizou em Junho, a primeira Mostra de Fotografia organizada pelo Conjunto Cénico Caldense. Sob o tema “Como vive o Homem”,  dela fizeram parte imagens de Eduardo Gageiro, António Cardoso, José de Sousa, Orlando Batista, Vítor Sales, Mário da Silva, Mário Tavares, Micael Faria, José Ferraz, Linda Jones, Humbeto Nunes, José Netas Neves, Horácio da Cruz, António Silva, entre tantos outros.
A Pide/DGS – após uma queixa anónima – visitou e não gostou do que viu, tendo produzido um relatório sobre a exposição organizada pelo Conjunto Cénico Caldense, sediado na Casa da Cultura e que era descrita como um “clube que tenta movimentar toda a actividade de formação politica oposicionista daquela cidade”. Além do mais, incluía imagens que retratavam pessoas “que vivem em barracas e cujas condições se revelam miseráveis, mostrando indivíduos aparentemente bêbados, deitados no chão e muitos outros aspectos da vida portuguesa que se parecem negativos e a merecer reparos”, pode ler-se no relatório da Pide.
Aquela exposição também foi acompanhada por música. Diz-se no relatório que ali tocaram discos de Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco e do Padre Fanhais. Soube-se que as cantigas tinham sido proibidas pelo presidente da Câmara, mas que os organizadores da mostra “não ligaram importância à proibição, nem reconheciam quem a tinha proibido”.
José Luís Almeida Silva fez uma ligação entre a mostra que ali decorreu há 43 anos, com esta de João Martins Pereira, dedicada às viagens mas com o propósito comum de dar a conhecer o outro.
A do CCC dava a conhecer os portugueses de 1972 numa mostra colectiva enquanto que, em 2015, no mesmo edifício, um caldense dá a conhecer rostos de todo o mundo, que recolheu nas andanças efectuadas pelos vários continentes, nos últimos anos.
“Olhar outros Olhares” de João Martins Pereira poderá ser vista de terça a sexta-feira entre as 10h00 e as 12h30 e entre as 14h00 e as 17h30 (encerra às segundas-feiras) até ao próximo dia 26 de Julho.
O Museu do Ciclismo fica na Rua de Camões, em frente ao Parque D. Carlos I.

Teatro da Rainha regressa à Casa da Cultura

Nos dias 24 e 25 de Julho, à noite, o Teatro da Rainha vai voltar à Casa da Cultura onde irá representar a peça “Kabaret Keuner e outras histórias” de Brecht. O retorno da companhia residente das Caldas da Rainha ao local onde esta teve início, “é importante para nós”, disse José Carlos Faria, um dos responsáveis do grupo de teatro.
O regresso àquele espaço só se tornou possível depois de a Junta de Freguesia ter feito uma intervenção mínima de obras que ali permite a representação teatral. “Será representada entre muros, do lado direito do Céu de Vidro, numa zona sem telhado”, esclareceu o presidente da Junta, Vítor Marques, interessado na dinamização cultural e em se unir a esta parceria com a Gazeta das Caldas e o Teatro da Rainha, numa iniciativa  que tem por objectivo assinalar o 90º aniversário deste semanário.

- publicidade -