Carlos Mingote fará um ardina para celebrar 100 anos da Gazeta

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Artista local fará a escultura de um vendedor de jornais que será colocado nas proximidades da sede da Gazeta das Caldas, semanário que está a celebrar o seu centenário

Carlos Mingote, após se ter reformado como técnico oficial de contas da fábrica Secla, decidiu dedicar-se às artes.

É de sua autoria uma escultura de um ardina que o artista terá todo o gosto em reproduzir numa escala maior e que será colocada no espaço público da cidade.

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Esta será mais uma forma de assinalar o centenário da Gazeta das Caldas e que assinala a importância das notícias e da informação. É com muito gosto que o autor aceitou este desafio de colaborar com este semanário , “pois sou assinante da Gazeta desde que vim morar para as Caldas”.

Carlos Mingote, 78 anos, pertence a coletivos caldenses que se dedicam à pintura, à escultura e também chegou a fazer algumas peças em cerâmica.

Atualmente um pouco afetado por problemas de visão, Carlos Mingote não se deixou abater nem de criar por causa deste problema de saúde. Depressa resolveu o problema passando então a dedicar-se à escultura. E faz um trabalho interessante: as figuras que já pintou está agora a passá-las à tridimensão, dando assim volume a muitas das figuras feitas em resina acrílica.

Assim aconteceu com figuras como a nazarena, o forcado, o campino, o pescador, o pastor, fadistas e ciclistas.

Em relação à peça do ardina, Carlos Mingote explicou que quando morava na Covilhã, ainda criança, se lembra claramente desta figura que ia distribuir os jornais na zona onde este morava. “A minha mãe comprava o Século e era o ardina que o vendia na zona onde morava”, disse o autor que fez a primeira escultura com base nessa memória de infância.

Não lhe falta o boné nem a bolsa onde se transportavam os jornais.

A primeira escultura já tinha sido feita e mede à volta dos 70 centímetros.

A ideia agora para celebrar o centenário da Gazeta das Caldas é poder passar a bronze esta escultura e dar-lhe alguma dimensão passando a ser uma escultura com perto de dois metros de altura.

O artista inicia a estrutura das suas esculturas em arame, usa papel (incluindo papel de jornal), fita cola e depois revestindo a estrutura com a resina acrílica. “Depois é feita a pintura a gosto, algumas ficam muito parecidas com o bronze”, explicou o autor.

Esta técnica, que funciona por camadas, requer várias horas de trabalho e foi iniciada por este autor, na altura do confinamento obrigatório.

Carlos Mingote continua a frequentar a “Oficina de Escultura”, o ateliê onde aprende a dominar as mais variadas técnicas artísticas sobretudo relacionadas com a escultura. As sessões decorrem uma vez por semana em Alvorninha onde o artista Renato Franco possui uma fundição. “Fomos alunos nos cursos do Centro de Artes e mantemo-nos desde 2008”, contou o autor.

Uma das ideias que gostaria de levar a avante era fazer uma exposição onde apresentaria as suas pinturas e as esculturas das figuras que criou ao seu lado.

Outra das suas esculturas, o pastor da Serra da Estrela, que tal como o ardina também mede cerca de 70 centímetros, contou com o interesse da Câmara Municipal da Covilhã que futuramente poderá também tornar-se numa obra de arte pública.

A última escultura que Carlos Mingote realizou, feita em poliuretano, representa uma atleta que se encontra a fazer esqui. E já pode ser vista na garagem deste autor que a transformou numa espécie de galeria privada pois é lá que vai reunindo as suas obras.
Carlos Mingote passou a dedicar-se às artes em 2003 como forma de ocupar o tempo livre, após se ter reformado. No entanto este passatempo acaba agora por ser uma ocupação a tempo inteiro para este autor. Carlos Mingote explicou que as peças que cria são únicas. O autor, que tem vendido trabalhos para todo o país, está disponível para participar em exposições.

Natural da Covilhã, Carlos Mingote veio viver para as Caldas em 1976, tendo sido técnico oficial de contas da Secla até 2003. O autor apostou em formações e integra coletivos que se dedicam às artes. Começou por se dedicar à pintura, mas passou para a escultura. O seu trabalho já foi distinguido com três prémios atribuídos pela revista francesa “Artistes Magazine”. O autor gostaria de continuar a dar a conhecer o seu trabalho na região e no país.
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