“Paródias nas Caldas” é como se designa a exposição de caricaturas de Rui Pimentel, que abriu ao público a 1 de Fevereiro, no Museu de José Malhoa. A inauguração contou com a presença de Artur Corte-Real, director dos Bens Culturais da direcção regional de Cultura do Centro (DRCC), que está a implementar mudanças nos museus do Oeste, agora agrupados sob a alçada daquela entidade. Há várias novidades que visam atrair mais gente aos museus, desde novos produtos nas lojas até à abertura de cafetarias, tudo em nome de uma maior atracção dos visitantes aos espaços museológicos.
As caricaturas de Rui Pimentel já foram apresentadas em Estremoz e na ilha do Pico (Açores). Depois das Caldas da Rainha vão continuar o périplo pelos museus do centro do país, devendo ser agora apresentadas em Castelo Branco e em Viseu.
Entre os trabalhos que foram publicados pelo cartoonista entre 1987 e 2007 em O Jornal e depois na revista Visão, há uma caricatura inspirada no Fado de José Malhoa e dois Zé Povinhos. Um foi propositadamente criada para esta mostra no Museu de José Malhoa e dá vida ao poster da exposição.
“Tenho muito gosto em expor neste museu, que teve um trabalho de requalificação fantástica”, disse o arquitecto-cartoonista Rui Pimentel.
“São os meus filhos”, disse o autor, em relação às 32 caricaturas que contam uma parte da história contemporânea, sobretudo relacionada com a política nacional. “Tenho uma predilecção pela arte, logo gosto de usar grandes obras da pintura como cenários das minhas caricaturas”, disse Rui Pimentel, que dá novas interpretações a obras de Goya, de Leonardo da Vinci e de Manet, onde surge uma galeria de políticos como Cavaco Silva, Sócrates, Guterres ou Jorge Sampaio. Também os painéis de S. Vicente de Nuno Gonçalves ganham novos significados relacionados com a politica portuguesa. E depois há o cinema: “Os Pássaros” e “Casablanca” servem também de base para os seus desenhos.
Durante a inauguração, o autor desenhou ao vivo uma caricatura de Artur Corte-Real, baseando-se numa peça de cerâmica e dando uma nova dinâmica à abertura da mostra. Desenhar pessoas ao vivo é algo que Rui Pimentel costuma fazer no Festival da Amadora e que muito lhe agrada.
O artista trabalhou para jornais e revistas durante 20 anos e várias vezes recorreu à figura do Zé Povinho. Tem por isso algumas dezenas de obras com a figura criada por Bordalo Pinheiro e irá expô-las nas Caldas no próximo ano.
Depois das caricaturas de Rui Pimentel que foram publicadas no O Jornal e na Visão, Corte-Real contou que para 2014, o caricaturista dará a conhecer pelos Museu do Centro os seus trabalhos dedicados ao Zé Povinho.
“Os museus andam tristes e despidos de gente”
“Os museus andam tristes, isolados e despidos de gente. Precisam dos risos das crianças. Não podem ser espaços sorumbáticos, vazios e de silêncio”. Palavras de Artur Corte-Real, director dos Bens Culturais da DRCC e que se ocupa da mudança que está em curso nos museus que se encontram agora na dependência daquela direcção.
Este responsável, que está ligado ao museu de Santa Clara, em Coimbra, quer operar mudanças nos museus do Oeste e sobretudo construir programações que atraiam os visitantes. Para tal, conta com os Grupos de Amigos dos Museus e com as autarquias para apoiar a DRCC na circulação de exposições, por exemplo. “A programação de exposições transregionais e itinerantes já começou e temos programação para os museus para todo o ano”, disse o responsável, acrescentando que, depois das caricaturas de Rui Pimentel, a próxima mostra “Figuras do Mosteiro” (que teve origem em Coimbra e que é composta por trabalhos em vídeo, fotografia e escultura) vai em breve se apresentada nas Caldas.
No mês de Março será apresentado o conceito identitário das lojas dos museus caldenses, que terão como figuras cimeiras, José Malhoa e Rafael Bordalo Pinheiro. Serão eles que também vão constar em toda uma nova linha de merchandising que será “atractiva” e permitirá ao visitante adquirir produtos relacionados com a histórias das regiões que visita. O responsável espera que os produtos possam ser disponibilizados em Abril ou Maio.
Em curso está ainda uma reorganização das colecções do Museu de Cerâmica de modo a atrair mais visitantes e em breve aguardam-se também a parceria entre os museus e outras formas de arte como, por exemplo, o teatro.
A DRCC está também a estudar a possibilidade de instalar cafetarias nos museus do centro que entretanto dará também origem a uma nova marca “provando que efectivamente trabalhamos em rede”.
Por causa do mau tempo, o Museu da Nazaré irá fechar a curto prazo e vai mudar-se para espaços da Confraria N. Sra. da Nazaré. “Esperemos que possa reabrir no Verão pois tal como estava era um anti-museu”, disse o responsável.
Pinturas de Manuel Reys Santos doadas ao Museu
Foram doadas, ao Museu de José Malhoa, duas pinturas da autoria do já falecido artista plástico Manuel Reys Santos, galardoado com o Prémio Malhoa em 1962.
As duas obras foram doadas ao Museu Malhoa pela viúva do pintor, Maria de Lurdes Reys Santos. As duas obras designam-se “Árvore junto ao rio” e “Mercado das Caldas”.
A incorporação de bens culturais móveis nos acervos dos museus através de doação “merece um reconhecimento particular por parte do Estado, já que permite o alargamento quantitativo e qualitativo das colecções assim como a sua preservação”, afirmou Artur Côrte-Real, director de serviços dos Bens Culturais.
Este responsável destacou “a atitude e a generosidade de quem doa, num sentimento de desprendimento material e de sentido do usufruto colectivo”.
O Museu de Aveiro, também sob tutela da DRCC, recebeu um conjunto de cerâmicas que pertenceram a Túlia Cândida Alves de Morais Calado. Da doação fazem parte objectos do Japão e da China e há um núcleo de peças oriundas de Limoges.






























