Em São Paio de Oleiros (Santa Maria da Feira) há um presépio que em 2013 conquistou o recorde do Guiness para o Maior Presépio do Mundo em Movimento. Este ano um dos destaques são as imagens em movimento do Papa Francisco, que um grupo de caldenses ajudou a criar. Entre outros, foram criados também os personagens de Merkel, Mourinho e Fernando Mendes, por exemplo. Mas há muito mais para ver neste pequeno-grande mundo encantado, onde a mitologia se mezcla com cenários ligados à cultura e tradições portuguesas, como o Folclore, a Volta a Portugal relatada por um radialista, e as procissões.
Houve duas oficinas caldenses que participaram na criação das figuras para este presépio, uma perto do Nadadouro (dos irmãos Constantinos) e outra no Coto, de José Carlos. Foi pelas suas mãos que foi criado, em barro, o retrato pretendido, procurando sempre o maior realismo e o movimento. Tentam que, mesmo parado, o rosto pareça ter vida.
Constantino explicou à Gazeta que, no seu caso, junta várias expressões em vez de copiar uma só fotografia. E diz-nos que não costuma desenhar aquilo que vai fazer porque prefere fazer as figuras directamente no barro. “Os rostos mais lisos são mais difíceis que os mais preenchidos”, conta José Carlos, para quem o mais difícil é “apanhar a expressão e a forma do crânio”. Em todo o caso, este é um processo com muitas fases, todas elas muito delicadas.
De uma destas oficinas os bustos em barro seguem para uma outra, no Painho, onde dois jovens caldenses João e Filipe Santos, apoiados pelo pai, João Paulo Santos, criam em silicone aquelas que serão as figuras finais.
É que as figuras terão movimento no presépio e os bustos de barro são demasiado pesados. Assim, João e Filipe Santos, com o pai, João Paulo, tratam de envolver o busto de barro em gesso, para criar o molde, que é, então, cheio com silicone. Ali também são criadas as mãos para as figuras.
Filipe Santos explica que quando a peça é retirada do molde, vem com muitas bolhas de ar, que obrigam a que seja toda retocada. “Leva muito tempo”, assegura. Já João Santos considera que é mais prazeiroso fazer os bustos do que as mãos. “As mãos dão mais trabalho porque tem de ser o molde de uma mão verdadeira e tem de se passar para gesso, para fazer o molde e, só depois, fazer a peça em silicone”, explicou, apontando ainda os detalhes e pormenores como a parte mais complicada do trabalho. O maior desafio é reduzir o peso da peça, sem, no entanto, perder a consistência.
A partir daí vão para Santa Maria da Feira, onde o corpo – um esqueleto mecânico com motores – é criado e vestido. Os bustos são caracterizados, com maquilhagem, sobrancelhas, barba e cabelo reais. Criam-se os cenários e são lá colocadas as figuras.
Das Caldas já saíram as figuras de Fernando Mendes (apresentador), a irmã Lúcia, o Papa Francisco, Salazar, Amália, Eusébio, Mourinho e um pedinte. Mas também camelos e um burro.
O presépio da Cavalinho nasceu há 11 anos na sede da empresa Cavalinho, em São Paio de Oleiros (Santa Maria de Feira) e todo o trabalho é totalmente voluntário. A entrada é livre e todos os anos tem atraído a atenção de milhares de curiosos.
A combinação entre a tradição, a religião, a sátira e a modernidade são um dos factores de destaque, num presépio em que o cardeal José Policarpo dá a missa com o Papa Francisco, Amália canta o fado e um radialista relata a Volta a Portugal.
Nos seus 3500 metros quadrados conta com 10 quedas de água, sendo precisas várias toneladas de barro, areia, saibro e terra para a decoração. A mecânica é assegurada por 55 quilómetros de cabo eléctrico, 6000 lâmpadas LED e 150 sensores de movimento.






























