Caldense realiza filme sobre o Jornal do Fundão

0
837

Miguel Costa é o responsável pelo documentário que está a ser rodado no Fundão sobre o semanário local, fundado por António Paulouro, em 1946

Miguel Costa está a rodar um documentário sobre o Jornal do Fundão. À Gazeta das Caldas, o realizador explicou que este filme é uma encomenda da RTP2 que lhe pediu este filme sobre “um jornal importantíssimo do panorama português”.
Fundado por António Paulouro, em 1946, o semanário sempre defendeu “um jornalismo de causas e na defesa dos interesses da população da Beira Interior”, contou o caldense, que está a trabalhar neste filme que terá cerca de 50 minutos e que será apresentado na RTP2. O realizador gostaria que o documentário pudesse ser exibido ainda este ano.
A película terá uma parte onde se juntam factos históricos, documentais e testemunhos de responsáveis, mas também haverá alguns elementos ficionados e que têm por base algumas das crónicas que Miguel Costa considerou que são as mais importantes e que foram publicadas naquele jornal.
“Temos contado com a colaboração de toda a gente da região. As pessoas têm grande admiração pelo jornal”, frisou.

Luta pelos interesses da região
“A censura durante o Estado Novo andou sempre em cima deste semanário”, disse o realizador que, na sua pesquisa, encontrou a defesa dos trabalhadores das minas da Panasqueira afetados por doenças como a silicose (doença provocada pela aspiração por via respiratória da sílica) e que fizeram mobilizar aquela publicação na defesa dos mineiros.
O difícil acesso à região e a luta pela construção do Túnel da Gardunha foram outros temas constantes pela qual o Jornal do Fundão se bateu.
Outra das áreas em que este jornal se distinguiu foi com um suplemento cultural e literário, em que participou boa parte dos intelectuais portugueses e alguns estrangeiros.
Por causa de um escritor, o semanário chegou inclusivamente a ser suspenso. Em 1965, o escritor Luandino Vieira foi o vencedor do Grande-Prémio de Novela, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Escritores. Só que o autor estava, então, preso no Tarrafal por atividades subversivas e o Estado Novo tentou abafar o facto de o escritor ter sido distinguido.
O Jornal do Fundão decidiu, ainda assim, noticiar o prémio e a publicação foi suspensa durante seis meses. “Durante esse período, Paulouro manteve os salários da equipa do jornal”, lembrou.
Miguel Costa terá mais um filme a ser exibido a 24 de outubro na RTP2 sobre a vida do editor Lyon de Castro.
Naquele canal foi recentemente exibido outro filme que o caldense dedicou à vida e obra da pianista Olga Prats, personalidade que faleceu recentemente. ■

- publicidade -