Caldense prestou provas de doutoramento e obteve nota máxima

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A arquivista caldense (ao centro) é também membro da direção do grupo de estudos Património Histórico

Joana Beato Ribeiro prestou provas na Universidade Nova na área do arquivo histórico

A caldense Joana Beato Ribeiro defendeu recentemente as provas de doutoramento em História, especialidade em Arquivística Histórica, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e fê-lo sobre o arquivo de Fernando da Silva Correia (1893-1966), o médico e investigador que teve um papel de destaque nas Caldas, nos anos 40 do século passado.

Com este trabalho académico, a caldense propôs-se a abordar de que forma foi tratado e organizado o arquivo desta personalidade e também mostrou de que forma pode a correspondência ser usada como base de investigação. “É um bom ponto de partida para quem quiser consultar aquele arquivo”, disse a historiadora que se tem dedicado ao estudo do arquivo de Fernando Correia que está sob a guarda do Grupo de Estudos Património Histórico.

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“O arquivo possui 13 mil documentos e perto de dez mil são cartas”, disse a investigadora acrescentando que foi possível ter conhecimento de métodos de estudo e que não estão presentes em artigos científicos.

É através das cartas que é possível saber que o médico fez investigação sobre a Rainha D. Leonor no arquivo do conde de Sabugosa, “para dar apenas um exemplo do que se pode ficar a saber através das missivas”. Para Joana Beato Ribeiro “ainda há muita investigação relacionada com este arquivo para fazer”, referiu a autora. Ao longo da realização do seu trabalho académico, a caldense participou em encontros internacionais, um deles em Londres sobre personalidades científicas europeias.

A investigadora obteve nota máxima por unanimidade e teve que responder às questões colocadas por oito membros do júri. “Foram três longas horas, duras, que correram muito bem”, disse a historiadora que gostaria de futuramente publicar parte da tese, relacionada com as Caldas onde há novos factos sobre várias entidades locais daquela época.

O seu doutoramento foi iniciado no ano letivo de 2019-2020 e também obteve bolsa da Fundação de Ciência e Tecnologia para realizar este estudo.

“Consultei muito a Gazeta das Caldas”, referiu a historiadora, que fica a saber mais sobre a vida deste multifacetado médico, enquanto viveu nesta região. Além de ter escrito sobre a região, foi delegado de saúde (a partir de 1921) e que esteve nas Caldas entre 1919 e até 1945. Fernando da Silva Correia deixou de ser delegado de saúde em 1934 mas manteve-se ligado às Caldas até à década seguinte visto que era, por exemplo, o diretor do Posto de Socorro dos Comboios de Portugal e foi diretor do Balneário das Águas Santas e do laboratório municipal. Foi também médico da Misericórdia e do Lactário Creche Rainha D. Leonor e ainda do Dispensário de Profilaxia Social, que foram todos fundados pelo médico.
Através da correspondência foi possível saber que uma das áreas de interesse era o odontologia e que este também trabalhou como oftalmologista. Também trocava cartas com alguns espanhóis, uns médicos outros utentes. “Há pedidos para que este facilite a estadia nas Caldas para fazer termas ou até mesmo a entrada no Hospital Termal”, contou Joana Beato Ribeiro acrescentando que o médico teve um papel importante nas Caldas e também a nível nacional.“Ele envolveu-se em questões ligadas à saúde escolar e à assistência social”, disse.

Além de ter sido um dos fundadores da Gazeta das Caldas, Fernando da Silva Correia publicou 350 títulos (livros ou artigos). Também teve um papel importante na Ordem dos Médicos. Esteve na 1ª Guerra Mundial e aconselhava o tratamento com as águas do Hospital Termal caldense aos soldados gaseados.

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