Na apresentação esteve Henrique Fialho, o organizador do ciclo de poesia, o autor José Ricardo e o editor, Mário Galego

O compositor Carlo Gesualdo (1566-1613) e o pintor Caravaggio (1571–1610) viveram vidas no limite. Assassinatos por amor e brigas, prisão e fuga fazem parte dos percursos destes homens do final da Renascença e que foram retratados no último livro de poesia do caldense José Ricardo Nunes, apresentado a 28 de Janeiro, no Teatro da Rainha

“Si dispensa dai fiore” (volta d’mar) é o mais recente livro do poeta José Ricardo Nunes, apresentado a 28 de Janeiro, em mais uma sessão do ciclo de poesia Diga 33, que teve lugar a 29 de Janeiro, no Teatro da Rainha. Na sessão participaram o organizador do ciclo, Henrique Fialho e o editor da volta d’mar, Mário Galego.
O caldense dedicou esta obra ao compositor Carlo Gesualdo (1566 – 1613) e ao pintor Caravaggio (1571 – 1610) que viveram vidas no limite no final da Renascença. Segundo o autor, na nova obra guardam-se poemas dedicados à recriação biográfica dos dois autores que viveram vidas no limite na Itália do final da Renascença e início do barroco. O primeiro, o compositor e príncipe Carlo Gesualdo matou a mulher e o amante pois apanhou-os em flagrante delito. Segundo o poeta, “era um artista perturbado mas que compôs música admirável e muito avançada para a época”, disse José Ricardo Nunes acrescentando que a sua música veio a ser reconhecida mais tarde por outros autores como Stravinsky que inclusivamente fez algumas visitas ao castelo onde viveu Gesualdo.
A segunda parte do livro “Si dispensa dai fiore” é dedicada a Caravaggio que também apesar de ter atingido grande fama com a sua pintura, usava como modelos prostitutas, ladrões e bandidos. E apesar das suas notáveis obras, “de um grande realismo e até crueza, levou uma vida difícil”. Segundo o poeta – que fez aturada pesquisa sobre ambos, tendo-se deslocado às localidades onde viveram durante o Verão – “é um desordeiro, sempre metido com problemas com a policia, tendo chegado a matar uma pessoa em lutas entre grupos rivais”. Caravaggio foi condenado pelo Papa e segundo o poeta teve que fugir de Roma. Contudo foi preso e mais tarde fugiu da prisão. “E quando e está próximo de obter o perdão do Papa, morre em circunstâncias misteriosas, numa localidade portuária, próxima de Roma”, disse o poeta que ainda juntou mais alguns versos sobre morte e ressurreição. O poeta deslocou-se a Itália e passou por sítios e localidades por onde viveram os dois italianos, alvo da sua poética.

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