O filme Palácio de Cidadãos foi visto por 375 pessoas ao longo do dia 8 de outubro no CCC. Durante o dia, as sessões escolares esgotaram e à noite houve visionamento e debate com o público geral
“O Palácio de Cidadãos” é o último filme do realizador caldense, Rui Pires e foi filmado durante um ano – entre 2018 e 2019 – na Assembleia da República. O autor esteve nas Caldas, a 8 de outubro, no CCC e gostou de ter contado com as sessões com alunos do secundário e do ensino profissional e que lotaram o pequeno auditório do centro cultural.
“Para alguns foi a primeira vez que contactaram com a realidade do Parlamento”, disse o caldense, autor deste filme de duas horas.
No total, “O Palácio de Cidadãos” foi assistido nas Caldas por 375 pessoas: duas sessões de 150 alunos das escolas caldenses e 75 que vieram à noite assistir e debater o filme com o autor.
O documentário apresenta as mais variadas situações e como há barreiras aos processos. Numa delas, relativa à aprovação da lei de bases para a habitação é notório que “há deputados que querem fazer a mudança ao passo que há outros que fazem com que estas não funcionem”, disse o autor que filmou durante 150 dias, tendo agora mais 400 horas de gravações onde não faltam votações, comissões de especialidade, petições e manifestações no exterior da Assembleia. E permite-nos ver os deputados dos diferentes partidos e os assuntos a que se dedicam, dando a conhecer o funcionamento de uma instituição que impacta diretamente na vida dos seus cidadãos, com o debate de assuntos relacionados com os direitos à habitação, com a saúde e com o trabalho.
O documentário dá uma visão sobre como se constrói uma sociedade, a partir do interior de um parlamento, procurando desta forma “a essência da democracia”, referiu o autor que respondeu a todas as questões colocadas pelo público que assistiu à última sessão no dia 8 de outubro. Com os presentes, Rui Pires partilhou que “a política não é um lugar de privilégio “ e com o material que filmou seria possível dar a conhecer outras vertentes da vida parlamentar. Partilhou ainda que numa primeira versão “O Palácio dos Cidadãos” tinha três horas e meia, o que significaria “pedir demasiado às pessoas” e por isso a versão final ficou com apenas duas horas.
Apesar do cada vez maior afastamento entre representados e representantes, o documentário “O Palácio dos Cidadãos” acaba por ser um documento que mantém atualidade e deixa ver as limitações e complexidades do sistema que permite dar corpo ao sistema democrático.
O filme de Rui Pires foi o vencedor do Prémio Max – Para Melhor Filme da Competição Portuguesa (Doclisboa, Portugal’24) e marcou presença no Dokumentarfilmwoche Hamburg, (Alemanha’25) e no Festival Cinematográfico de Uruguay.
Esteve ainda em festivais ou eventos de cinema em Buenos Aires na Argentina, Santiago do Chile, Bogotá na Colômbia, Quito no Equador e para a Cidade do México. Foi visto também em Macau, no final de setembro, numa iniciativa do Doclisboa’24 – Macau extension e incluiu uma palestra do realizador caldense para os alunos do secundário da Escola Portuguesa de Macau.
Rui Pires está já a trabalhar num novo projeto. O caldense na fase de montagem do seu Palácio contactou com Museu do Aljube, sobretudo com as memórias e histórias de mulheres, passadas antes do 25 de abril. Interessou-se pelos relatos das mulheres das casas clandestinas do PCP que se destinavam a garantir a segurança dos seus membros ou até locais de impressão. “Elas incarnavam personagens com uma aparência de normalidade, de boas donas de casa que justificavam perante a vizinhança e que justificavam o facto de ter maridos ausentes pois estes eram caixeiros viajantes”, exemplificou o realizador que está a trabalhar na recolha de muitas histórias de mulheres que viveram na clandestinidade e que hoje têm 80 anos. “Temos 48 anos de resistência em Portugal e muitos percursos de mulheres para conhecer”, afirmou o autor que continuará o seu périplo por todo o país, dando a conhecer o que se passa na Casa da Democracia Portuguesa e por poder debater com o público as várias temáticas do documentário. O filme já foi visto em Lisboa, Elvas, Lamego, e Almada, além de ter marcado presença no circuito internacional dos festivais. Depois das Caldas da Rainha, o Palácio dos Cidadãos segue caminho para ser exibido e também debatido em Águeda, na Moita, em Leiria e em Loulé.

































