Caldense dá cartas na cerâmica contemporânea

0
1060
Gazeta das Caldas

1-AutorasExposicao“Femina” é como se designa a exposição de Ana Cruz e de Maria de Betânia, na Galeria Abraço, em Lisboa.
Trata-se de uma mostra sobre o sentir feminino com a transposição para a cerâmica de peças relacionadas com o quotidiano das mulheres e que pode ser apreciada até ao dia 16 de Maio. Esta realização deu mote a uma conversa com Gazeta das Caldas já que uma das autoras, Ana Cruz é caldense e tem projectos que gostaria de desenvolver na sua terra natal.

 

É na Galeria Abraço que pode ser apreciada uma mostra invulgar. Dela fazem parte peças em cerâmica do quotidiano das mulheres. Coisas banais que ganharam forma na cerâmica, como meias ou peças de roupa interior, entre tantos outros objectos do dia a dia. As autoras de “Femina” são pois a caldense Ana Cruz e Maria de Betânia, formadas nas Belas Artes de Lisboa e que trabalharam em parceria no atelier de cerâmica da faculdade.
Ambas têm 31 anos e dedicam-se à cerâmica. Têm o seu trabalho individual mas desenvolvem em conjunto projectos para bienais, exposições e residências artísticas. Para estas obras usam pastas de alta temperatura como o grés e a porcelana e dedicam-se à modelação e decoração com vidrados bem como à cerâmica figurativa conceptual. Têm vindo a somar prémios a nível nacional e internacional, entre os quais o 1º Prémio na Bienal de Esplugues – Barcelona, ao passo que individualmente também têm menções honrosas em eventos da área a nível ibérico.
Ana Cruz e Maria de Betânia, além do seu trabalho artístico, dinamizam ateliers de artes plásticas com pacientes psiquiátricos em instituições de Saúde Mental Comunitária.
As autora consideram que a cerâmica “é cada vez mais um meio privilegiado de expressão na escultura contemporânea e que se encontra em expansão”. Acham ainda que, no país, se regista um crescimento na área da cerâmica de autor mas “muito ligado à cerâmica utilitária e artesanal”. Ana Cruz e Maria de Betânia acham que em Portugal o conceito de cerâmica artística contemporânea “ainda não existe”, pois “continua a estar muito conotada com o Artesanato e nunca como Arte Contemporânea”. Como tal, as artistas plásticas consideram que “ainda há um longo caminho a percorrer até se viver um bom momento da cerâmica artística contemporânea no nosso país”.

- publicidade -

Caldense na Academia Internacional de Cerâmica

A caldense Ana Cruz há muito que acompanha a tradição cerâmica nas Caldas da Rainha. A autora, que é membro da Academia Internacional de Cerâmica, com sede em Geneve (Suiça), frequentou acções de formação no Cencal, o que lhe permitiu “uma maior proximidade à cidade, aos ceramistas locais e um conhecimento mais abrangente das técnicas utilizadas”, disse a autora à Gazeta.
A autora classifica o Cencal como “uma escola de excelência, com óptimas instalações e formadores” e acrescentou que está sempre atenta à programação pois “pretendo continuar a realizar formações que sejam pertinentes para o meu trabalho”.
Também conhece e acompanha o trabalho artístico de alguns ceramistas locais. A autora aprecia a cerâmica bordaliana, salientado “a tradição popular naturalista e o rigor técnico”.
Ana Cruz referiu também que gosta da produção da Secla, da Bordalo Pinheiro e da Braz Gil Studio. Conhece também vários artistas locais tendo feito referência a Mário e Vítor Reis, Umbelina Barros, os irmãos Constantinos e Ferreira da Silva.
Ana Cruz quer realizar iniciativas na sua terra natal e em conjunto com mais três ceramistas locais já apresentou um projecto para a dinamização de um atelier no Centro de Artes. “O intuito é podermos realizar os projectos individuais, organizar workshops, encontros e exposições abertos a população”, rematou a jovem.
A mostra “Femina” poderá ser vista até ao dia 16 de Maio, na Galeria da Abraço no Poço de Borratém, 39, em Lisboa.

 

- publicidade -