Caldense abre galeria de antiguidades em Lisboa

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“Milagre das Rosas” é como se designa a galeria e showroom que fica na Rua da Vinha nº 26, no Bairro Alto, em Lisboa, inaugurado no passado dia 15 de Maio na capital.
Trata-se do segundo espaço dedicado às antiguidades, do caldense Jorge Ferreira, que deixou a sua carreira na indústria farmacêutica para dar asas à sua paixão pelas artes e que reúne obras nos mais variados materiais, mas dando a primazia à cerâmica caldense.
E como lhe surgiu esta oportunidade de criar um segundo espaço, de maior dimensão, com 190 m2, no Bairro Alto, a seguir a outro mais pequeno na Rua D. Pedro V, lançou-se neste projecto.
Nesta nova galeria há importantes peças de pintura, vidro, desenho e cerâmica e há um bar, usado nas inaugurações, onde “tentei recriar o ambiente do Café Central dos anos 70”. Presentes estão trabalhos do escultor Martins Correia, de Figueiredo Sobral, pintor que viveu vários anos nas Caldas, bem como versos de Luiz Pacheco inscritos naquele espaço dedicado ao comércio das artes. Há também versos deste autor maldito grafitados no exterior da galeria tal como a invocação da louça das Caldas.
Várias obras de Ferreira da Silva povoam esta galeria já que é um autor que o coleccionador muito admira e “que me ensinou muito sobre o mundo artístico”, disse. No pátio exterior do “Milagre” há decorações deste artista caldense multifacetado e além de obras mais recentes da Colecção Ferreira da Silva/Cencal,  há uma espécie de “altar” dedicado à sua obra onde podem ser apreciados (e comprados) exemplares produzidos no Estúdio Secla “nos tempos gloriosos”. Há, por exemplo, uma linha de candeeiros que este artista criou naquela importante unidade industrial caldense. Ainda poderá ser apreciado um galheteiro assinado FS dos tempos da Ceramex, uma empresa que existiu na Benedita e onde Ferreira da Silva trabalhou depois de sair da Secla nos anos 70.
Ali também se podem encontrar trabalhos de Leonel Cardoso e obras contemporâneas de pintura de autores como Pedro Tudela.
Nas paredes há outras obras de artistas desta região como de Rogério Conceição de cobre martelado e também alguns trabalhos desta técnica, da autoria de Jorge Almeida Monteiro (Bombarral).
Entre a cerâmica há ainda peças experimentais de Querubim Lapa (de matriz Picasso), outras de Aldina Costa e de Maria de Lurdes Castro, além de um conjunto de cerâmica variada, figurado de Barcelos.
“Tenho também vários exemplos da cerâmica modernista portuguesa”, contou Jorge Ferreira acrescentando alguns autores e fábricas como Armando Correia, Manuela Madureira, Maria de Lourdes Castro, Artur José e ainda das Fábricas de Sacavém e  Viúva Lamego.
Há peças de Armando Correia e do seu pai, Avelino Correia, de Júlio Resende, além de peças de cerâmica artística caldense com exemplares de Bordalo Pinheiro e do seu filho Gustavo, Avelino Belo, J. Alves Cunha, J. Francisco de Sousa, Eduardo Elias, António Alves Cunha, Áfonso Angélico e de José Belo. O marchand caldense vende também esculturas de Heine Senke,  obras de cerâmica de Hansi Stael (directora artística húngara da Secla). De Alcobaça, Jorge Ferreira tem neste seu novo espaço peças de Raul da Bernarda e ainda oriundas da Olaria de Alcobaça.

A galeria tem um pátio, também ele cheio de obras de arte
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Sobre a inauguração da galeria, o caldense diz que “os que vieram não compraram obras e que os que habitualmente compram, não vieram”. E por isso convida a que se vá até à capital conhecer o seu espaço, povoado com memórias e obras de tantos artistas das Caldas ou que por cá residiram.
No dia da inauguração passaram pela Galeria muitos coleccionadores e outros marchands das antiguidades, bem como vários caldenses que apreciaram bastante aquele novo espaço que reúne uma variedade surpreendente de obras de autores portugueses e estrangeiros, principalmente ceramistas caldenses.

Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt

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