Os ensaios começaram a 12 de Setembro e, desde então, o pequeno auditório do CCC tem sido a segunda casa de 20 jovens, pelo menos durante as sessões, que se têm vindo a realizar aos fins de semana com um intervalo de 15 dias. Orientado pelo maestro Adelino Mota, que conta com a assistência de cinco professores convidados, o workshop “Big Jazz” integra o festival Caldas Nice Jazz, com o fim pedagógico de motivar músicos entre os 14 e 30 anos para este género musical. O concerto final aproxima-se, com data marcada para 25 de Outubro, e fará o baptismo do início do festival. Gazeta das Caldas acompanhou a terceira sessão de ensaios.
Num ambiente de descontração, umas vezes em português, outras em inglês, Adelino Mota conta o tempo antes de cada música. Nestes momentos, à sua frente, a flauta, o clarinete, os saxofones, os trompetes, o piano, os trombones, a bateria e o contrabaixo já estão alinhados para tocar o tema. Neste dia, 10 de Outubro, faltou apenas a guitarra.
A maioria dos jovens é das Caldas da Rainha, mas há também quem venha do Bombarral, Benedita, Nazaré e Alcobaça. O que o maestro não esperava é que não participasse ninguém de Óbidos, A-da-Gorda e Alvorninha. “Acho que a publicidade chegou lá, só que muitos músicos que tocam em bandas filarmónicas pensam que o jazz é uma coisa muito complicada e difícil”, comenta.
De facto, explica em seguida, a linguagem do jazz é mais complexa, pois dá espaço aos solos de improviso, um exercício que poucos participantes tinham experimentado. “Havia aqui alunos do clássico que nunca tinham tocado uma nota que não estivesse escrita. Mas o clássico não impede o jazz e vice-versa, é como ser bilíngue e saber falar português e inglês perfeitamente”, esclarece o maestro, que chama a atenção: embora as línguas sejam diferentes, o abecedário é o mesmo, apenas se altera o fraseado das palavras.
Apesar do Caldas Nice Jazz já somar quatro edições, esta é a primeira vez que o festival inclui a vertente pedagógica, uma intenção “fantástica”, nas palavras de Adelino Mota, uma vez que estimula a envolvência dos jovens no festival, assim como das suas famílias, que vêm assistir aos espectáculos.
Quando a Gazeta das Caldas chegou ao pequeno auditório do CCC não encontrou os saxofonistas, que estavam a ensaiar numa sala à parte com João Capinha, um dos convidados. O contacto directo com estes artistas é uma das mais valias do workshop, garante o maestro, pois “são pessoas com muita experiência na área do ensino, que podem dar exemplos ao vivo. Eu até posso dizer a uma miúda como é que ela deve cantar, mas não consigo cantar no tom certo porque não sou cantor”.
O leque de convidados estende-se por cinco pessoas: o saxofonista “Capinha”, como lhe chamam os alunos, Joana Rios (licenciada em canto), Daniel Bernardes, mestre em piano, Claus Nymark, trombonista e professor no curso de jazz da Universidade de Évora e André de Sousa Machado, especializado em bateria e professor na Escola Superior de Música de Lisboa.
Raquel Alexandre, 17 anos, toca saxofone e elogia o trabalho desenvolvido na aula de hoje com o professor João Capinha, com quem também partilha um lugar na Big Band da Nazaré. “Ele é muito bom a nível técnico”, afirma a participante, que não deixa de gabar o desempenho dos restantes convidados. “Mesmo os professores de outros naipes [grupos de instrumentos] têm sido uma grande ajuda, porque dão-nos ideias novas para explorarmos o nosso instrumento”.
Da Banda Comércio e Indústria das Caldas vem Cristina Matos, de clarinete na mão, motivada pelo facto de nunca ter tocado nem cantado jazz. “É uma estreia”, admite, mas “está a ser muito bom, independentemente do público que tenhamos no concerto final, porque acho que nos estamos a descobrir num género com o qual não estávamos muito familiarizados”.
No espectáculo de encerramento, o grupo do “Big Jazz” interpretará 13 temas, standards jazzísticos que, garante Adelino Mota, constituem um reportório diversificado, tanto ao nível dos compositores como dos estilos musicais na história do jazz.






























