“Caldas da Rainha é a melhor cidade para ser Cidade Criativa em 2020”

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Atelier Sá Nogueira
Para o atelier Sá Nogueira “valorizar o património é preservar a identidade e a memória colectiva” - Natacha Narciso

José Sá Nogueira diz que Caldas da Rainha tem condições para ser reconhecida como Cidade Criativa (Arts and Crafts) em 2020. Ainda assim não se revê na Molda, iniciativa promovida pela autarquia, pois considera que “não é representativa do trabalho que se faz na área da cerâmica, seja ela industrial ou de autor”.
Sá Nogueira, convidado pela Gazeta das Caldas para participar no projecto de cerâmica de autor, é formado pela António Arroio, dedica-se à cerâmica há 38 anos e trabalha com faiança, barro vermelho e com grés.

Nome: José Sá Nogueira (Atelier Sá Nogueira Azulejaria)
Idade: 61
Naturalidade: São Pedro de Penaferrim (Sintra)

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GAZETA DAS CALDAS: Quando começou a dedicar-se à cerâmica?
SÁ NOGUEIRA: Profissionalmente, desde 1980. No entanto, a minha formação de base nesta área, começou uns anos antes no curso de Artes do Fogo, da Escola António Arroio.

GC: Quais são os materiais cerâmicos com que prefere trabalhar?
SN: Qualquer material cerâmico é um desafio. Os materiais, as pastas utilizados são em função do trabalho que se executa. Por exemplo, na azulejaria recorremos à faiança, no entanto temos também as coleções de Cerâmica Arqueológica em pasta de barro vermelho e a coleção Gárgulas e Carrancas em que utilizamos o grés.

GC: Que opinião tem da Molda? Que benefícios trás aos ceramistas?
SN: Não tem expressão, não é representativa do trabalho que se faz na área da cerâmica, seja ela industrial ou de autor em Caldas da Rainha.

GC: Acha que actualmente há uma retoma da cerâmica na região?
SN: Penso que eventualmente o trabalho cerâmico que se produz na região possa estar a beneficiar do crescimento económico criado por factores como o turismo. No nosso caso concreto, não estamos focados na comercialização a nível local e regional. O nosso enfoque são os mercados do turismo cultural.

GC: O futuro da cerâmica passa pela indústria, pelo trabalho artístico, ou pela conjugação de ambos?
SN: Acredito que pela conjugação de ambos. Nota-se uma preocupação de evolução da cerâmica tradicional para peças de design, como é o caso das cerâmicas de barro negro de Bisalhães, tal como nas grandes indústrias de cerâmica utilitária que introduzem nas suas coleções artigos de designers cerâmicos por vezes bastante arrojados, o caso das colecções Costa Nova.

GC: Com que parceiros os ceramistas da região podem contar?
SN: Desde logo a Gazeta das Caldas pela divulgação do trabalho dos ceramistas caldenses. O CENCAL, como centro de formação para o sector. As empresas da região que se dedicam ao fabrico e à comercialização de matérias-primas para cerâmica.

GC: Acredita que as Caldas tem condições para ser reconhecida como Cidade Criativa (Arts and Crafts) em 2020?
SN: Que outra cidade teria melhores condições?
GC: Quais são os ceramistas que mais admira?
SN: Os meus Mestres da Escola António Arroio.

GC: Se não fosse a cerâmica a que outra arte poderia dedicar-se?
SN: A minha escolha desde o início foi sempre a cerâmica, mas sendo a minha formação de base as Artes do Fogo poderia igualmente trabalhar com vidro ou metais.

GC: Que livro está a ler?
SN: Os livros fazem parte do nosso trabalho de pesquisa. A mais recente aquisição foi uma publicação da Associação para a Defesa do Património Cultural de Beja “Arte Azulejar de Beja – Séculos XV a XX”.

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