Caldas da Rainha é uma das 66 novas cidades que passam agora a integrar a rede de Cidades Criativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e que se distinguiu nas áreas do artesanato e artes populares. Além das Caldas, também Leiria foi aceite na área da música.

 

Este é um prémio para a cidade e para os ceramistas”, disse a vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira sobre esta distinção para as Caldas da Rainha, aprovada a 30 de Outubro e que sublinha o lugar da criação cerâmica na identidade histórica caldense.
A autarca referiu que os critérios para a aceitação da candidatura “eram muito apertados”, tendo por isso salientado que foi “em boa hora” que lançou o desafio ao historiador João Serra e à ESAD para liderar este processo de adesão à rede das cidades criativas.
Apenas duas localidades portuguesas foram aceites este ano na rede de cidades criativas: Caldas, pelo artesanato e artes populares (ligadas à cerâmica) e Leiria pela música. Da restrita lista de Cidades Criativas da UNESCO, fazem já parte Óbidos, Idanha-a-Nova, Braga, Amarante e Barcelos.
Na actual rede encontram-se algumas cidades ligadas à cerâmica como Limoges (França), João Pessoa e Porto Novo (Brasil), Cairo (Egipto), Tunis (Tunísia), Al-Ahsa (Arábia Saudita), Madaba (Jordânia), Icheon (Coreia do Sul), Kütahya (Turquia), Tambasasayama (Japão) e Jingdezhen (China).
“O mais importante é o reconhecimento dos ceramistas que sempre trabalharam na região” disse, acrescentando que integrar a rede da Unesco vai permitir aos autores certificar e internacionalizar o seu trabalho.
O director da ESAD, João Santos afirmou que “estamos muitos felizes por ter feito parte deste projecto” e pelo facto da Unesco ter aceite a candidatura caldense, liderada por João Serra e cujo dossier foi elaborado pela também docente da ESAD, Luísa Arroz . Com esta marca distintiva “temos que continuar a trabalhar, agora com maior responsabilidade”, rematou o responsável.
Entre as várias acções que vão surgir no âmbito das Caldas Cidade Criativa conta-se o observatório Living Cities que será dedicado à investigação de duas áreas: a cultura e a sustentabilidade. O trabalho será feito em parceria com a Cátedra UNESCO em Gestão das Artes e da Cultura, Cidades e Criatividade. Esta iniciativa prevê a promoção de exposições nacionais e internacionais. Vai ser criado uma Ceramic Hub que inclui oficinas adequadas à actividade cerâmica, uma loja conceptual, e será criado um modelo de gestão inteligente dos recursos da cidade dedicados à cerâmica. Vai ser desenvolvido um catálogo de serviços na área da educação formal e informal do saber-fazer, disponível na cidade.
Haverá um programa de mobilidade para os ceramistas além de que será criado um ecoponto destinado à recolha de resíduos cerâmicos. De carácter transversal, vai manter-se a Molda que vai continuar a promover o diálogo multidisciplinar entres as áreas do Design, da música e de outros media.

Afirmar a cidade a nível nacional e internacional

Segundo João Serra, o comissário desta candidatura, o facto desta ter sido aprovada, “premeia a pertinência do projecto, num quadro muito competitivo em que cada país só teve duas candidaturas aprovadas neste biénio”. As novas propostas à UNESCO só poderão ser feitas em 2021.
O prémio também reconhece o trabalho, liderado pela Câmara desde 2015, altura em que se “definiu um programa de médio prazo para, com base no revigoramento do estudo e divulgação da criação cerâmica contemporânea, formular uma candidatura consistente e mobilizadora dos diversos actores e interesses ligados à cerâmica caldense”.
Esta distinção reconhece também na cidade “as parcerias que fazem do projecto e que agrupa escolas, museus, criadores, curadores e investigadores da cerâmica”. Ainda possibilita “o lançamento de projectos mais ousados que permitam consolidar o lugar próprio das Caldas na criação contemporânea, a nível nacional e internacional”. Ser Cidade Criativa da UNESCO “vai exigir da parte da Câmara e dos seus parceiros um esforço concentrado na montagem de uma estrutura de gestão ágil e eficiente que permita dar sequência aos compromissos assumidos na candidatura”, referiu o comissário acrescentando que esta acção vai “projectar a cidade criativa em todas as suas dimensões de prestígio e de novas condições para o trabalho criativo”.

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