Caldas da Rainha recebeu, entre os dias 28 de Outubro e 3 de Novembro, a 18ª edição da Festa Mundial da Animação 2019. Ao todo, o evento contou com a exibição de filmes, exposições, concertos e workshops que tiveram lugar na ESAD, no CCC e no Centro de Artes. Além dos estudantes, vieram até às Caldas profissionais e estudantes de norte a sul do país.
Ao longo de seis dias, as Caldas foi a capital do cinema de animação vinda de todo o mundo para portugueses verem e debaterem. Pelos vários espaços da cidade e da ESAD foram exibidas 92 curtas-metragens e cinco longas-metragens. Decorreram três exposições e realizaram-se quatro workshops e quatro masterclasses. As iniciativas tiveram lugar na escola de artes caldense, no CCC e no Centro de Artes e tornaram a cidade termal na capital do cinema de animação tendo sido organizadas pela Casa da Animação, do Porto.
A programação do festival incluiu filmes para o público infantil e segundo a presidente da Casa da Animação, Regina Machado, participaram 300 crianças do Agrupamento de Escolas D. João II.
Na cerimónia de entrega de prémios onde ganhou o filme Tio Tomás de Regina Pessoa, João Santos, o director da ESAD, comentou que a escola de artes caldense pretende que a área da Animação seja transversal aos vários cursos. Como tal, foi de braços abertos que recebeu este Festival de Cinema de Animação. Desta forma a escola caldense “abriu-se à comunidade e a todo o país”.
A vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira fez questão de dar mostrar o reconhecimento das Caldas como Cidade Criativa da Unesco e salientou o facto dos troféus da cerimónia – umas grandes e coloridas gravatas – terem sido criadas pelo ceramista caldense Vítor Reis.
Animação, uma profissão de futuro
Fernando Galrito é docente de Animação na ESAD há 21 anos e foi um dos responsáveis pela vinda deste Festival itinerante às Caldas para assinalar o Dia Mundial da Animação. Este dia é comemorado em simultâneo em vários países e, em Portugal, o festival ganha maior dimensão pois entregam-se nesta altura os prémios para os melhores filmes para escolas, oficinas e profissionais. Segundo o docente, a ESAD foi uma das primeiras escolas superiores a ter Animação nas disciplinas dos seus cursos de Artes Plásticas, de Som e Imagem e de Design Multimédia.
Segundo Fernando Galrito, que é também um dos mentores do festival Monstra, a animação “é talvez a profissão dentro das artes da imagem em movimento que tem mais futuro”.
Dentro de 20 anos, “todas as imagens, mesmo as reais terão cenários que são feitos com recurso à animação”. Na sua opinião, são também os filmes de animação que levam mais gente às salas de cinema. Outra das áreas que movimenta milhões de euros é a dos jogos. “Um filme de Hollywood da Pixar custa 250 milhões de euros enquanto que um jogo daí resultante aumenta para os dois biliões euros, além de necessitar de muito trabalho de animação”, referiu o responsável.
Trabalhar em animação abrange várias áreas, desde os efeitos especiais, passando pelo lettering, pelos jogos multimédia, pela publicidade e ainda pelas aplicações para telemóvel. “Estamos a falar de uma arte de futuro”, disse o docente explicando que mesmo em relação aos actores de carne e osso, em muitos filmes, “os seus movimentos são reinterpretados por avatares”. Fernando Galrito ainda deu a conhecer que na ESAD também estão a ser preparados eventos relacionados com o mundo da animação, com a realidade virtual e com a realidade aumentada.
Entre os convidados do festival esteve Virgílio Almeida que considera que o cinema de animação português “vive uma evolução muito consistente no formato da curta metragem com filmes a ser premiados com regularidade nos melhores festivais do mundo”. Em relação à profissão de animador diz que esta tem futuro e que hoje os profissionais desta área “têm o mundo inteiro como mercado de trabalho”. Há portugueses a trabalhar nos mais variados estúdios de animação da Europa.































