Menus, bilhetes postais ilustrados, cartazes e jornais desenhados por Bordalo, podem ser apreciados até março, na Biblioteca
Abriu, a 14 de novembro, na Biblioteca Municipal, uma nova exposição da iniciativa Salão Bordallo 2025 que visa a celebração dos 150 anos da criação do Zé Povinho, que foi publicado no jornal Lanterna Mágica, a 14 de junho de 1875, por Rafael Bordalo Pinheiro.
“Temos uma ligação profunda com este artista que chegou a viver cá”, disse a bibliotecária Aida Reis na inauguração da mostra que contou com dezenas de participantes.
Muitos dos trabalhos de Bordallo Pinheiro que estão nesta mostra fazem parte da denominada “coleção bordaliana” que foi adquirida pela autarquia em 2008 a Vasco Trancoso. “E é apenas uma parte do espólio que possuímos”, referiu a responsável recordando que a ligação de Bordallo às Caldas, além da Fábrica que fundou em 1884, também muito divulgou as termas e as indústrias locais, especialmente de cerâmica.
Para Jorge Silva, o curador da exposição, “Bordallo é uma personagem muito rica e eu estou cada vez mais fascinado com este autor, considerado como o melhor artista do século XIX”. Considera que tal carimbo é devido , pois”foi um tipo extraordinário e foi sobretudo um grande inventor no que diz respeito às soluções gráficas”. Apesar de ter sido um homem que, na política, “tinha princípios muito sólidos mas era muito elástico em termos sociais”, ou seja “sovava” na monarquia mas “nunca dizia que não às causas humanitárias que nesse tempo eram patrocinadas pelas rainhas”.
Bordalo foi também um pioneiro da banda desenhada portuguesa, como se pode constatar nesta exposição. A mostra documental é composta por publicações periódicas, desenhos, caricaturas, menus, cartazes publicitários, bilhetes postais e almanaques que testemunham “a multiplicidade e a riqueza ímpar deste multifacetado artista”.
Segundo Jorge Silva não foi fácil selecionar os trabalhos que constam nesta coleção da Biblioteca, dada a riqueza dos trabalhos bordalianos que contém.
A mostra está dividida em dez partes onde se contam trabalhos dedicados à política, às Caldas, à BD, aos jornais, às boas causas, à sua estada no Brasil, ao Zé Povinho, ao teatro e ainda a sua dedicação ao mundo da publicidade e que segundo Jorge Silva, Bordalo via “como motor do progresso”.
Na inauguração, a vereadora da Cultura, Conceição Henriques informou que estão a dar-se passos para que as Caldas possa ter o seu Arquivo Municipal. É preciso pensar “como é que este será” e anunciou a constituição de um grupo de trabalho para que este novo projeto “possa contar com uma decisão participada”.
Além disso, a autarca contou que foi recuperado um grande painel de azulejo, assinado por Rafael Bordalo Pinheiro, sobre Santo António, que foi recuperado pelo Museu do Azulejo. “é mais um tesouro que está pronto para ser mostrado aos caldenses ”, disse a vereadora, contando que este ficará no Centro de Artes e ainda que há também interesse até em ser visto no Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa.
As tão aguardadas obras na Biblioteca Municipal ficam para o ano pois o primeiro concurso ficou deserto e depois foi necessário juntar documentação anti-sísmica ao processo. “Será lançado novo concurso em 2026”, disse a autarca, ciente de que as obras são prementes. Há locais onde escoa água dentro do espaço, como foi possível constatar no dia da inauguração da mostra.
Conceição Henriques prontificou-se a fazer as pequenas reparações. A “Bordalo na Biblioteca” vai estar patente até ao dia 28 de março.































