O Club da Associação Bixo Mau vai despedir-se das Caldas da Rainha no final do mês de Janeiro. Para a despedida em grande, hoje, sexta-feira, 27 de Janeiro, actua o grupo caldense Caldas Handsaw Massacre e amanhã, sábado, 28, será a vez dos também locais, Lauro Palma.
O projecto Bixo Mau abriu portas há um ano e três meses mas segundo Tiago Abelha e Hugo Branco – dois dos quatro sócios que iniciaram o projecto – há pouca disponibilidade por parte das pessoas que fazem parte do núcleo inicial e o fraco retorno financeiro o que acabou por ditar o encerramento da casa.
Depois, “esperávamos maior adesão e mais propostas de projectos sobretudo de alunos da ESAD que acabaram por não acontecer”, contam. Havia sempre propostas para as áreas dos concertos e do deejaying mas a área de exposições e de artes performativas ficou muito aquém do esperado., salvo algumas honrosas excepções. “Com um curso de Teatro a funcionar nas Caldas não percebemos porque é que nunca nos propuseram nada…”, disseram os responsáveis que acham que nunca faltou canais e formas de chegar ao público sobretudo nos meios digitais.
Hugo Branco e Tiago Abelha explicaram as razões que levam ao encerramento da vertente club da associação
Hugo Branco e Tiago Abelha explicaram pois que o que “pagava as contas” era de facto o club pois os eventos culturais eram pouco frequentados. “Fizemos ciclos de cinemas com 10 pessoas em cada sessão…não dava para pagar a luz”, especificaram.
E mesmo o club, com a casa cheia, chegaram a ter noites com 20 pessoas, “quando se chegava ao fim da festa verificávamos que a facturação era reduzida”. O facto dos estudantes não terem muito dinheiro e a crise generalizada deverão ser factores que contribuíram para a continuidade do projecto. Muitas vezes verificavam que o Bixo Mau era mais atraente para quem vinha de Lisboa ou do Porto do que propriamente entre os locais. “Curtimos muito e houve boas propostas, estamos a encarar esta decisão como o fim de um ciclo”, disseram os responsáveis salvaguardando que “o Bixo Mau não morre aqui o que encerra são as suas portas na Rua de Camões”. Dizem até que já há uma série de projectos para dar continuidade à vertente cultural e de eventos só que agora “já não temos uma renda fixa para pagar ao fim do mês”, disseram.
Houve algumas situações relacionadas com a necessidade de segurança que os responsáveis não estavam à espera e sentiam uma adesão enorme quando apostavam em projectos locais e menos quando apostavam em alternativas nacionais e até internacionais. Mas entre as coisas boas Hugo Branco e Tiago Abelha destacam o facto de terem criado uma rede de colaboradores que continuará a ajudar as actividades do Bixo.
Em média o Club do Bixo Mau precisava de uma equipa de sete a dez pessoas por dia que colaboravam em áreas tão distintas como o design à limpeza e “tivemos sobretudo muita colaboração não remunerada, gente que tal como nós, vestiu a camisola pelo Bixo Mau”.
Para já está prevista a realização de festas que ajudem a pagar algumas contas por saldar e depois “em vez de trazermos projectos de fora às Caldas vamos apostar no inverso, apresentando o que é de cá nos grandes centro urbanos”, contaram. Para já, o Bixo continua unido à programação da BlackBox.
Hugo Branco é professor na ESAD e considera que desde a introdução de Bolonha, com os cursos a terem apenas três anos, já não se criam os mesmos laços entre os alunos e as Caldas. “Dantes ficava-se mais por cá, vivia-se numa espécie de nicho criativo e com um sentido de comunidade, numa espécie de workshop de vida, de preparação para a vida a nível pessoal e artístico”, disse. E ainda acrescentou que a melhor altura do Bixo Mau foi enquanto o 2, espaço também nocturno, esteve aberto pois havia mais gente da escola e os públicos se dividiam pelas propostas.