O saxofonista, de 23 anos, natural do concelho das Caldas, está a dar cartas no mundo da música. O professor da Academia de Música de Alcobaça já gravou o seu primeiro álbum, intitulado Perspetivas, que agora quer dar a conhecer na região e no país

Com 11 anos, Bernardo Matias já pertencia à Banda Filarmónica de Santa Catarina, agrupamento da sua terra natal que ainda hoje integra. Quando decidiu prosseguir estudos na Academia de Música de Alcobaça, o caldense ainda não sabia que iria escolher o saxofone. Quando lhe perguntaram qual era o instrumento que queria, respondeu que era um que via na Orquestra que possuía o programa televisivo “Praça de Alegria”. Assentiu quando lhe mostraram um saxofone, instrumento do qual hoje é professor e intérprete. Em parceria com a Escola Secundária D. Inês de Castro, ingressou no curso profissional de música, também na Academia e do seu percurso faz parte a licenciatura na Universidade de Évora, faculdade onde está a terminar o mestrado em Ensino da Música. Além da banda da terra e das dos concelhos vizinhos passou pela Big Band da Nazaré e sempre que pode integra a Banda Sinfónica de Alcobaça.
“Ao longo do meu percurso, o professor Mário Marques foi aquele que mais me motivou para o estudo do saxofone”, assume o músico, que gravou o seu primeiro álbum em Maio de 2019, intitulado “Perspetivas”. Entre as propostas musicais contam-se composições originais de compositores contemporâneos como Daniel Bernardes e de Sérgio Azevedo que escreveram temas para saxofone solo e para saxofone e piano.
Gravado no Alentejo
O álbum foi gravado no estúdio Musibéria em Serpa. “ Trata-se de um estúdio perdido em pleno Alentejo mas com óptimas condições”, disse o músico acrescentando que o trabalho de estreia, apoiado pela Junta de Freguesia de Santa Catarina, já foi referido em programas de rádio da Antena 2 e da SIC. Bernardo Matias reconhece que a sua zona artística é Alcobaça mas espera poder dar a conhecer o álbum de estreia nas Caldas da Rainha. Além do CCC já enviou propostas para apresentar “Perspetivas” noutras localidades. “Gostava de actuar em todo o país e até no estrangeiro, ou seja, que chegasse ao maior número de pessoas possível”, disse o saxofonista, acrescentando que aos poucos, o disco “vai obtendo visibilidade”. O docente – que ensina na Academia de Música de Alcobaça e na Sociedade Filarmónica de Turquel – tem actualmente na primeira escola 11 alunos e seis na segunda.
Apesar de se ter formado na música clássica e erudita, afirma que é também “um curioso do jazz”. Tirou alguns workshops desta área e tenta ao máximo ser versátil, tocando diversos géneros musicais. “Sou muito eclético pois é preciso ter em conta queque o mercado musical português é pequeno”, disse Bernardo Matias acrescentando que o saxofone é um instrumento que ainda tem muito mais para descobrir no que diz respeito à sua pegada musical.
Música similar à comida
Bernardo Matias gostaria de ficar a trabalhar em Portugal mas não exclui a possibilidade de realizar Erasmus noutros países para “conhecer outra cultural e ambiente musical”, referiu o profissional, a música tem algumas similitudes com o mundo da gastronomia. Aos seus alunos propõe exercícios musicais onde há semelhança com a falta de uma pitada de sal ou de pimenta.
“Quando vejo um programa de cozinha encontro sempre semelhanças com os concursos de música”, disse o docente explicando que nas duas artes, música e culinária, são os sentidos que falam mais alto.
Uma das áreas que Bernardo Matias gosta de trabalhar, além do erudito e do jazz e que é da electrónica. E para tal não basta ser apenas um bom intérprete. “É preciso perceber um pouco de softwares ligados à música”. Além da informática, Bernardo Matias deixa aos seus alunos a mensagem de que preciso ser polivalente e saber um pouco de outras áreas, para além da música. Bernardo Matias que se vê sobretudo como intérprete, também gostou de arranjar um tema. O saxofonista aprecia o trabalho musical do pianista Daniel Bernardes.
O músico tanto ouve saxofone como outros instrumentos como trombone, clarinete e voz. O saxofonista de Santa catarina já actuou nos vários palcos da região e considera que o Cine-Teatro local “é muito acolhedor”. Sente-se em casa onde aprendeu e ensina música. E também gosta de tocar em espaços menos convencionais. ligados ao património e aos lugares simbólicos das terras.































