

Quatro galas e dois espectáculos de rua marcaram a terceira edição do Benedita Mágica, festival internacional de magia que se realizou nesta vila entre os dias 19 e 20 de Maio. Este evento coincidiu com o oitavo congresso anual da Associação Portuguesa de Ilusionismo, que também incluiu conferências com artistas profissionais, workshops, concursos e uma feira mágica.
Ao todo participaram cerca de 80 ilusionistas de várias nacionalidades e assistiram aos números de magia quase mil pessoas.
A gala internacional é sem dúvida o ponto alto do festival. Na noite de sábado, 20 de Maio, o auditório do Centro Cultural Gonçalves Sapinho esteve praticamente lotado para assistir ao último grande espectáculo do Benedita Mágica. Pelo terceiro ano consecutivo, o evento conta com a participação de ilusionistas estrangeiros. Holanda, Espanha, França e Cuba são alguns dos países representados.
O primeiro a subir a palco é uma referência no ilusionismo francês. Pilou foi mesmo campeão do mundo de manipulação em 2006. Este foi um ano especialmente feliz para Portugal, que apresentou pela primeira vez nesta competição – a mais importante de magia – três ilusionistas portugueses. Um deles, David Sousa, disputou o título com o francês Pilou e acabaria por trazer para Portugal o segundo lugar do pódio.
Pilou sobe ao palco sem grande aparato, destacando-se um chapéu preto, o seu principal acessório de ilusionismo. Faz aparecer e desaparecer cartas em segundos, transforma-as em confetis e também surpreende com um truque em que manipula um copo com fogo.
O mesmo artista voltaria a actuar mais tarde para apresentar o número com o qual se tornou campeão do mundo e que inclui lenços coloridos, pombas, maçãs e mais uma vez cartas e confetis. Para Francisca Vidal, apresentadora da gala que também é ilusionista, este número cativa pela sua simplicidade.
“É leve, divertido e até quase infantil”, descreve ao público.
O próximo talento a impressionar os espectadores é português e muito jovem. André Melão, natural de Leiria, tem apenas 13 anos e é já considerado uma das promessas do ilusionismo nacional. Ao Benedita Mágica traz a história de um jovem que se apaixona pela rapariga que vê num cartaz publicitário. É precisamente a magia que torna aquele amor, aparentemente impossível, numa realidade.
Cada vez mais os números de magia não são apenas um conjunto de vários truques, mas sim uma narrativa com princípio, meio e fim. Em termos técnicos dá-se o nome de “rotina” à história por detrás de uma performance. Outro exemplo é a actuação do holandês Dion, que apresenta em palco o cenário de um restaurante onde nunca se chega a realizar o encontro que estava previsto.
Campeão europeu de ilusionismo em 2011, Dion faz várias vezes desaparecer uma rosa de uma jarra, transforma um candeeiro numa vela e um colar numa pérola. Como também é bailarino de formação, o seu número é pautado pela elegância própria de um dançarino.
Basta um baralho de cartas
Já Dani DaOrtiz vem de Espanha provar que não é necessário grande aparato para levar o público ao rubro. Basta um baralho de cartas. O ilusionista apresenta um momento de magia close-up (de proximidade) e para isso convida quatro pessoas da plateia. O número é transmitido num ecrã gigante para que todo o auditório possa acompanhar os passos do mágico.
Ao nível do panorama da magia em Portugal, a arte do close-up é uma das que está em crescente desenvolvimento. “Utilizamos não só cartas, como alfinetes, moedas e dados e é uma técnica que está muito na moda para animar casamentos, jantares de empresas e baptizados”, explica-nos depois Vitor Alves, presidente da Associação Portuguesa de Ilusionismo, promotora deste festival.
O espectáculo que encerra a gala é cheio de energia e aparato. A dupla Yunke, que é um grande sucesso na televisão espanhola, apresenta um número cheio de drama e intensidade onde até há espaço para fogo de artifício. Como é que a assistente do mágico fica sem cabeça ou sai ilesa de uma caixa de cartão onde são espetados pelo menos 10 paus afiados de madeira? Perguntas para as quais o público não tem respostas, apenas muitos aplausos de pé.


A magia na rua
Desde o primeiro ano que o Benedita Mágica se afirma como um festival de ilusionismo que leva a magia para a rua. Nesta edição foram dois os momentos de magia na Praça Damasceno Campos. É lá que encontramos Raul Martinez Fis, campeão do mundo de magia de rua em 2014 e 2015.
“Enquanto num auditório já tenho o meu ângulo montado, na rua tenho que montar o meu próprio palco ao mesmo tempo que chamo as pessoas para assistir e ainda as convenço a pagarem-me no final. Sem dúvida que é mais desafiante”, conta o cubano, que durante todo o seu número brincou com o público: “nunca tinham visto um mágico negro pois não?”.
Se ao princípio não mais que 10 pessoas assistem à sua actuação, no final são pelo menos 50 que aplaudem os truques de Raul Martinez. Este faz ilusão com cartas e aros de metal, mas também com um anel, uma nota de dez euros, um cigarro e uma camisola, quatro objectos que pede a elementos do público. No final surpreende tudo e todos quando faz desparecer uma garrafa de champanhe de um saco de papel.
O festival Benedita Mágica vai já na terceira edição e surgiu graças à parceria estabelecida entre a Câmara de Alcobaça e a Associação Portuguesa de Ilusionismo.
“Temos que ver que um evento deste tipo não é um êxito imediato logo no primeiro ano, mas sem dúvida que é da opinião geral que passados três anos há uma recepção cada vez maior e positiva por parte do público”, disse Vítor Alves, revelando que o festival custa cerca de 13 mil euros.
Nesta edição foi também homenageado o mágico beneditense José Luís Machado, falecido nos anos 90 e que foi um dos sócios fundadores da Associação Portuguesa de Ilusionismo, que actualmente conta com 220 associados. M.B.R.






























