Jovem artista formada em Artes Plásticas na ESAD.CR venceu pela primeira vez prémio que distingue jovens mulheres
Jovem artista, formada na ESAD.CR, Beatriz Narciso ganhou a primeira edição da bolsa anual WAF – Women in Art Fellowship, no valor de 27 mil euros. Ao todo concorreram 210 autoras e foram selecionadas apenas uma dezena de jovens.
Esta bolsa foi criada para apoiar e dar visibilidade a mulheres artistas emergentes em Portugal, que não sejam ainda representadas por galerias.
Beatriz passou por um período de formação, mentoria e desenvolvimento artístico, entre julho e setembro de 2025, e o júri acabou por escolher Beatriz Narciso como a artista que melhor expressa o espírito da bolsa: “uma combinação de talento, originalidade e consciência crítica sobre o papel da mulher nas artes contemporâneas”, lê-se em comunicado sobre a atribuição deste prémio. O projeto de Beatriz Narciso “destacou-se também pela profundidade conceptual e pela forma poética como reflete sobre o tempo, a memória e a resiliência humana, uma homenagem ao passado e um olhar sensível sobre o que faz seguir em frente”.
“No momento em que descobri foi surreal. Nunca tinha ganho algo parecido com o valor e a dimensão desta bolsa. Senti, sobretudo, orgulho e um prazer enorme”, disse a jovem à Gazeta das Caldas sobre o momento em que lhe disseram que tinha ganho.
Na sua opinião, ter ganho a bolsa WAF, “incentiva-me a continuar e, de algum modo, mostra possibilidades mais abrangentes às artistas emergentes, perante as grandes testemunhas da produção artística feminina como a Joana Vasconcelos, que foi madrinha desta primeira edição”. Esta última também participou na avaliação e mentoria das finalistas.
A autora contou ainda que concorreu a esta bolsa, não só pela oportunidade de criação artística, projeto que vai desenvolver até ao próximo ano, mas também pelas vantagens, pois proporciona aprendizagem de setores que, “nós artistas, não temos tanto contacto tais como a evolução da nossa identidade, as diferentes formas de comunicação e o sustento económico e teórico do nosso trabalho, por exemplo”, disse.
Ainda este mês, Beatriz Narciso vai integrar uma coletiva, com as outras nove finalistas da bolsa, numa exposição que estará patente num novo espaço expositivo no Vila do Conde Porto Fashion Outlet, em Vila do Conde.
A artista plástica reconhece que o prémio é um importante impulso para a sua carreira pois dá-lhe “visibilidade” e permite-lhe trabalhar “numa dimensão diferente de públicos e com menos dificuldade na concretização das diferentes etapas do processo artístico, muito sentidas por jovens artistas”.
O interesse de Beatriz Narciso pelas artes começou cedo, ainda na infância, primeiro no desenho e depois na pintura. Beatriz Narciso frequentou a Escola Artística António Arroio, onde estudou Realização Plástica do Espetáculo e seguiu para Artes Plásticas na ESAD.CR. Nas Caldas “a pintura voltou, de forma natural, como veículo principal da minha linguagem estética e expressiva, na qual me sinto mais plena e ganhei novas competências em outras áreas, tais como a gravura, a serigrafia e o livro de artista”.
Sobre a cidade termal, esta destaca-se “pela calma e sossego”, bem diferente do tempo que se vive em Lisboa, “cheio de pressas e imprevistos”.
Durante os três anos, Beatriz Narciso desenvolveu competências novas, perante uma perspetiva de estudante deslocada. Conta que apreciou a forma de vivência e hábitos regionais da população e salientou “o mercado da praça da fruta, o centro cultural, o parque D. Carlos I, as livrarias antigas e a cerâmica local”.
Acha que a organização da cidade favorece o acolhimento dos estudantes, pois “faz-se tudo a pé. Diria, apenas, que o verdadeiro desafio foi ajustar-me ao clima, fora e dentro de casa”.
Sobre a ESAD.CR, a artista acha que “conquistou o setor da liberdade artística”, pois possui programas mais ligados à contemporaneidade e que, por ser mais recente, “teve uma oportunidade única de sair dos parâmetros mais rígidos da arte tradicional”. E diz que para quem já tenha as bases, o curso de Artes Plásticas “serve para desconstruir aquilo que se aprendeu ou começar a analisar, de forma mais aprimorada, o crescimento artístico (que foi o meu caso)”. E contou que teve professores com quem gostoude trabalhar “que me abriram horizontes”, disse.
Por enquanto, Beatriz está dedicada ao trabalho artístico, mas não descarta a possibilidade de voltar a estudar. Sobre as Caldas ainda destacou que há maior colaboração de espaços comerciais e locais com os estudantes, tornando a relação “mais disponível e aberta”, o que contribuiu para que mais jovens se fixem na cidade termal.
































