Banda de Alvorninha está a levar música e histórias aos idosos da sua freguesia

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Uma das idas a casa de uma das utentes

Idosos de Alvorninha foram surpreendidos por músicos e contadores de histórias que lhes batem à porta e atuam nas suas casas, no lar e centro de dia. O projeto da banda local, que terminou a 24 de outubro, foi um sucesso e os intervenientes gostariam que este continuasse e que fosse replicado noutras localidades. Seniores adoraram o “Avós que escutam”

“Avós que escutam” é uma iniciativa que oferece momentos musicais e de histórias à população que se encontra no Lar, em Centro de Dia ou a usufruir de Apoio Domiciliário na freguesia de Alvorninha.

Promovida pela Sociedade Filarmónica de Alvorninha (SFA), esta atividade, que terminou na passada sexta-feira, 24 de outubro, foi tão bem sucedida que quem dela fez parte, gostaria de lhe dar continuidade.

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“A ideia foi proporcionar-lhes momentos especiais e o retorno foi sempre muito emotivo”, disse Catarina Correia, a presidente da direção da SFA que fez uma parceria com a Associação de Desenvolvimento Social da Freguesia de Alvorninha, entidade que neste momento já presta apoio a 110 idosos desta freguesia caldense. “Selecionamos os utentes que ainda conseguem usufruir deste projeto”, disse Susana Costa, a diretora técnica daquela instituição.

Logo na primeira sessão, em agosto, a primeira utente a receber músico e contador de história foi Beatriz do Rosário, uma utente com 100 anos, viúva, que vive com a filha no lugar dos Chãos.

“É a nossa utente mais velha, está muito lúcida e foi fantástico ver o brilho no seu olhar!”, contou Susana Costa que ainda acrescentou que a Banda de Alvorninha é uma referência entre os idosos e, como tal, a oportunidade de poder ouvir música na sua casa “foi extraordinário!”. O segundo utente foi Joaquim de Jesus, de 94 anos, que foi sócio da Banda e, como tal, além de ter sido importante voltar a ouvir música, o senhor queixou-se de que tinha deixado de pagar as quotas pois “já não vêm os cobradores a casa das pessoas!”.

“Foi mesmo incrível a alegria que os seniores nos transmitiram, após ouvirem a música e as histórias”, disse Susana Costa. Na primeira sessão ainda foi visitada Idalina da Conceição, de 94 anos, viúva, e que vive sozinha no lugar dos Maios.

“Conseguimos ir a nove lugares e muitos dos participantes no projeto- músicos e contadores – também ficaram a conhecer melhor esta freguesia”.

Dos 34 utentes que apoiam nas suas casas, 14 usufruíram desta iniciativa, abrindo as portas à cultura. O projeto ainda incluiu sessões de grupo que decorreram no lar e que chegaram a 23 utentes.

“Todos os 22 utentes do Centro de Dia também usufruíram da música e das histórias”, disse Susana Costa que vê vantagens na continuação deste projeto. “Há sobretudo mais valias em termos cognitivos”, disse a diretora técnica que sublinhou que estas iniciativas também combatem o isolamento pois há muitos utentes “que vivem sozinhos”. E muitos sentiram-se especiais quando perceberam que houve todo um espetáculo, de momentos musicais e de histórias, pensado para um espectador só, e apresentado nas suas casas.
Catarina Correia, a presidente da direção da Sociedade Filarmónica de Alvorninha (SFA) não esquece o carinho com que alguns prepararam um lanchinho para receber os convidados e outros até tinham uma lembrança para oferecer no final aos músicos e aos contadores.

As duas responsáveis gostariam que esta iniciativa cultural pudesse expandir-se para outros lugares e chegar a muito mais idosos.

“Esta foi uma boa experiência para todos os que participaram”, disse a diretora da SFA acrescentando que alguns professores de música “chegaram mesmo a emocionar-se”.

Maria da Encarnação, 94 anos, viúva, vive sozinha no lugar dos Casais Carvalhos, Ermelinda Marques, 85 anos, viúva vive sozinha no lugar do Zambujal e Jacinto Rodrigues, 88 anos, viúvo, que vive sozinho no lugar de Vila Nova, ouviram o contador de histórias Bruno Batista e os sons do fagote de Sandra Pinto, numa experiência repleta de partilha, e de emoção.

A primeira queria contar a sua história e o contador conseguiu entrelaçar, dando espaço também a quem escutava e queria partilhar as suas vivências.

Já em outubro realizou-se a terceira sessão com a contadora de histórias Ana Luísa Faro e o percussionista Marco Barbosa, numa experiência de grande partilha que chegou a Mário Freire, 75 anos, utente que não tem família e foi colocado na instituição pela segurança social. Quem também gostou foi Emídio Tavares, 87 anos, viúvo, que residia na Laranjeira e Maria Rosaria Carlos, 91 anos, viúva, que não tem filhos e que residia em Chãos.

Decorreu na passada sexta-feira, 24 de outubro, a última sessão desta iniciativa e foram cinco os utentes a usufruir do projeto com a contadora de histórias Inês Fouto e com o professor de clarinete, Ruben Leiria.

A diretora técnica, Susana Costa, crê que este tipo de projetos poderá “poupar muito dinheiro ao Estado no que diz respeito à melhoria da saúde mental e até na diminuição da ansiedade”.

Na sua opinião, a música e as histórias ajudam a recuperar memórias e a despertar emoções. “Seria uma forma de poupar muito dinheiro em medicação”, referiu a responsável.

Multiplicam-se as estórias e das boas reações dos utentes, uns porque se emocionaram, outros porque cantaram ou ainda partilharam as suas memórias no decorrer das sessões.

Neste “Avós que Escutam” a SFA apostou na intergeracionalidade pois também participaram alunos da Escola Básica de Alvorninha.“Tivemos dois grupos de alunos que vieram contar histórias ao Centro de Dia e outro grupo ao lar com o professor de saxofone”, contou Catarina Correia.

“Avós que escutam” foi financiado pela CCDR Lisboa e Vale do Tejo ao abrigo do programa LVT+ Cultura e, para continuar, teria que ter suporte financeiro de entidades, como a autarquia caldense ou de outras ligadas ao poder local, que estivessem interessadas em proporcionar bons momentos, de cultura e de bem-estar aos mais idosos do concelho caldense.

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