Os ensaios da BCI decorrem às sextas-feiras |Natacha Narciso
A Banda Comércio e Indústria (BCI) foi convidada a participar no Festival Caldas Nice Jazz e está a ensaiar um repertório jazzístico para apresentar num concerto a 21 de Outubro na estação rodoviária.
As “sementes” do jazz deram frutos também na Orquestra Ligeira Monte Olivett e na Orquestra Juvenil de Óbidos, que gostaram de ter feito parte do festival em edições anteriores, de tal modo que contam hoje com temas de jazz nos seus repertórios.
A BCI ensaia às sextas-feiras à noite. No serão de 6 de Outubro, Gazeta das Caldas acompanhou os músicos do agrupamento para saber como está a ser preparada a participação no Festival Caldas Nice Jazz (CNJ). “Encher auditórios com jazz não é fácil porque apesar de ser um público crescente, não atrai multidões”, disse o maestro Adelino Mota que organiza há 20 anos o Festival de Jazz do Valado e também colabora na organização do Nice Jazz. De qualquer forma, considera que o Caldas Nice Jazz “está no bom caminho” dado que aprecia a aposta em grupos do género, nacionais e internacionais. O músico sublinhou o facto de ser importante apostar na descentralização dos concertos, levando este género musical a vários espaços públicos na cidade. “Estamos a preparar um concerto muito especial para o festival”, disse o líder da BCI, que convidou o acordeonista Luís Agostinho (Pica-Milho) que vai tocar dois temas com a sua banda. “É um excelente músico com grande capacidade de improvisação e será por isso um dos solistas convidados”, disse. Haverá também uma cantora convidada numa actuação onde a banda interpretará temas de Chick Corea e fará um tributo a Dave Brubeck.
Adelino Mota não está particularmente entusiasmado com o local de actuação que lhe foi destinado: a Rodoviária. “Nós somos muitos e não sei como vai ser”, disse o maestro do grupo que tem mais de 70 elementos.
De qualquer modo, poder participar no festival “é super positivo” e mesmo já tendo no seu reportório temas de jazz é sempre bom para os aprendizes “fazer parte deste tipo de experiências”.
Muitos dos seus alunos têm feito parte dos workshops e é importante “motivar as pessoas a trabalhar repertórios diferentes que esperemos que possam engrandecer o festival”, disse Adelino Mota, que vai celebrar 10 anos à frente da BCI no próximo ano.
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E o jazz veio para ficar
David Santos, maestro da Orquestra Ligeira Monte Olivett, diz que a experiência de actuar no Festival em 2016 “foi muito motivante pois não é o nosso estilo principal e tivemos que ensaiar um género diferente”. O grupo actuou na Rodoviária e incluiu temas standard como May Way ou Feeling Good, entre outros temas jazzísticos instrumentais. “Foi uma boa experiência pois foi dado aos músicos espaço para improvisar”, disse o maestro, que integrou no repertório do seu grupo um ou dois temas que foram trabalhados para o Caldas Nice Jazz.
No ano anterior o maestro João Raquel levou a Banda Juvenil de Óbidos a actuar neste evento. “Foi uma experiência muito enriquecedora que nos fez sair da nossa zona de conforto”, disse o responsável, acrescentando que “foi muito bom pois fez-nos trabalhar repertório de jazz e ter uma primeira abordagem à improvisação”.
Um ou dois standards de jazz passaram a fazer parte do reportório da Orquestra que já gravou um CD (a ser lançado em breve) e que inclui a interpretação de um tema de Duke Elligton. A actuação do grupo no Caldas Nice Jazz foi na Rodoviária e “esteve cheio de gente”, disse João Raquel, que gostou bastante de tocar num local improvável, levando o jazz em locais da vida quotidiana.
João Heliodoro
João Heliodoro
João Heliodoro, 24 anos (saxofone )
Conheço bem o festival Caldas Nice Jazz e tenho participado nos workshops. Infelizmente não assisti a muitos concertos pois estava em alturas de avaliações na universidade. No ano passado adorei assistir ao concerto da Glenn Miller Orchestra.
É muito bom haver um festival de jazz aqui nas Caldas e é importante que este possa ser divulgado. É bom que ganhe raízes e possa continuar a crescer.
Eva Silva
Eva Silva, 21 anos (trompete)
Acho muito importante pois o jazz deve ser acarinhado dado que é preciso habituar o cérebro e o ouvido do público em geral. A música jazz é tão boa e tão agradável de ouvir, mas às vezes, por ser complexa, cansa quem não conhece. É muito bom poder haver o desenvolvimento da cultura do jazz através da realização de eventos como este.
Foi muito bom fazer parte do workshop dado que foi útil e ainda me ajudou a conhecer pessoas novas. Foi excelente e acho óptimo poder aliar a formação ao evento.
Entre os concertos que vi, destaco os da Glenn Miller Orchestra e do baixista Kyle Eastwood.
Luís Spinola
Luís Spínola, 19 anos (saxofone)
O festival é importante para jovens músicos como nós pois permite-nos conhecer melhor outros géneros musicais.
É importante para quem quer seguir profissionalmente a música.
Assisti a alguns concertos e apreciei muito, no ano passado, a actuação da Glenn Miller Orchestra
O workshop é muito bom e apesar de conhecer a maior parte das pessoas que frequentam esta formação é sempre uma mais valia para quem participa.
Cristina Matos
Cristina Matos, 23 anos (clarinete)
É importante que haja festivais como o Caldas Nice Jazz de modo a proporcionar ao público o contacto com este género musical. É preciso também apostar forte na divulgação e assim poder dar a conhecer que estas iniciativas têm lugar nesta região.
Este ano vou participar no workshop pela terceira vez e faço-o pois tenho uma grande vontade de aprender. Além do mais temos descontos nos bilhetes dos concertos e temos a oportunidade de trabalhar com professores especialistas.