Banda caldense Declínios tem 30 anos e “muita vontade de continuar”

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Os elementos que têm integrado a banda, desde 1992, juntaram-se em palco para um espetáculo comemorativo, que decorreu na Frutos 2022

Criada em 1992, já fez mais de 2.300 espetáculos e o gosto pela estrada leva-a a querer percorrer muitos mais quilómetros. “Profissionalizada” em covers, aposta nos clássicos, que alterna com as novidades

A vinda de alunos de uma escola alemã gémea da Secundária Rafael Bordalo Pinheiro para um intercâmbio implicava que fossem recebidos em festa. Carlos Caldas frequentava o 9º ano e, na turma, havia alguns alunos que sabiam tocar, o que levou a professora de Física e Química a lançar-lhes um desafio: criar uma banda para fazer um espetáculo de receção aos colegas alemães. Assim fizeram e nascia, em maio de 1992, a banda Declínios, que celebra três décadas.
“Na época estavam na moda os Resistência e o nosso repertório foi praticamente todo dessa banda”, conta Carlos Caldas, recordando que encheram o pavilhão gimnodesportivo. Também numa alusão à banda do momento, a ideia inicial era chamarem-se Persistência, mas acabaram por se intitular de Declínios por sugestão de um dos elementos e, à falta de melhor opção, lembra o músico, revelando que o nome não tem um significado especial.
A formação inicial era composta por Carlos Caldas, César Albano, Guilherme Ruivo, Rodrigo Baptista, Nuno Silva, Ricardo Crespo, Nelson Feijão e Miguel Custódio e, dessa altura apenas permanece no projeto, o seu vocalista, Carlos Caldas. Uns foram saindo, e outros entrando, até à formação atual, composta por Carlos Caldas na voz, Hermano Carvalho na bateria, Nelson Rodrigues na guitarra e Rafael Correia, no baixo. No entanto, no passado dia 27 de agosto, juntaram-se em palco os 13 elementos que passaram pela banda, num espetáculo comemorativo do seu 30º aniversário, que decorreu na Frutos. E correu tão bem, que a banda atual quer que, nos próximos aniversários, se possam voltar a juntar todos os elementos para um espetáculo comemorativo, em que o repertório vai variando.
“Foi uma experiência única, um conjunto de emoções, em cima e fora do palco. Vi pessoas a chorar, porque efetivamente marcámos gerações e também fomos marcados por essas pessoas que nos têm acompanhado durante todos estes anos”, conta Carlos Caldas sobre o espetáculo que demorou mais de duas horas e juntou mais de um milhar de amigos da banda.

Criação de novo repertório
Voltando à história. A banda que começou por fazer versões de músicas de outros artistas, passou a criar originais, cujas letras eram escritas por Carlos Caldas e Paulo Correia. Participaram em alguns concursos, como o Concurso Nacional de Música Portuguesa, em Évora, onde ficaram em terceiro lugar e ganharam a gravação da primeira maquete. Depois começaram a “levar a coisa mesmo a sério” e a fazer a mistura de covers com originais, mas perceberam que eram as versões musicais de outras bandas que lhes dava mais trabalho nos bares e discotecas da região, mas também na zona de Leiria, Pombal e Fátima. Os originais foram ficando para trás e foram-se “profissionalizando” em covers. Nos três primeiros anos todo o dinheiro ganho nos espetáculos era usado na compra de material para a banda e de uma carrinha, até para poderem deixar de pedir os carros dos pais, de cada vez que tinham de atuar. Também foram os pais quem lhes arranjou os primeiros locais de ensaio, garagens que tinham disponíveis, até que se mudaram para os Silos, onde permanecem.
Com milhares de quilómetros e mais de 2300 espetáculos feitos, 30 anos depois a banda está para continuar. Entre os seus elementos apenas Carlos Caldas e o Nelson Rodrigues vivem exclusivamente da música (com vários projetos) e os restantes têm outra atividade profissional, o que leva a que tenham de gerir bem a agenda de espetáculos. Mas convites não faltam: amanhã estarão a atuar no Pigs Rock Festival, em Moinhos de Carvide, e, no sábado, nas Festas de Barrada, Abrantes. “Acho que este inverno vai ser bastante bom para os músicos, em geral, e era importante que se reforçasse esse apoio das pessoas às bandas sem ser no verão”, defende o vocalista da banda, que vai apostar num novo repertório baseado numa mistura entre os clássicos e músicas que são novidade.
“Já passámos muito frio, já ouvimos menos do que devíamos, mas temos um amor muito grande à música e às pessoas que nos seguem”, conclui Carlos Caldas. ■

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