Autores de quatro continentes fazem deste Folio o mais internacional de sempre

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O festival contará com perto de 300 horas de programação em 11 dias (arquivo)

Dezenas de escritores de 12 países dos quatro cantos do mundo marcam presença na quinta edição do Fólio, que decorre entre 10 e 20 de Outubro em Óbidos. Subordinado ao tema “O tempo e o medo”, o festival conta ainda com exposições e iniciativas musicais, num total de 295 horas de programação e 500 intervenientes.

O presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, que é também poeta e escritor, estará presente na abertura do Fólio, a 10 de Outubro. No encerramento estará o escritor português José Rodrigues dos Santos, que fará um pré-lançamento do seu novo livro e falará sobre a inteligência artificial e o seu impacto na sociedade.
Pelo meio, durante 11 dias, haverá 160 iniciativas, envolvendo cerca de meio milhar de pessoas. Assumindo-se como a mais internacional de todas as edições, contará com autores e pensadores portugueses, mas também oriundos de Angola, Bélgica, Brasil, Cabo Verde, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Índia, Itália, Suécia e Tailândia. Entre os participantes, o Brasil é o que tem mais nomes confirmados, como Geovani Martins, autor de “O Sol na Cabeça”, o poeta Francisco Bosco ou o editor Paulo Werneck. Marcarão também presença os franceses Mathias Énard e Frédéric Martel, Donald Ray Pollock, dos EUA, Ralph Rothmann (Alemanha), Arne Dahl (Suécia), Christoffer Petersen (Dinamarca/Gronelândia), Elena Varvello (Itália), Zeruya Shalev (Israel) e Marina Perezagua (Espanha), entre outros.
Uma diversidade que “torna o debate muito mais interessante, pois conseguimos confrontar as diversas culturas pelo mundo”, salienta Paula Ganhão, da produção executiva do Folio, à Gazeta das Caldas.
O “tempo e o medo” foi o tema escolhido pela organização pela transversalidade de abordagens, que podem ir desde as fobias, quotidiano violência, guerra e paz, a inteligência artificial, às alterações climáticas. “Para além de uma plataforma de encontro entre línguas e literatura, Óbidos pretende ainda ser um palco para debater temas actuais que preocupam a sociedades contemporâneas”, explica Paula Ganhão.
A reflectir sobre esta problemática estarão pensadores de várias áreas, desde a Filosofia à Ciência Política, passando pela Economia, Educação e Tecnologia. Nomes como José Gil, José Eduardo Agualusa, Hélia Correia, Gonçalo M. Tavares e Nuno Júdice, serão alguns dos convidados. Também o humorista Ricardo Araújo Pereira, “que já é da casa”, voltará este ano para dar uma conferência sobre o medo e Maria Rueff dará uma masterclass onde fará a ligação entre o medo e o humor.
Gonçalo M. Tavares trará a Óbidos o Wrong House Project, que consiste em folhas de papel e texto do escritor que vão estar em vários locais, convidando os visitantes a desenhar o que é para eles o conceito da casa errada. No final será feita uma exposição com as propostas apresentadas.

Tenda dos editores na Praça de Santa Maria

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A jornalista Ana Sousa Dias e Pedro Sousa, da Sociedade Óbidos Vila Literária, são os curadores do Folio Autores e criaram um programa ligado à temática do medo, que será debatido em 16 mesas de autores, no auditório da Casa da Música. Maria José Vitorino volta a assumir a curadoria do Folio Educa, Mafalda Milhões do Folio Ilustra e José Pinho é o responsável pela programação do Folio Mais, em parceria com várias editoras.
Uma das novidades para esta edição é a tenda dos editores na Praça de Santa Maria, com a presença de 15 editoras. Para além de livros, o espaço terá um auditório e programação permanente ao longo do festival.
Os espectáculos que decorrem na cerca são garantidos pela Fundação Inatel. A cantora Cristina Branco irá abrir o festival e pelo palco passarão também Omniri, Danças Ocultas, Recanto, Diabo na Cruz, Por Terras do Zeca e O Gajo. Será também da responsabilidade da Fundação Inatel as mesas de autores que irão decorrer no Museu Municipal.
Diáriamente, depois do Folio terminar, por volta da meia-noite, há programação nos vários cafés e bares que incentiva as pessoas que pernoitam em Óbidos a continuar a festa.
Uma das estratégias do Folio é ligar a literatura à comunidade local, que participa na programação de várias formas. Um grupo de jovens da freguesia do Vau, que estudou Teatro na ESAD, está a criar um espectáculo baseado numa obra de Clarisse Lispector e ligada à temática do evento, os alunos da Academia de Música participarão em concertos e todas as pessoas do concelho que escrevam livros têm um palco no festival para os apresentar. “Temos a comunidade a participar, mas também todo um trabalho de programação que lhes é direccionado, através do Folio Educa”, referiu Paula Ganhão, acrescentando que é esta característica que diferencia o Fólio de outros encontros internacionais de literatura.
Esta edição tem um orçamento de 250 mil euros (igual ao do ano passado), que é suportado pela autarquia através de candidaturas de financiamento, parceiros e patrocinadores.

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