O livro “O Fontanário Monumental da Quinta da Pegada”, da caldense Maria Amélia Monteiro, foi apresentado no passado dia 14 de Outubro, no The Literary Man Óbidos Hotel, perante uma sala repleta. Um trabalho que nasceu da “inquietação” da autora sobre aquele monumento, praticamente desconhecido, e que contribui para a valorização do património de Óbidos.
A obra de Maria Amélia Monteiro dá a conhecer um monumento barroco de grande beleza e praticamente desconhecido na região, situado numa propriedade privada – A Quinta da Pegada, junto a Óbidos. O seu primeiro contacto com o fontanário da Quinta da Pegada ocorreu em 1986 quando foi leccionar Educação Visual para a nova escola Josefa de Óbidos e integrou o clube de artes e património, tendo feito várias visitas ao local. A então docente deixaria aquela escola, mas levou consigo a curiosidade pelo monumento que se situava numa propriedade particular e voltaria, por várias vezes, à Quinta da Pegada onde conversava com o seu proprietário que à época era Palmério Ribeiro.
Dessas conversas e de muita pesquisa em arquivos resultou a obra editada pela Caleidoscópio. Durante a apresentação, Maria Amélia Monteiro referiu que o fontanário barroco, da primeira metade do século XVIII, cativa-a, pois assemelha-se a um “verdadeiro retábulo”. A autora acredita (pois tratou-se de um projecto particular sem qualquer formalidade) que o monumento tenha sido construído pelo arquitecto Rodrigo Franco, também autor do Santuário do Senhor Jesus da Pedra. E avança que a sua edificação poderá estar ligada a uma “insólita história de santidade” envolvendo os proprietários da quinta Catarina Gerarda e Estêvão Malhão. A filha deste casal era Francisca Antónia, nascida em 1720, de quem se diz que tinha visões dos santos e que chegou a viver no Convento da Rosa, em Lisboa. Era devota de Santa Teresa e acabou por ser sepultada no Convento de Vale Benfeito.
Na obra é feita uma “visita guiada” pela Quinta da Pegada, com referências à origem do nome da quinta e seu historial, à habitação, ao laranjal, ao tanque, assim como a algumas pessoas que ali viveram.
Maria Amélia Monteiro deixou ainda um apelo à Câmara de Óbidos para que encete conversações com os actuais proprietários no sentido da recuperação do monumento, que está um pouco degradado.
O historiador Nicolau Borges apresentou a obra de que foi “cúmplice” durante a escrita. O também coordenador do Centro de Formação Centro-Oeste falou da sua admiração pelo “trabalho minucioso, quase de arqueólogo, que Amélia Monteiro colocou neste trabalho”. Referiu-se também à obra, adjectivou-a de envolvente e cativante, e acrescentou que a leu por duas vezes e que foi visitar alguns dos locais que a autora descreve.
Nicolau Borges disse ainda que o livro deve ser visto como uma fonte documental e destacou a simbologia que inclui ligada às águas.
A apresentação do livro foi pontuada por um momento musical, interpretado por alunos e o director da Academia de Música de Óbidos.
A obra “O Fontanário Monumental da Quinta da Pegada” vai estar à venda na Gazeta das Caldas e na livraria de Santiago em Óbidos.































