Autor ligado às Caldas continua a estudar termalismo

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Vincent Martins continua a estudar a hotelaria e o termalismo de várias zonas do país. Depois das Caldas e do Gerâs, seguiu-se uma monografia sobre Caldelas

Vincent Martins é francês, filho de um bombarralense e uma lisboeta, mas viveu nas Caldas da Rainha com a família nos anos 1990. E foi na cidade termal que completou a escolaridade até ao ensino secundário.
Recentemente este autor, de 34 anos, publicou o terceiro livro dedicado às termas: “Águas bicarbonatadas, cálcicas, fluoretadas e hipossalinas de Caldelas” .
O luso-gaulês contou à Gazeta das Caldas que esta investigação, iniciada em 2017, é um estudo inédito sobre as termas de Caldelas e que retrata também a história social, termal, hoteleira e arquitetónica daquela localidade do concelho de Amares que fica a 17 quilómetros de Braga.
Composta por 273 páginas, esta nova monografia tem prefácio da escritora Alice Vieira que passava os verões da sua infância e juventude em Caldelas e que, por isso, quis partilhar as memórias dos tempos áureos vividos naquele local. Aquela estância termal era ponto de encontro e de reencontro anual da alta sociedade portuguesa e estrangeira.
“Águas bicarbonatadas, cálcicas, fluoretadas e hipossalinas de Caldelas” está organizada cronologicamente e inicia-se no séc. XVIII, caminhando na História até à atualidade, o ano de 2020.
Vincent Martins contou que nesta investigação está patente todo o historial daquela localidade, as origens romanas e a evolução ao longo do período medieval.
A história de Caldelas é contada até meados do séc. XIX, quando são “redescobertas as Termas e alvo de profundos melhoramentos a partir da ação de Bernardo José Barbosa, Visconde de Semelhe”, disse o autor que, para além do historial rural desta localidade minhota, vai dedicar-se também ao estudo do surgimento de diversas unidades hoteleiras, “fruto do investimento de capitalistas bracarenses, portuenses e alguns habitantes da região”.

Apoio das entidades locais
A edição do terceiro livro de Vincent Martins contou com o apoio da Câmara Municipal de Amares e também da Junta de Freguesia de Caldelas.
Caldense por adoção, diz que continua ligado às Caldas da Rainha pois foi esta cidade que lhe originou “o gosto pelo termalismo e hotelaria antiga”. Na sua opinião, esta nova monografia sobre “as termas de Caldelas, as suas águas e gentes” também despertará o interesse dos caldenses.
Segundo Vincent Martins foram alguns dos locais “que largaram forquilhas e arados para se tornarem hoteleiros de renome na região”. O autor também fez o estudo genealógico de cada proprietário ou concessionário hoteleiro, “o que permitirá a gerações futuras manter viva a história local”.
Os eventos históricos que surgiram neste espaço de tempo nas termas de Caldelas, tais como visitas oficiais, acontecimentos dramáticos como os incêndios de algumas unidades hoteleiras são analisados em profundidade ao longo desta monografia.
O estudo ainda inclui a parte arquitetónica de cada hotel, “tanto no caso das construções ou ampliações, recorrendo a desenhos que demonstram evoluções da mancha hoteleira”, disse o autor, que também estudou a evolução dos próprio negócios hoteleiros relacionados com aquelas termas em específico. Dá ainda a conhecer como era o funcionamento de uma unidade hoteleira do séc. XIX, pois Vincent Martins analisa uma delas “por dentro”.
Esta terceira monografia é ilustrada por vários bilhetes-postais da coleção do autor que permitem visualizar o ambiente e características do termalismo caldelense.

Gerês depois das Caldas
O luso-gaulês começou a investigar sobre termas e hotelaria em 2012, altura em que lançou o livro “Grand’ Hotel Lisbonense – Caldas da Rainha – História Social e Arquitectónica com observações em Teoria de Conservação e Restauro”. Este primeiro estudo foi feito no âmbito académico, pois formou-se em em Conservação e Restauro de Madeira e Mobiliário em Lisboa. Quatro anos depois de ter lançado esta obra, dedicada às termas das Caldas e ao Hotel Lisbonense, seguiu-se uma outra, à qual estudou os “Grandes Hotéis das Caldas do Gerês”. A segunda obra sobre este tema foi editada pela Câmara Municipal de Terras de Bouro.

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