O atelier de cerâmica de autor vai dar lugar a conversas e a exibição de cinema sobre esta arte

Miguel Neto é ceramista e organizou uma sessão de trabalho ao vivo à roda. Foi a primeira de mais iniciativas que quer fazer, abrindo o seu espaço de trabalho a outros eventos ligados ao barro

O Atelier de cerâmica 19, no nº 19 da Rua Adelino Soares de Oliveira, um armazém nas Caldas da Rainha que agora alberga a oficina de vários autores, abriu as suas portas ao público a 26 de Fevereiro, para dar a conhecer uma sessão de olaria ao vivo. Um dos ceramistas responsáveis por aquele espaço, Miguel Neto, fez, em cerca de dez minutos, dez pratos à roda. Em total silêncio, a plateia de 12 pessoas que veio assistir a esta primeira iniciativa teve a oportunidade de conhecer as várias fases, necessárias a este trabalho autoral. Miguel Neto é de Torres Novas, mas vive e trabalha nas Caldas há vários anos.
Dedica-se à cerâmica de autor e, na sua opinião, rodar uma peça “é algo tão difícil como escrever um texto ou tocar um instrumento musical”, contou o autor que trabalha em grés e que também desenvolve projectos em porcelana.
Este oleiro que faz esculturas, painéis e outras peças decorativas, recorrendo a técnicas como modelação, a lastra e a olaria de roda considera que é necessário realizar mais actividades que permitam ao público conhecer em pormenor como decorre o processo e as diferentes fases de constituição de uma peça de olaria contemporânea.
Entre o público que assistiu a este primeiro evento contaram-se ceramistas, investigadores, industriais e estudantes da área da cerâmica e do design.

UM NOVO ESPAÇO DE TERTÚLIA CERÂMICA

“Creio que também está a nascer um novo espaço de tertúlia dedicada à cerâmica”, referiu o responsável que divide o atelier com Paula Violante, além de ceramista é também formada pela ESAD.
Os dois artistas fazem parte do projecto Os Desalinhados, um grupo que se dedica à performance e que leva a execução cerâmica aos vários palcos do país.
“Queremos trazer a este espaço outras iniciativas como trazer convidados a apresentar os seus trabalhos como até exibir cinema cerâmico”, disse o autor, acrescentando que ter um atelier de trabalho não significa que os responsáveis tenham que se dedicar apenas à produção e à resposta a encomendas.
“Há vontade de fazer acontecer”, reforçou o ceramista explicando que, em breve, o Armazém 19 vai organizar ateliers abertos onde o público poderá contactar com autores que trabalham nas mais diversas actividades artísticas e que agora dão nova vida a espaços anteriormente devolutos, situados no centro da cidade.

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