
O Latitudes, que incluiu dezenas de atividades em quatro dias, superou as expetativas da organização. E regressa no próximo ano
A residência literária Ruy Belo, situada dentro da vila, foi inaugurada a 24 de abril, com a presença dos filhos do escritor e inserida no festival Latitudes. O edifício camarário que se encontrava devoluto deu agora lugar à primeira residência literária oficial, onde os escritores poderão encontrar cerca de 2 mil livros da coleção particular, assim como diversas referências literárias e fotográficas ao autor, natural de S. João da Ribeira (Rio Maior).
A casa, composta por sala, cozinha, dois quartos, um escritório e uma varanda com vista sobre a vila, terá como primeiros inquilinos os escritores moçambicanos Maya Ângela Macuácua e Geremias Mendoso, vencedores da quarta edição do Prémio Literário Fernando Leite Couto.
Em Óbidos existe também a residência literária Josefa d’Óbidos, que irá continuar a receber escritores de todo o mundo. Em breve estará ocupada com escritores que integram o projeto CELA (Connecting Emerging Literary Artists) e depois receberá um escritor brasileiro, fruto de uma parceria com o município de Conceição de Mato Dentro. “O objetivo é que estas residências possam estar ocupadas durante todo o ano e não apenas pelo Folio”, explicou a vereadora da Cultura, Margarida Reis.
Para além desta inauguração, o festival teve, logo no seu primeiro dia, uma outra, do Sketch Tour Portugal, que integra os conteúdos de um livro que deverá ser lançado até ao final de maio. A mostra inaugurada pela secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, e pelo presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, encontra-se patente no Museu Abílio e junta desenhos de urban sketchers portugueses e estrangeiros e textos produzidos por escritores nas sete regiões de turismo, em malas gigantes. Todas as malas têm uma paisagem sonora das paisagens e apresentam uma recolha arqueológica, que pode passar por um original frasco cheio de nevoeiro matinal, colhido pelo escritor Jacinto Lucas Pires no Norte do país.
Durante os quatro dias de festival houve apresentações de livros, conversas com autores, tertúlias, espetáculos, exposições, workshops e aulas abertas. Entre as novidades estão a ligação da literatura, viagens e gastronomia, com a realização de um jantar literário dedicado a José Saramago e das latitudes gastronómicas, com a realização de uma prova de queijos da região Centro e vinhos franceses da região da Alsácia.

Para o criador e coordenador do festival, José Pinho, esta edição revelou-se uma “surpresa”, destacando a participação do Turismo de Portugal com a exposição que foi vista pela primeira vez em Óbidos e que agora viajará pelo mundo. Este festival sempre teve uma “relação intensa” com os Urban Sketchers e este ano teve a particularidade de receber desenhadores portugueses e franceses, que participaram na mostra e estiveram a desenhar Óbidos.
Também a vereadora Margarida Reis considera que o festival “superou as expetativas” em termos de visitantes e da qualidade da programação. “O Latitudes traz muitas pessoas a querer partilhar a experiência de viagens, o que acaba por ser muito enriquecedor”, destaca, acrescentando que nesta edição também envolveram mais a comunidade escolar.
O festival voltará no próximo ano e José Pinho já tem ideias para a edição. “Gostaria de decorresse em dois fins de semana, para se poder aproveitar a programação e contar, de novo, com os Urban Sketchers em Óbidos”. ■






























