
Durante o fim de semana de 6 e 7 de Outubro a arte invadiu a Expoeste. O Artshow tomou conta do centro de exposições com a participação de 251 artistas de todo o país, tendo alguns trabalhado ao vivo durante o evento. Apesar das entradas gratuitas, o público não acorreu em força, tendo o certame sido procurado por cerca de seis mil pessoas durante os dois dias, segundo a organização.
Espera-se que este evento, iniciado pela empresária Paula Mendes, com o apoio da Expoeste e da autarquia, possa crescer e continuar a chamar artistas às Caldas da Rainha.
Dava gosto olhar para o interior do centro de exposições, repleto de obras de arte. Estiveram presentes trabalhos de pintura, cerâmica, escultura, joalharia, body painting e arte urbana num evento que quer colocar as Caldas no mapa das artes contemporâneas.
Na sua inauguração marcaram presença o presidente da Câmara, Fernando Costa e a vereadora da Cultura, Maria da Conceição, que visitaram a mostra e receberam artistas e socialites que se juntaram a esta iniciativa. Apesar de não se terem confirmado as presenças de Joe Berardo, de Lili Caneças e de Rita Guerra, houve outros artistas que “abrilhantaram” a abertura do ArtShow. Em destaque esteve o cantor Bonga que, acompanhado por uma bailarina, colocou os presentes a dançar. O tenor Giovanni d’Amore trouxe uma nota de música erudita à iniciativa, que ainda contou com as presenças das actrizes Rita Ribeiro e Delfina Cruz.

Para o cantor Bonga, apoiar este tipo de eventos é muito importante. “Eu também sou um artista e estou solidário com os meus colegas e com eventos desta natureza. Infelizmente a cultura ainda é parente pobre nas estruturas políticas de qualquer que seja o país”, disse à Gazeta das Caldas.
Bonga achou que em relação ao Artshow estava “tudo óptimo” e só lamentou “que o fluxo das pessoas não seja grande”.
E o que fazer para motivar visitantes? “Não sei, talvez dizendo que há uma telenovela a passar no início e um beberete no final”, disse, rindo, o cantor, que conhece as Caldas da Rainha e que procurava uma peça de louça típica para levar. Bonga pensa regressar às Caldas em especial “se continuarem a organizar eventos desta natureza”.
Para a actriz Rita Ribeiro estas iniciativas devem ser apoiadas pois “é importante para os artistas partilhar a arte que produzem”. A actriz conhece a cidade onde já actuou, mas como não vinha há muitos anos diz que a achou muito diferente.

A actriz Delfina Cruz disse que ao entrar nas Caldas da Rainha “senti que era uma terra com muita cultura pois deparei-me logo com três museus”.
A cantora Júlia Valentim e o músico Paulo Matias trouxeram ao evento standards de jazz, tendo actuado nos dois dias do certame. Segundo a cantora, “eventos como este têm que continuar pois é a cultura que nos vai ajudar a mudar tudo isto”. Os músicos tocam também temas soul, swing e dos anos 70 e 80 e actuam em bares e em festas. No domingo, também animaram o Art Show, o grupo de violinos Os Corvos.
Os artistas nacionais foram trazidos pela Sandra Lacerda Eventos, empresa de Lisboa que entretanto vai passar a ter sede nas Caldas. “Está a ser muito bom, muito agradável e com bons momentos de animação e convívio. Está tudo a correr dentro das nossas expectativas”, disse a empresária Sandra Lacerda que foi a responsável pelas presenças dos artistas e socialites nacionais no ArtShow.
Artistas gostariam de ter contado com mais público
“Esta é uma aventura que já não se faz pois fizemo-la sem meios e sem condições”. Palavras de António

Marques, responsável pela Expoeste, entidade parceira de Paula Mendes na realização do ArtShow. Dos 280 artistas previstos inicialmente, 32 faltaram à chamada, “mas não é fácil para todos deslocar-se um fim de semana às Caldas, sobretudo para os autores mais jovens”, disse o responsável.
Ao todo, o certame teve um orçamento de 10 mil euros pois para o realizar “conjugaram-se várias boas vontades”, disse o director da Exposte. A Câmara colaborou com 2.500 euros, mas António Marques espera que a autarquia possa apoiar mais a posteriori.
“Portugal não fechou para balanço e é através da vertente cultural que haveremos de despertar”, disse este responsável, que acrescentou: “se nós tivéssemos meios, faríamos desta plataforma cultural o maior evento do género da Península Ibérica”.
A organizadora do evento, Paula Mendes estava satisfeita pois os artistas salientaram a boa organização do certame e porque veio gente de todo o país. Além da parte expositiva, do ArtShow fez parte a vertente das artes decorativas, que contou com pelo menos 600 pessoas ao longo dos dois dias. Os workshops foram dados por 10 professores que leccionaram em simultâneo.
Cláudia Santos formou-se em Artes Plásticas em 2007 na ESAD e concluiu o seu mestrado em 2010. A autora vive nas Caldas e estava satisfeita por estar a participar no evento. “Vê-se mais participantes no Artshow do que público…”, desabafava a artista, que trouxe uma série de pinturas sobre o corpo humano.
Além da artes plásticas, no piso superior da Expoeste estiveram autores que se dedicam ao artesanato urbano e dedicado ao público infantil. Foi o caso de Madalena Penha, que veio do Peral (Cadaval) para mostrar o seu trabalho dedicado às crianças e que utiliza o material EVA (uma substância parecida com borracha) para criações infantis. “Estou a gostar de participar, espero que me convidem para participar no próximo ano”, disse.
Grafiiters colocaram Caldas a viajar pela Europa
O fotógrafo Abel Dias participou no evento com uma exposição de fotografia muito especial. Criou num stand uma espécie de “sótão de emoções” decorado com móveis antigos de onde saíam fotografias que marcaram a sua carreira. São imagens importantes de gente do teatro, da música, da política, do cinema e da fotografia europeia. “Gostei muito de participar nesta iniciativa onde também me transformei em apresentador”, disse o fotógrafo, presença habitual nas revistas cor-de-rosa.
Abel Dias contou que o facto de ser conhecido “ajuda a dar visibilidade a uma iniciativa como esta, o que é bom para todos”.
Marcaram igualmente presença as joalheiras locais Cecília Ribeiro e Liliana Alves, que apresentaram as novas colecções neste certame. Ambas notaram um grande interesse pelo seu trabalho. A ceramista Paula Clemente destacou a qualidade dos trabalhos dos expositores e a boa organização da iniciativa. “Gostava apenas de ter mais público e uma maior presença de ceramistas pois é um bom evento para darmos a conhecer o nosso trabalhou”, rematou.
No exterior da Expoeste estiveram dois graffiters a trabalhar num semi-reboque, a convite da organização. Foram grafitados o Zé Povinho, Bordalo Pinheiro e o nome da cidade. Este veículo pesado pertence a uma empresa de distribuição da região que agora vai viajar por toda a Europa, exibindo símbolos das Caldas da Rainha. “Gostamos de participar nestas iniciativas e de desenvolver este tipo de trabalhos”, disse João Olivença, um dos autores do trabalho.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt






























