Artistas residentes em exposição no Centro de Artes

A exposição integra diferentes propostas de pintura, instalação e desenho, muitas site specific (criadas para o próprio local). Estes são trabalhos que  “reflectem a permanência de cada artista nas residências do Centro do Artes”, disse o seu director, José Antunes, explicando ainda que cada um dos autores, todos formados pela ESAD, vão oferecer uma obra que passará a integrar a colecção do Centro de Artes.

Os trabalhos estão agora em exposição nas salas do Atelier-Museu António Duarte e poderão também ser vistas pelo público “que poderá ajudar na aferição das obras de cada autor que poderão ser seleccionadas para a colecção municipal”, disse José Antunes.

A expor estão o lisboeta Ricardo Norte, que se licenciou em Artes Plásticas em 2003 na ESAD e que actualmente frequenta o mestrado de Estética na Faculdade Nova de Lisboa. Daniel Lopes, natural de Seia, formou-se na escola de artes caldense em 2008 e tem particular interesse em mecanismos, baseando-se na arte de relojoeiro do seu avô. Trabalha num oficina em Sintra.

Nascido em Serra d’El-Rei em 1975, Nuno Fragata formou-se em Design e Tecnologias Gráficas e Artes Plásticas na ESAD e actualmente frequenta na mesma escola o Mestrado em Artes Plásticas. Premiado no Festival Amadora BD em 2000,  este autor prosseguiu formação em Cinema de Animação. É docente na escola de artes caldense.

Quando a pintura extravasa os suportes convencionais

Tiago Baptista, 25 anos, nasceu em Leiria e terminou o curso de Artes Plásticas em 2008. Esteve até 2010 em residência artística no Centro de Artes e o seu trabalho desenvolve-se em torno da pintura e desenho. Vive actualmente em Lisboa e está em residência permanente na Galeria Zé dos Bois, no Bairro Alto.

Este autor tem uma sala onde apresenta vários trabalhos que documentam a estadia na residência artística nas Caldas. Além das obras, a sala acolhe objectos do quotidiano do trabalho em atelier, desde esquissos, CDs de música e até a própria roupa de trabalho de Tiago Baptista. Nas calças há tinta acumulada, assim como num prato onde as diferentes camadas se foram depositando. “ São peças que contam o processo da estadia aqui”, explica o artista, que retratou o autor contemporâneo  em tamanho natural num interessante trabalho onde a pintura surge como uma espécie de armadura.

Para o autor, que já viu o seu trabalho distinguido com o 1º lugar do concurso “Prémio Fidelidade Mundial Jovens Pintores 2009” este tipo de residências artísticas como a que realizou nas Caldas “são imprescindíveis, mas não creio que seja necessário formalizar este relacionamento”. Considera que houve por parte do Centro de Artes “toda a abertura para nos receber” e ainda referiu que, para muitos artistas, é essencial conseguir ter uma área de trabalho de modo a poderem dar continuidade ao seu processo criativo quando acaba o percurso académico.