Ao fim de dez anos de carreira os caldenses We Are Plant lançam o primeiro álbum

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No ano em que celebram 10 anos de carreira, os Plant mudaram de nome para We Are Plant e lançaram o seu primeiro álbum, “Introspective View of Things”. À Gazeta das Caldas os quatro amigos caldenses falaram desta década de muita música e aventuras, do seu mais recente trabalho e dos planos futuros.

 

Corria o mês de Maio de 2008 quando estes quatro amigos – Alexandre Gomes, Luís Arrabaça, João Fernandes e João Henriques Pereira – se juntaram num sótão das Caldas para tocar instrumentos musicais. Formaram uma banda e deram o seu primeiro concerto, já em 2009, no Bar Xadrez. Conta-nos Alexandre Gomes, vocalista e baixista, que nesse momento começaram “uma jornada de descoberta”, que os levou a pisar diferentes palcos, principalmente através dos concursos de bandas, que os levaram de Norte a Sul do país.
Os concursos valiam muitas vezes a participação em festivais com algum renome e a abertura de concertos de bandas sonantes do panorama musical nacional, como os Buraka Som Sistema e Rita Red Shoes, nas festas do Bodo (Pombal) ou os Azeitonas, na semana académica de Évora.

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Nas Caldas abriram um concerto do feriado municipal do 15 de Maio em que actuou Rebeca e os Costa Verde e também abriram o concerto dos Pontos Negros, quando eles vieram à cidade termal.
Mas a banda nunca foi o sustento ou a ocupação profissional dos seus elementos. “É um hobbie e um sonho”, diz João Fernandes (guitarrista).
Ao longo dos anos foram recebendo algum dinheiro pelas actuações e concertos. “De tudo o que ganhámos até hoje ninguém levou nada para casa, foi tudo investido em material e viagens, a banda é auto-sustentável e hoje temos excelentes condições”, explica João Fernandes.

 

OS QUATRO MOMENTOS CHAVE

 

Neste percurso de uma década “houve quatro momentos chave”, sintetiza João Henriques Pereira (baixista e guitarrista). O primeiro foi o concerto no Xadrez, “numa altura em não havia muita música ao vivo nas Caldas”.
O segundo foi o dia em que receberam no MySpace um contacto de Michael Agostinho, um homem com grande ligação à música, que lhes “deu uma perspectiva mais profissional do que deveria ser uma banda”.
O terceiro momento chave surge depois de um abrandamento da banda devido ao nascimento dos filhos da maioria dos elementos e tratou-se de um convite para tocar em Mação, para 6000 pessoas, abrindo o concerto dos Xutos e Pontapés. “Durante três meses ensaiámos intensivamente para preparar essa actuação, foi um momento de viragem”, descreve João Henriques Pereira.
O último grande momento foi a actuação, enquanto cabeça de cartaz, na Frutos, no Parque D. Carlos I. “Chegámos à conclusão que não fazia sentido continuar sem lançar um álbum, quando ainda para mais já tínhamos mais de 30 músicas”, refere João Fernandes.
Mas a História escreve-se no dia-a-dia e daqui a uns anos é provável que o momento que vivem actualmente seja também um dos que irão destacar. Isto porque, ao fim de dez anos a tocar músicas originais (nunca tocaram covers), já com mais de 30 canções produzidas, lançaram o seu primeiro álbum em Novembro deste ano. “O álbum mostra o caminho que fizemos”, afirma João Fernandes, explicando que já antes haviam tentado produzir um CD.
“É um álbum grande para os dias de hoje, com 14 músicas”, descreve João Henriques Pereira. “Introspective View Of Things” foi disponibilizado pela banda em todas as plataformas online de forma gratuita (incluindo o Youtube e Spotify). “O objectivo não é ganhar dinheiro”, esclarecem. O CD físico está em fase de produção e em breve começará a ser vendido.
E é, acima de tudo, eclético. “Tem músicas a roçar o grunge dos anos 90 e outras que nada têm a ver com isso, com músicas que fizemos há 10 anos e outras há um mês”, conta João Henriques Pereira.
“Introspective View Of Things” tem temas em português e inglês. A aposta em cantar em português foi um desafio que a banda, que sempre havia cantado em inglês, colocou a si própria. “Tentámos manter a identidade, mas a cantar em português e é uma aposta para continuar”, explicam, salientando, ainda assim, que não vão apenas cantar em português. “É conforme os feelings”, esclarece o baterista Luís Arrabaça.
Por outro lado, este momento marca também a mudança de nome de Plant para We Are Plant, que está relacionada com o facto de haver uma grande dificuldade para encontrar a banda na Internet. Procuraram uma solução que não cortasse com o que havia sido feito e encontraram esta.
O processo de criação musical da banda também foi mudando. Os primeiros temas era principalmente João Fernandes quem “trazia um riff ou a melodia já completa e a letra e nós compúnhamos o ramalhete”, brinca Alexandre Gomes. A primeira metade dos temas que fizeram surgem dos riffs que cada um dos quatro levou para o sótão. A partir daí, sensivelmente outra metade nasceu no próprio sótão onde ensaiam. Primeiro vem sempre a melodia e depois João Fernandes escreve as letras.

 

“ATÉ SERMOS VELHINHOS”

 

“Gostamos muito do que fazemos e somos amigos há muitos anos, é uma coisa distintiva”, diz João Fernandes, que admite que acredita que vão continuar “até à eternidade, até sermos velhinhos”.
De resto, a banda tem o condão de ser o motivo de convívio de amigos. “Juntamo-nos religiosamente à sexta-feira à noite, tocamos, vêm outros amigos, bebemos umas cervejas, ouvem umas músicas e convivemos”.
E há alguns que têm ajudado a evoluir a banda. Jorge Martins e Nuno Vital são parte da equipa, tal como João Arrabaça e Alexandre Fernandes. Por outro lado, Nuno Oliveira, que fez a mistura e masterização do álbum, foi “um elemento chave”.
Os agora We Are Plant tocam frequentemente em Lisboa, nos bares Tokyo e Popular, onde planeiam continuar a actuar. Notam que de há um ano para cá as Caldas voltou a ter espaços para bandas de originais, como os Silos, A062 e Centro da Juventude, mas ainda assim, nota João Fernandes, que tocavam “muitas vezes no Xadrez e hoje em dia não temos um sítio assim, onde podemos tocar quando queremos”.
Por outro lado, João Henriques Pereira nota que já actuaram “no Centro Cultural de Aveiro, que é muito inferior ao CCC, que é fantástico e não conheço muitas bandas caldenses que lá tenham tocado”.
O vocalista Alexandre Gomes destaca que nas Caldas existem bandas de originais de qualidade e defende que se poderia “apostar em espectáculos de promoção do rock caldense, por exemplo, criando um festival”.
O ano de 2019 é para voltar à estrada depois de oito meses a gravar o álbum. “Queremos tocar no maior número de sítios possível e ir tocar ao estrangeiro”, traçam os We Are Plant. Nos planos está também fazer mais videoclips, embora o preço elevado seja um obstáculo.

 

Gazeta das Caldas
| D.R.

 

Gazeta das Caldas
“Introspective View Of Things” é o nome do álbum de 14 faixas | D.R.
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