Ana Jacinto Nunes conta histórias pintando em tecido

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Gazeta das Caldas
Ana Jacinto Nunes já viveu em vários países e conta histórias usando a pintura sobre diferentes tipos de materiais

Cama de Ópio assim se designa a exposição de pintura de Ana Jacinto Nunes, inaugurada a 25 de Novembro na galeria do CCC. A autora, que já viveu em vários continentes, usa bichos e monstros para contar as suas histórias. Do Oriente trouxe tecidos que usa como base para as suas pinturas que podem ser apreciadas até ao final do ano.

A galeria do CCC alberga até ao final do ano uma colecção de pinturas de vários tamanhos onde se contam as mais variadas histórias de Ana Jacinto Nunes.
A artista, que já viveu em Macau, EUA e Itália, dedica-se a contar narrativas referentes aos países onde viveu. Pinta os seus contos sob tecidos orientais, que manda vir de Macau, onde viveu quando tinha 23 anos.
Antes de se dedicar às artes plásticas, Ana Jacinto Nunes estudou ballet e daí que o seu conhecimento sobre linguagem corporal seja profundo, algo que é transposto para as suas telas, desenhos e gravuras. “Os meus bichos pintam comigo, estão sempre lá”, disse a artista que gosta de sobrepor histórias de sítios onde viveu e que utiliza na maioria das vezes monstros e animais como personagens.
Nas pinturas, os bichos de Ana Jacinto Nunes seguram máscaras de rostos humanos, outros fumam ou usam telecomandos. Por outro lado, “está ali um sofá que é humano, já viu?”, aponta Ana Jacinto Nunes, enquanto conta que o convite para realizar esta mostra lhe chegou através das redes sociais.
A artista diz que quando chegou à galeria do centro cultural ficou assustada com o amplo espaço. Colocadas algumas paredes de pladur, construíram-se ambientes de proximidade. Estes destinam-se a observar melhor os seus trabalhos, feitos em tecido, em tela e em papel. Acima de tudo, Ana Jacinto Nunes interessa-se pelo desenho, seja na pintura, no desenho de jóias, ou quando executa peças em cerâmica.
“Sempre gostei de trabalhar em grandes formatos”, disse a artista, explicando que as maiores telas que trouxe para as Caldas tiveram que entrar pela varanda da galeria. Quanto às leituras sobre os trabalhos, “isso é convosco”, disse Ana Jacinto Nunes, referindo-se à multiplicidade de perspectivas que todos os que apreciam as suas obras de arte podem ter sobre as mesmas.
“Não me interessa que venham aqui e que haja muito silêncio…”, comentou a autora que colocou, logo à entrada da galeria, uma mesa com papéis de padrões orientais e vários lápis de cor e de cera. É, pois, um convite a miúdos e a graúdos para que possam experimentar expressar-se e deixar os seus trabalhos expostos na parede da galeria.
E é do Oriente também que veio a designação desta mostra. Cama de Ópio é uma mobília chinesa antiga que Ana Jacinto Nunes trouxe da ilha de Taipa de uma casa que ruíra. Pediu ao seu carpinteiro para a recuperar e hoje faz parte da sua casa, recuperada com uma perna prótese, que agora lhe permite fazer parte da decoração da casa da artista. Depois de ter passado de quarto em quarto, a Cama de Ópio “está finalmente comigo na minha cozinha onde faço barros, cozinho, dou jantares e faço comida”.
A Cama de Ópio está patente até ao final do ano, na galeria do CCC.

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