
Onze filmes realizados por alunos do curso de Som e Imagem da ESAD foram exibidos numa das salas do Cineplace (antigo Vivacine), na terça-feira, 29 de Novembro. Esta foi uma iniciativa que quis aproximar a ESAD da cidade e que já havia sido proposta há mais tempo pela escola. Só agora, com uma nova empresa a gerir os cinemas do centro comercial, houve abertura para organizar a sessão.
Às 21h30 de terça-feira à noite, a sala 1 do Cineplace estava completamente lotada, com as 160 cadeiras ocupadas. Do lado de fora ficaram quase 50 pessoas, que queriam assistir à sessão mas não tiveram lugar. Não é que estes espectadores se importassem de assistir aos filmes sentados nas escadas, mas por questões de segurança não lhes foi permitido.
Esta foi a primeira vez que os alunos de Som e Imagem da ESAD viram os seus filmes transmitidos nos cinemas do La Vie, depois de dois anos, 2010 e 2015, em que foram organizadas sessões no pequeno auditório do CCC.
Pedro Fortes, professor-mentor da iniciativa, disse que “já há algum tempo existia a vontade de trazer os filmes dos alunos ao cinema, mas só agora, com a nova empresa responsável, houve abertura para fazer uma colaboração”. O objectivo é aproximar a escola da comunidade, mostrar à cidade o que ali é produzido, numa tentativa que os trabalhos dos estudantes saiam fora de portas.
Pedro Koch, Isaac Penha, Luís Gonçalves, Celso Rosa, Diogo Brazão, Rui Mendes, Lucas Keating, Mónica Almeida, Inês Sampaio e Giuliane Maciel foram os alunos que exibiram as suas curtas metragens, num total de onze filmes que variaram entre os cinco e 23 minutos. Estes foram realizados no âmbito de disciplinas de Projecto Cinematográfico e convertidos para um formato profissional adequado à projecção de cinema. Como os alunos não tiveram nenhum tema subjacente à realização dos filmes, o resultado foi um conjunto final bastante diversificado.
“Pó em pé, pó deitado”, de Pedro Koch, foi o filme que abriu a sessão, explorando o dia-a-dia sempre igual de um informático desempregado há 18 anos. Mais tarde vimos a saber que se trata do pai do aluno e, segundo explica, as imagens foram filmadas num contexto real, sem qualquer apontamento artificial. Foi a primeira vez que Pedro Koch exibiu publicamente este filme, até à data o mais pessoal que realizou.
Deste retrato social passamos para um retrato vibrante da dança contemporânea, com “Antes de Existir”, de Luís Gonçalves. O aluno, que também é bailarino, decidiu documentar o processo de criação de um espectáculo, envolvendo duas performers e uma coreógrafa.
“Aquilo que mais me atrai não é a actuação final, mas todo o caminho criativo que se explora antes disso, a parte que o público não tem acesso”, explicou o jovem, que acabou por apresentar um “estudo” sobre o corpo humano das bailarinas. Treinadas, estas são capazes de movimentos que levam o seu corpo ao limite.
“Meia-Luz”, de Giuliane Maciel, foi o filme que encerrou a sessão e também uma das curtas que actualmente está mais presente em competições fora da escola. Do Curtas de Vila do Conde ao Caminhos Film Festival (Leiria) e, além fronteiras, do Crossing The Screen (Inglaterra) ao Equality International Film Festival (Ucrânia).
Em nove minutos, a aluna retrata a vida de uma jovem que está de luto e quer desprender-se das suas memórias passadas para iniciar um novo ciclo. O lado experimental do filme explora uma relação que esta personagem tem com um rapaz, em que não existe diálogo, apenas gestos e expressões. “Quis criar uma ligação metafórica entre os dois, que não fosse gratuita e puxasse pela cabeça do espectador”, revelou Giuliane Maciel, que não abandonou o projecto após apresentá-lo na escola, continuando a trabalhar para melhorar o resultado final.
“Pessach”, “Responsoria in”, “Gapiarra”, “Detido”, “Submarino”, “Pequenas Partes”, “Peinture Voyeuriste” e “Goma” foram os outros nove filmes exibidos na sessão.
PRÓXIMA SESSÃO NA CINEMATECA
Embora ainda não saiba avançar com uma nova data para o Cineplace, Pedro Fortes, professor responsável, disse querer organizar mais eventos deste tipo no cinema das Caldas. Até lá, adiantou que vai haver mais uma sessão na Cinemateca Portuguesa, no dia 16 de Dezembro às 21h30.
De recordar que, em Outubro, cinco filmes da ESAD – incluindo alguns transmitidos nesta sessão – estiveram em competição no DocLisboa, na categoria Verdes Anos, e que a escola caldense foi aquela que viu serem selecionados mais trabalhos. Sobre este reconhecimento, Pedro Fortes acrescentou que “as Caldas deve sentir-se especial por ter aqui uma nova geração de criadores, algo que, ao nível das pequenas cidades, é muito raro alcançar”.































