Foi agora editado livro de crónicas que reúne temáticas nacionais, regionais e locais
”Visto da Foz” intitula o novo livro de Alberto Costa, cronista colaborador deste semanário.
À maioria das crónicas, publicadas na Gazeta das Caldas, juntam-se outras que foram editadas no jornal alcobacense, Região de Cister.
As crónicas deste autor – publicadas entre 2021 e 2024 – versam sobre vários temas nacionais, regionais e locais e muitas foram alavancadas pelo facto de se ter assinalado, durante o ano transacto, os 50 anos do 25 de Abril”, contou o autor, que tem os seus textos datados neste livro.
No primeiro capítulo, que designou Calendário, reuniu crónicas de âmbito nacional sobre os 47 anos da Revolução, um discurso do Presidente da República sobre a Guerra Colonial ou ainda sobre a morte de Jorge Sampaio, o último Presidente da República que lutou contra a ditadura. Juntou outros sobre o final do período da governação de António Costa e também sobre a emergência do Chega.
No seguinte, Transições, dedica-se à digitalização e às alterações climáticas. Também reflete sobre o facto do sistema escolar beneficiar hoje as mulheres, em todo o mundo”. Passados 50 anos de Abril, “dá-se o absoluto triunfo às mulheres na escola mas depois são desvalorizadas no mundo do trabalho”.
No seguinte, Inércias e Mudanças, o autor acaba por tratar assuntos como o novo aeroporto de Lisboa, depois a limitação dos mandatos, sempre sobre contextos locais como aconteceu nas Caldas. Também aborda a questão do surgimento das candidaturas independentes ao poder local e ainda sobre a reforma judiciária que levou ao julgamento de um caso relacionado com a Foz do Arelho e que foi julgado em Leiria. “Se fosse há 15 anos seria julgado nas Caldas”, comentou Alberto Costa que acha que teria sido melhor se o julgamento tivesse sido mais próximo, com melhores condições de escrutínio, de proximidade e de controlo público do caso.
Alcobacenses pró-democracia na mira da CIA
“O primeiro caldense que me bateu à porta em Paris foi José Luís Almeida Silva”, recordou Alberto Costa, que conta posteriormente como foi o exílio de ambos.
Em Viagens na minha terra retrata também as viagens entre Mafra e Leiria (onde tinha a família) quando estava na tropa e “passava por várias localidades, incluindo as Caldas”.
Há duas crónicas dedicadas às reuniões clandestinas do Movimento das Forças Armadas, em 1973, em Óbidos e que conduziram ao fim do regime. Dedicou e homenageou também os locais que de alguma forma lutaram contra o Estado Novo, como o 16 de Março.
Em a Oeste dos Candeeiros, além de temáticas sobre a região e sobre o ocaso dos distritos, numa espécie de morte anunciada mas que ainda conta no que diz respeito às eleições dado que as pessoas desde Peniche a Castanheira de Pera votam para a mesma realidade política”, contou o autor, que também reflete sobre projetos como o novo aeroporto de Lisboa ou o Hospital do Oeste.
O primeiro caldense de quem foi amigo foi o historiador João Serra, a quem também dedica uma crónica, na altura em que “se frequentavam e discutiam os assuntos nos cafés das localidades”, disse Alberto Costa.
Há ainda uma crónica sobre o homem do Neandertal de que há vestígios encontrados a sul da praia da Foz, na praia do Rei Cortiço. Os vestígios foram recolhidos por investigadores da Universidade do Algarve. Este caçava com instrumentos de pedra lascada e fazia uso dos recursos marítimos, o que indicia que faria uso do que lhe oferecia a Lagoa.
Alberto Costa, que dedica esta obra aos seus netos, considera que é importante para as novas gerações contactem com temas contemporâneos que são caros a esta região, como também “para lhes mostrar a importância da imprensa regional e até do papel”.
Neste livro também se homenageiam pessoas que fizeram parte de acontecimentos com relevância para esta zona.
“Visto da Foz” conta ainda com um índice onomástico onde constam 90 nomes que são referidos no livro e “uma boa parte deles são daqui desta região”. Há, por exemplo, uma lista de alcobacenses que consta nos arquivos da CIA e que tinham sido presos ou perseguidos pela Pide, nos anos 50, do século passado. “Em vez do salazarismo ter sido enterrado no pós-guerra, como tantos esperavam, começara um período de ativa colaboração entre a polícia política e a CIA.
A seguir à 2ª Grande Guerra Mundial há ainda registo de uma ida a Alcobaça do representante da embaixada norte-americana e conta-se “que lhe foi pedido, em apelo público, a introdução da Democracia em Portugal”, contou o autor.
“Visto da Foz” de Alberto Costa reúne pois 40 textos “que se leem em apenas três minutos”, garantiu o autor. O livro está à venda na Gazeta das Caldas.
































