Aguarelas de todo o mundo em exposição no CCC

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Gazeta das Caldas
A exposição “Light Water Color” no CCC encerra a primeira edição do Festival Internacional de Aguarela IWS Portugal |Beatriz Raposo

São cerca de 160 aguarelas que estão em exposição no CCC e podem ser apreciadas até dia 8 de Outubro. A mostra “Light Water Color” foi inaugurada no sábado, 9 de Setembro, e encerra o I Festival Internacional de Aguarela IWS Portugal, um evento que teve início em Maio em Torres Vedras e juntou 180 artistas de 47 nacionalidades diferentes.

Depois de passar pela galeria municipal de Torres Vedras e pelo Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, a exposição que integra o I Festival Internacional de Aguarela IWS Portugal chega ao CCC das Caldas da Rainha.
Este festival realiza-se este ano pela primeira vez em Portugal, e é organizado pela AAPOR (Associação de Aguarela de Portugal) em parceria com a IWS (International Watercolor Society), uma rede mundial de aguarelistas da qual fazem parte 80 países, incluindo o nosso.
“O evento começou em Maio e incluiu, além desta exposição, demonstrações públicas com os artistas em Torres Vedras. Agora termina nas Caldas”, explica António Bártolo, presidente da AAPOR, revelando que já chegaram a pertencer à mostra 180 aguarelas, mas entretanto houve pintores que necessitaram das suas obras de volta.
No CCC estão patentes cerca de 160 quadros vindos de 47 países diferentes. Todos os continentes do globo estão representados.
Excepto os associados da AAPOR, os restantes artistas que participam nesta exposição viram as suas obras serem selecionadas por um júri internacional, composto por elementos de Espanha, Moldávia, Índia e Portugal.
“O resultado é uma exposição muito eclética porque os temas são livres, tanto que não houve nenhum critério para a disposição das aguarelas pela galeria do CCC”, acrescenta o responsável, que explica que em vários cantos do mundo – da Austrália ao Canadá, da Rússia ao Brasil – se realizam iniciativas deste género com o carimbo da IWS.
Esta associação foi fundada em 2011 na Turquia e depressa conquistou o público através das redes sociais. Curiosamente, o presidente da IWS, Atanur Dogan, tem em exposição nas Caldas uma aguarela que pintou em Óbidos, e que retrata Alfredo Roque Gameiro, famoso aguarelista português dos finais do século XIX e inícios do século XX.

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Há países mais coloridos que outros

Dos retratos humanos aos animais, dos elementos da natureza às paisagens urbanas, a mostra “Light Water Color” caracteriza-se pela sua diversidade. E de país para país também muda a forma como se pinta.
“Principalmente ao nível da intensidade das cores, os países da América Latina e da Ásia têm uma abordagem muito mais colorida, enquanto a Europa é mais cinzenta”, diz António Bártolo, acrescentando que embora os artistas abordem mais ou menos as mesmas temáticas, diferenciam-se pelas técnicas que usam.
Os franceses, por exemplo, têm o costume de iniciar a pintura com uma mancha molhada num papel que vão despigmentando, enquanto os espanhóis se caracterizam por pintarem muito rápido e trabalharem directamente na rua. Já os norte-americanos são muito detalhistas, apreciam a precisão, em contrapartida com os turcos, que são mais figurativos e deixam no papel espaços em branco.
A técnica da aguarela é transparente, verdadeira e espontânea. “É uma técnica em que é mais difícil disfarçar o erro, por isso às vezes mais vale começar de novo”, afirma Bártolo, justificando que tal acontece porque a superfície onde se pinta (normalmente o papel) também é um elemento activo da pintura.
“A pincelada só está acabada quando o papel seca, até lá a própria atmosfera também contribui para o resultado final: se o ambiente está mais seco a reação é diferente de quando está mais húmido”, acrescenta.

“ERA BOM QUE O PÚBLICO CORRESPONDESSE”

Para Alcida Morais, pintora que vive há 40 anos nas Caldas e também pertence à AAPOR, é precisamente o inesperado que faz da aguarela uma técnica tão fascinante. Nesta exposição, a autora de 71 anos apresenta “Tempos Modernos”, o retrato de uma jovem que está a mexer no telemóvel e a fumar um cigarro. “Este quadro nasceu de uma fotografia que eu tirei em Évora, num café, e que achei interessante porque a rapariga estava, tal como muitos jovens da actualidade, numa mesa rodeada de pessoas mas sem comunicar com ninguém porque estava concentrada no telemóvel”, explicou Alcida Morais, que começou a dedicar-se à aguarela há 10 anos.
A autora acrescentou que sente muito orgulho por ver uma exposição internacional chegar às Caldas: “a cidade assim o merece, oxalá o público correspondesse”.
Também das Caldas da Rainha, Ermelinda Lopes apresenta uma paisagem da Lagoa de Óbidos. A pintura foi feita ao pôr do sol, no final da Primavera, por essas 17h00. “A nossa lagoa é uma das mais bonitas do país e é também um local interessantíssimo para pintar porque apresenta uma paleta de cores muito bonita”, disse a autora de 69 anos, que foi professora de Educação Visual e Tecnológica e descreve a técnica da aguarela como uma das mais difíceis ao nível da pintura.
Além desta exposição (que pode ser vista até 8 de Outubro), desde 2010 que António Bártolo organiza binualmente nas Caldas o evento Watercolor Meeting, convidando diversos aguarelistas a estarem presentes e a se inspirarem nas paisagens da nossa região. As aguarelas que resultam desta iniciativa são património do CCC. 

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