
O mau tempo levou para dentro de portas o almoço organizado pelo colectivo Moscardo, a 19 de Fevereiro na Casa Bernardo, para juntar “actuais e futuros” agricultores amadores (dos que cultivam nas marquises aos que têm uma horta em casa), no âmbito do projecto Hortas Comunitárias.
A chuva, um dos elementos preponderantes na agricultura, tornou impraticável que o encontro tivesse lugar junto à futura horta que está a ser criada na Casa Bernardo, mas não foi por isso que se deixaram de juntar cerca de 40 pessoas.
Este foi o primeiro encontro oficial de um grupo de agricultores amadores que quer incentivar mais pessoas a trabalharem a terra e descobrirem uma realidade diferente daquela que estão habituadas. Existem já quatro terrenos, um deles junto à Casa Bernardo, que estão disponíveis para quem quiser ajudar e ter esta nova experiência de vida. Tudo o que for colhido será dividido entre todos.
Segundo Inês Milagres, do colectivo Moscardo, durante o almoço houve quem mostrasse interesse em participar. “Há pessoas que moram em Lisboa, mas que têm família nas Caldas e estão dispostas a virem ajudar ao fim-de-semana”, disse.
Para já, existe a garantia que estes encontros vão repetir-se, mantendo-se também uma aposta na vertente cultural. No final do almoço de 19 de Fevereiro, os participantes puderam assistir às actuações das bandas Abaixonado e Vítimas D’Apache.
O almoço teve uma componente tradicional, com produtos nacionais e tudo confeccionado no forno a lenha da Casa Bernardo. No futuro querem começar a utilizar na ementa os produtos que venham a ser cultivados nas hortas comunitárias.
“Desta vez utilizámos algumas coisas que vieram da horta da minha mãe, que também ajudou muito na confecção”, referiu Inês Milagres.
Um Farmville real
Foi entre amigos que alguns dos elementos do grupo foram descobrindo que tinham interesses comuns na agricultura. Depois de algumas conversas, chegaram à conclusão de que seria mais fácil para todos juntarem-se e trabalharem as terras disponíveis em conjunto.
Entre os elementos iniciais do grupo de agricultores está Tiago Abelha, um engenheiro informático que está a viver na Usseira há dois anos.
A casa que alugou tem um terreno com cerca de um hectare e há um ano decidiu começar a cultivar alguns produtos agrícolas. “Nasci e cresci no centro do Porto. Quando me mudei para um ambiente rural achei que fazia sentido fazer agricultura”, contou à Gazeta das Caldas.
Começou por criar um jardim de ervas aromáticas e a partir daí não parou mais. Tomates, pimentos, brócolos, feijões e abóboras, para além de vários frutos, foram os produtos que Tiago Abelha já conseguiu cultivar no terreno da Usseira.
Os amigos do engenheiro informático também usufruíram do resultado das suas culturas, porque este fez questão de distribuir parte do que foi colhendo.
Como trabalha à distância, através da Internet, Tiago Abelha consegue manter-se atento à evolução das suas culturas. Exactamente ao contrário do que faz muita gente por esse mundo fora, que passa horas no seu local de trabalho a “cultivar” no jogo virtual Farmville. Neste jogo, utilizado por milhões de pessoas, é feita a gestão virtual de uma quinta.
Uma das características do Farmville é exactamente a interacção com os amigos e “vizinhos”, que podem contribuir para o crescimento das quintas.
Tiago Milagres começou por aprender com o seu senhorio, que cultiva num terreno ao lado do seu, e acabou por também contribuir com novas ideias.
“Ele deu-me uma grande ajuda, até porque tem todas as máquinas e ferramentas necessárias”, referiu, acrescentando que depois acabaram por trocar conhecimentos.




























