Actores de Linhas de Wellington conversaram com o público nas Caldas da Rainha

0
856

 

 

Afonso Pimentel e Marcello Urgeghe estiveram no Vivacine para falar sobre o filme

 

- publicidade -

Os actores Afonso Pimentel e Marcello Urgeghe estiveram no Vivaci no passado sábado, 13 de Outubro, para conversar com o público sobre o filme Linhas de Wellington. Cerca de 40 pessoas trocaram ideias com os dois actores depois de terem visto o filme, numa interessante partilha sobre o que tinham acabado de assistir. “Já estava na hora de ir ao encontro dos que vêem o nosso trabalho”, disse Afonso Pimentel que concorda com este tipo de divulgação. É o cinema português a ir ao encontro do seu público.

Afonso Pimentel e Marcello Urgeghe eram esperados, após a exibição de quase três horas do filme Linhas de Wellington, nas salas Vivacine. Descontraídos e a pedir a colaboração do público, os actores surgiram como se tivessem saído da tela e mostraram-se disponíveis para trocar umas ideias sobre o que as pessoas tinham acabado de assistir. Na sala estavam alguns jovens que fizeram figuração em Óbidos (ver caixa) e por isso pormenorizaram ainda mais as perguntas. Quanto tempo demoraram as filmagens deste filme sobre a terceira invasão francesa, que decorreu em Portugal em 1810? “Cerca de quatro meses”, responderam os actores, revelando que as filmagens se iniciavam, por norma, bem cedo e decorriam ao longo de muitas horas. Na sala, o público sabia que o filme havia sido iniciado por Raul Riuz – realizador dos Mistérios de Lisboa – e que este morrera entretanto, tendo sido a suma mulher Valeira Sarmiento a continuar o trabalho de direcção.
Houve quem quisesse saber onde se notavam os “tons” do realizador e em que aspectos Valeria Sarmiento deixou a sua marca, enquanto que outros preferiram tentar saber como foi trabalhar com um elenco tão internacional, com nomes como John Malkovich, Isabel Huppert ou Catherine Deneuve. Houve também quem tivesse comentado que estes nomes mais sonantes tiveram pequenas participações, numa homenagem ao realizador Raul Ruiz.
No final os actores conversaram com a Gazeta das Caldas e contaram que esta partilha com o público faz sentido após o visionamento do filme. Foi o que disse o actor Marcello Urgeghe, que representa na tela o major Jonathan Foster e que já tinha tido oportunidade de participar numa acção de promoção das Linhas de Wellington, só que naquela as pessoas não podiam partilhar ideias pois ainda não tinham visto o filme.
O actor sublinhou que este tipo de digressão nacional foi iniciada recentemente com o filme Desassossego, de João Botelho, e está grato por as Linhas seguirem o mesmo trajecto, dando a conhecer o filme nas principiais salas de cinema do país.
Esta foi uma estreia nas conversas para Afonso Pimentel que representa Zé Maria, um dos soldados portuguese, integrados nas fileiras do exército aliado e que divide muitas cenas com um dos principais protagonistas: Nuno Lopes.
“Estava na altura de nos cruzarmos com as pessoas que assistem aos filmes”, disse o actor.
Marcello Urgeghe e Afonso Pimentel gostaram da experiência nas Caldas e salientaram que é “interessante” constatar quais foram os aspectos que as pessoas mais gostaram no filme. “É bom responder a perguntas especificas e é muito gratificante o contacto com as pessoas”, disseram.

“É preciso encontrar novos caminhos”

Ambos referiram a injustiça dos cortes orçamentais que actualmente se verifica no país, com grupos de teatro a encerrarem actividade e com gente a ter que optar por outro  tipo de trabalhos.
“Este cortar tudo a eito, encostar tudo a parede e fechar a torneira da Cultura não pode continuar…. Acredito que é preciso procurar soluções diferentes”, disse Afonso Pimentel.
Na sua opinião, não se faz cinema sem dinheiro e como tal “temos que procurar novos caminhos para continuar a desenvolver projectos”.
Marcello Urgeghe acredita que será possível ultrapassar as dificuldades que actualmente se vivem. “Temos que lutar para mudar isto”, disse o actor, que está a trabalhar numa curta-metragem de Bruno Almeida no âmbito de Guimarães Capital Europeia da Cultura.
Na sua opinião, “Portugal é muito mais do que este pequeno território e temos que acreditar que vamos encontrar novos caminhos”.
Ambos concordam que o país tem marcado forte presença nos festivais internacionais, “algo que nos orgulha e que acaba por reconhecer a qualidade do trabalho que se faz por cá”.
Os dois actores conhecem a região pois, para além das filmagens das Linhas, já tinham desenvolvido outros projectos na zona. Afonso Pimentel está por agora a gravar uma telenovela e poderá em breve apreciar-se a sua interpretação numa série de ficção de Moita Flores que vai estrear na RTP.
Para Marcello Urgeghe, as Caldas da Rainha “é a cidade mais artística do Oeste”. Porquê? “Têm um centro cultural e eu conheço várias pessoas que estão cá a dar aulas na ESAD. Além do mais é cá que compro os meus pratos na Bordalo Pinheiro”, disse o actor. “Quando cá venho sinto que estou numa cidade muito artística, sem saber explicar muito bem porquê”, rematou.

Natacha Narciso

nnarciso@gazetadascaldas.pt

A freira portuguesa e o soldado francês

Miguel Ferreira e Sofia Redes aparecem no filme como soldado e freira

Sofia Redes e Miguel Ferreira, ambos com 17 anos e das Caldas, fizeram em Óbidos – onde se passam algumas cenas de guerra – figuração nas Linhas de Weelington. Ela de freira e ele de soldado francês.
“Foi uma expêriencia muito interessante, apesar de termos que repetir várias vezes as cenas”, contaram os jovens. A freira aparece no filme a ver se havia soldados “vivos” depois de um confronto, enquanto que Miguel Ferreira recordou que teve que seguir uma das personagens e ainda teve que dar tiros durante um dia inteiro. “Chegámos às cinco da manhã, vestimo-nos e tivemos que aguardar bastante. E fiquei com os pés gelados!”, contou. Apesar de tudo, ambos foram bem claros: “a experiência valeu bem a pena!”.
Sofia Redes não pensa seguir uma profissão relacionada com o cinema, mas Miguel Ferreira quer ser cineasta e espera que daqui a um ano consiga entrar na Escola Superior de Teatro e Cinema.
“Fui fazer o filme por gostar do Raul Ruiz e querer homenageá-lo, mas na verdade não fiquei muito satisfeito com o resultado final”, disse o jovem, acrescentando que “não me agradou tanto como estava à espera”.
Na sua opinião, Linhas de Wellington é “um épico episódico, pouco Raul Ruiz e a realização não me agradou tanto”.
Os dois caldenses apreciaram a oportunidade de poder conversar com dois actores do filme que retrata o confronto entre as tropas francesas e o exército anglo-português do general Wellington ocorrido em 1810 e a forma como este atraiu os militares franceses até às linhas fortificadas em Torres Vedras.
Linhas de Wellington está em competição no Festival de Veneza e a série televisiva homónima foi estreada no Festival de San Sebastian. Passou ainda pelos festivais de Toronto, Nova Iorque e Londres.

N.N

- publicidade -