A Nação Valente de Sérgio Godinho no CCC

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Gazeta das Caldas
O cantautor e a sua banda deram a conhecer temas do novo álbum Nação Valente

Sérgio Godinho actuou pela primeira vez no CCC a 21 de Julho. O cantautor deu a conhecer nas Caldas o seu último álbum Nação Valente, lançado no início de 2018. Os novos temas foram entrecruzados com clássicos da sua já longa carreira, como Brilhozinho nos Olhos, Liberdade ou Espalhem a Notícia. Uma noite em grande, com a sala de espectáculos cheia de gente de várias idades que aplaudiu de pé um dos nomes mais importantes da música portuguesa.

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Gente de todas as idades recebeu um dos nomes mais importantes da música portuguesa

Foi ao som de Noite e Dia que começou o espectáculo com o público sentado e a tomar contacto com este tema de Nação Valente onde se fala sobre uma mulher que tem dois trabalhos e que só pode ver os filhos ao domingo. É do quotidiano português pós-troika que trata o último álbum deste artista.
Logo de seguida, foi a vez de Grão da Mesma Mó, também do novo álbum, uma canção falada que tem música de David Fonseca. É, sem dúvida, um excelente cartão de visita do último álbum de Sérgio Godinho, após uma paragem de oito anos. Seguiu-se a clássica Etelvina, uma canção antiga do seu repertório que traz garantia de palmas e de acompanhamento no refrão.
Após o desfilar de mais temas do novo álbum, Sérgio Godinho entoou Dancemos o Mundo para lembrar os muitos casais separados por causa das migrações e dos refugiados.
Mas sempre que chega um clássico, o público dá nota, canta o refrão e bate mais palmas, tal como aconteceu com o tema A Balada da Rita. Mais uma canção dedicada a uma personagem feminina, onde a letra é do cantautor e a música do seu companheiro musical, José Mário Branco. Do novo álbum foi cantada Mariana Pais 21 Anos, que conta a história de uma jovem que tem ânsias de ver e ter mundo.
Tempo agora para Sérgio Godinho colocar os óculos a fim de dar atenção à letra de Nação Valente. É que algumas letras “são parecidas” e o músico, de 72 anos, não quis falhar nenhum verso desta canção que se refere ao pós intervenção do FMI, “um período negro do qual estamos a sair devagar, devagarinho”.
Nova canção antiga – Os Conquistadores – pois, segundo o intérprete, os livros de História não nos contam o lado negro dos Descobrimentos.
O novo ponto alto na actuação foi com o tema Bem Vindo Sr. Presidente, que conta a história de um cidadão incauto que não estava à espera da visita na sua casa da primeira figura de Estado.
Há muito que o público se tinha rendido a Sérgio Godinho e aos seus músicos, que em seguida regressaram ao novo álbum para dar a conhecer Tipo Contrafacção, uma canção com música de Nuno Rafael que dividiu o palco com o cantautor.
Já em tom de despedida foi entoado Até já e o público estava a ficar nervoso pois faltavam alguns clássicos. E lá veio o Brilhozinho nos Olhos que foi entoado por todos. Entre a assistência pedia-se A Noite Passada, mas reagiram bem a Espalhem a Notícia, outro clássico que foi seguido por Liberdade, uma canção que é um autêntico hino.
Só que o público não se queria ir embora e, como tal, os músicos regressaram ao palco para interpretar o Primeiro Dia e, por fim, a repetição de Grão da Mesma Mó de Nação Valente.
Uma actuação memorável que será recordada com apreço por todos os que assistiram à estreia de Sérgio no CCC.

“Compus temas no Hotel Facho”

À Gazeta das Caldas, o músico recordou que conhece bem a cidade e falou sobre a sua participação no Festival pela Vida e contra a construção da central nuclear de Ferrel nos anos 70.
Sérgio Godinho actuou na ex-Casa da Cultura partilhando o palco com Zeca Afonso, Fausto e Vitorino. Foi de tal importância que há imagens desse concerto na sua biografia musical, Retrovisor. “São fotografias icónicas”, disse o cantor, que voltaria às Caldas mais vezes, numa delas para actuar no pavilhão do Campo da Mata num espectáculo de homenagem a Zeca Afonso e, mais tarde, num concerto na Columbófila.
Sérgio Godinho revelou que conhece a Foz do Arelho e que chegou a compor no Hotel Facho.
“Lembro-me de ter lá ido pelo menos três vezes e de gostar, não só da proximidade do mar como daquele ar de hotel antigo”, referiu o músico. O compositor sempre viveu próximo do mar, na Foz (no Porto) e, aos 22 anos, chegou mesmo a trabalhar num barco holandês como ajudante de cozinha. “Foi o que me permitiu visitar a Jamaica, Trinidad, Coração e também os Açores”, rematou o músico para quem o mar tem um papel vital.

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