A história de Moçambique no teatro que abriu o Books&Movies

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Um teatro que aborda a história de Moçambique abriu a sexta edição do Books&Movies em Alcobaça, que é dedicada à lusofonia. No espectáculo de abertura, no dia 14 de Outubro, estiveram apenas cerca de 100 pessoas no cine-teatro. O evento decorre em toda a cidade até domingo, 20 de Outubro, dia em que se realiza a gala onde será homenageado o escritor angolano Pepetela.

 

Jorge Andrade é um actor de 46 anos que nasceu em Moçambique, mas veio para Portugal muito novo. Na peça que estreou a sexta edição do Books&Movies, com o nome “Moçambique”, o actor mescla a sua história verídica com algumas partes inventadas e une-a à História do próprio país. Cerca de 100 pessoas marcaram presença na abertura, na noite de 14 de Outubro, no cine-teatro de Alcobaça.
A peça retrata as dificuldades quotidianas de viver num país africano, mas também o difícil caminho para reconstruir um território em desenvolvimento depois de uma catástrofe natural, como uma tempestade. Mostra como foi viver momentos importantes, como o 25 de Abril e o período de nacionalizações, mas também como se passou a Guerra Fria em território moçambicano. “Moçambique” põe a nu os podres de uma sociedade que, à custa do dinheiro, acaba por submeter uma grande parte das pessoas à miséria.
Com muito humor, mas a falar sobre coisas sérias durante mais de uma hora, a peça trata de imaginar aquilo que seria a vida de Jorge Andrade se, com 11 anos, tivesse sido “dado” pela sua mãe à sua tia (que perdera os dois filhos que tinha) e tivesse regressado a Moçambique para gerir os campos e a fábrica de tomate dos tios.
O espectáculo socorre-se de vários elementos multimédia, como vídeos e músicas e utiliza outras artes, como o canto (para reproduzir spots publicitários em várias línguas) e a dança. É, aliás, com uma longa dança que são representadas as demoradas negociações de paz no final da década de 80 do século passado.

Ferreira da Silva na ante-estreia

No sábado, 12 de Outubro, realizou-se a ante-estreia do festival com a apresentação do livro Artista à procura da sua história: Luís Ferreira da Silva, de João Serra, no Mosteiro de Alcobaça. A apresentação da obra esteve a cargo do investigador Jorge Sampaio e do arquitecto Manuel da Bernarda, nomes ligados à cerâmica alcobacense.
O historiador caldense salientou a ligação do ceramista àquele concelho e deu a conhecer as empresas existentes na década de 50 e as peças que nelas se fabricavam.
Durante a apresentação, esteve patente, na Sala das Conclusões, uma pequena exposição com 17 obras de Ferreira da Silva, feitas durante o tempo em que o artista trabalhou em Alcobaça e que foram cedidas por coleccionadores.
O festival termina no dia 20. Hoje, a partir das 16h00, realiza-se o “Escutar Sophia – colóquio internacional Sophia de Mello Breyner Andresen”, no auditório da Biblioteca Municipal. O evento, que termina amanhã, 19 de Outubro, conta com palestrantes portugueses, espanhóis e italianos e terá a coordenação científica de Maria João Simões, do Centro de Literatura Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e a coordenação executiva de Margarida Anastácio do Centro de Estudos Superiores da Universidade de Coimbra em Alcobaça.
Pelas 18h00 há Café com Livros, com Domingos Amaral, no Ala Sul Café e meia hora depois um showcooking sobre lanches saudáveis, com Joana Valentim Marques, na Granja de Cister. À noite, a partir das 21h00, Os Gambuzinos com 1 pé de fora apresentam as “Estranhas Dicotomias” no cine-teatro.
Amanhã de manhã há novo showcooking, com Ana Jervis e Miguel Leal, que a partir das 11h30 ensinam a fazer snacks e sobremesas saudáveis com iogurte lácteo e vegetal através de uma invenção portuguesa. À mesma hora há uma sessão literária com Marco Taylor na biblioteca.
À tarde, a partir das 15h30, há uma sessão literária com José Maria Pimentel (criador da personagem Vitinho) no Jardim do Amor. Uma hora mais tarde, Thomas Bakk, Adriano Reis e Miguel Horta mostram que “Os homens também contam!”, numa sessão de contos na Casa dos Doces Conventuais.
Pelas 18h00, Fernando Paula Barroso lança o livro Pó e Sonhos, na taberna do Museu do Vinho e às 21h00 o alcobacense Pedro Rilhó apresenta a sua mais recente websérie, desenvolvida com a ilustradora (também alcobacense) Joana Raimundo. A sessão decorre no auditório da biblioteca. Meia hora mais tarde a Companhia Só leva o “Sorriso” à zona envolvente do Mosteiro. Trata-se de uma história de amor inspirada na vida comum de um velho casal. Às 22h30 continua o Rockfest no Museu do Vinho, com actuação de O Gajo e Thee Eviltones.
Para a manhã do último dia está prevista uma sessão literária e musical intitulada “Música nas entrelinhas”, com Nilce Carvalho. A performance, para pais e filhos, decorre na biblioteca. Às 15h30 nos Diálogos Poéticos fala-se sobre “Walt Whitman e os poetas portugueses”, na taberna do Museu do Vinho.
O grande encerramento está previsto para as 18h00, com a já tradicional Gala Books&Movies, no cine-teatro. Este ano a personalidade homenageada é o escritor angolano Pepetela, que se segue a Manoel de Oliveira, Ana Zanatti, Mário Zambujal, Rita Blanco e Ruy de Carvalho. Além da homenagem será entregue o prémio internacional do festival ao fotógrafo leiriense José Luís Pereira.

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