Abriu ao público a 26 de Março, na Capela de S. Sebastião, a exposição “Família Elias, os Miniaturistas” que visa assinalar os 125 anos de dedicação à cerâmica daquela família.
Patentes estão obras dos três autores que permitem ver a evolução desta escola familiar caldense, iniciada com Francisco Elias, por sugestão de Rafael Bordalo Pinheiro.

“Pretendo trazer aos caldenses o percurso da minha família”, disse o miniaturista Herculano Elias enquanto faz uma visita guiada pelas obras do seu tio-avô, Francisco Elias (1869-1937), o iniciador desta escola. As representações das figuras humanas que na sua obra medem entre os quatro e cinco centímetros de diâmetro. “O meu tio-avô começou a fazê-las por sugestão do seu mestre, Rafael Bordalo Pinheiro”, contou Herculano Elias.
As peças, patentes na Capela, pertencem às colecções dos caldenses João Maria Ferreira e Joaquim Ladeira Baptista e enquanto que as de tio-avô Francisco Elias têm expresso e marcado os títulos – como “Alegria de Viver” – “eu prefiro deixá-las sem título, ficando ao critério dos meus coleccionadores”. É para estes que Herculano Elias trabalha e tem peças encomendadas para vários anos.
As peças de Francisco Elias aludem a uma outra época ligada às tarefas agrícolas ou, por exemplo, à guarda do rebanho. Estão presentes peças deste autor realizadas em 1934 e 1935.
De Eduardo Mafra Elias (1880-1949) está apenas uma peça dedicada a Camões, que data de 1945. As suas figuras têm sete a oito centímetros e esta foi o único trabalho que Herculano Elias quis trazer, por ser a mais representativa do seu percurso, “por ser original”.
Este autor fez muitas outras peças em miniatura retratando o Fado Malhoa, Os Bêbados, ambos de José Malhoa e ainda a Ceia de Cristo (Leonardo da Vinci).
O fim da vindima e a venda na Praça da Fruta
A segunda parte da mostra é composta por peças de Herculano Elias. Há o fim da vindima, um tema muito característico numa peça de 1935. Nesta peça há “toda uma poesia ligada à lavoura”, explica o autor que colocou as pequenas figuras em festa, dançando o fandango. Apresenta também dois presépios em barro vermelho, que são datados de 1934 e que constituem peças bastante interessantes ao nível da composição.
Tal como o fundador da escola das miniaturas caldenses, Herculano Elias, consegue reduzir as duas representações humanas até aos quatro, cinco centímetros de altura.
Há uma peça onde um grupo de pessoas conduz uma vara de porcos à cidade, até à feira e há outras que representam forcados em acção sob um chapéu mazantino.
“Enquanto as peças dos meus parentes são paradas, eu procuro imprimir movimento nas minhas obras”, disse o próprio autor enquanto mostra uma notável peça com um conjunto de cavalos a correr.
Entre as peças estão algumas a representar a venda na praça da Fruta onde é possível ver vários pormenores de como era a indumentária e os utensílios que eram usados nos anos 40. É possível também apreciar como se vendiam as peças de olaria que ocupavam então um terço do tabuleiro da praça.
Um catálogo dedicado às obras da Família Elias
Durante a abertura da exposição, a livreira Isabel Castanheira leu um texto dedicado a Herculano Elias e à sua obra e foi igualmente apresentado um catálogo onde se reúne a obra dos ceramistas da família Elias, que já vão até à quinta geração.
Luís Elias, filho de Herculano, diz que a família possui uma casa no Largo João de Deus, no centro histórico, que pretende transformar em oficina onde “tentaremos mostrar peças das três gerações de miniaturistas”. Querem ainda que aquele espaço se dedique à olaria e que, no futuro, “quem lá for possa mexer no barro”, disse o também mais jovem ceramista da família. Além de pretenderem prolongar o nome da família, os Elias querem também criar um espaço de experimentação em pleno centro histórico da cidade.
Segundo Luís Elias, está-se a trabalhar com uma editora nacional para o lançamento de um livro sobre a história da família.
A mostra, organizada em parceria com o Museu do Hospital, poderá ser apreciada até 30 de Abril, na Capela de S. Sebastião, entre as 10 e as 12h00 e das 14 às 17h00, de segunda a Sábado. Aos domingos e feriados funciona entre as 9h30 e as 12h30.






























