No mês passado, os 74 celebraram o seu quarto aniversário, mas o presente para os fãs surgiu no início de Julho: a participação na colectânea “Som das Ruas”, um CD que compila 25 músicas de 25 bandas punk portuguesas. Os quatro elementos cantam em português e apresentam-se como uma banda de intervenção, com letras descontentes que reclamam o rumo que o país tomou desde a chegada da crise. Após três anos do lançamento do primeiro trabalho, o EP “74 – O Início”, a banda prepara agora um álbum, que incluirá pelo menos 17 faixas. O videoclipe de uma delas, “Cartela”, foi gravado no passado Sábado, dia 11 de Julho, na mítica discoteca Green Hill.
“B.I. da Banda”
Banda:
74
Membros:
Marco Groba (voz), Luís Cabaceira (guitarra), Luís Carreira (baixo) e João Faria (bateria)
Género musical:
Punk
Discografia:
EP “74 – O Início” (2012); CD “Arraial Split” com 53A e Gatos Pingados (2014); Coletânea “Som das Ruas” (2015)
Onde ouvir:
Marco Groba, vocalista dos 74, lembra-se bem dos seus tempos de criança, quando brincava “às bandas”. Normalmente encontrava-se do lado do público, “aos pulos”, recorda, até que resolveu criar a sua própria banda, em Junho de 2011. Para tal, recorreu às redes sociais e fez uma publicação no facebook, dizendo que “precisava de um baixista, guitarrista e baterista, para formar uma banda de punk”, conta o vocalista. Da formação inicial dos 74, faz apenas parte Marco Groba e Luís Cabaceira, sendo que Luís Carreira chegou pouco tempo depois e João Faria, o mais novato, integrou a banda há cerca de um mês.
O nome, “74”, surge relacionado com a data de nascimento dos membros originais – 1974 – ganhando um duplo sentido por coincidir com o ano da revolução dos cravos, tendo em conta que a banda é de protesto.
“Teremos que nos arrepender, nesta geração… pasmoso silêncio, quanto à situação” são os versos iniciais do tema “Linha da Frente”, que desde logo ilustram a mensagem da banda. “Falamos dos problemas que as pessoas levam para a rua nas manifestações”, afirma Luís Cabaceira, mas, em vez dos cartazes, os 74 preferem a música como forma de expressão.
Nas suas letras encontram-se referências actuais como o FMI, Angela Merkel e os desempregados, em particular os que vivem “à custa” do Estado, sem vontade de trabalhar.
“Linha da Frente” é uma das cinco músicas que completa o EP “74 – O Início”, produzido em 2012 por Miguel Lameiro, no estúdio MDB Audio, em Aveiro. “O EP marca o início da banda e, ao mesmo tempo, aquela energia, motivação e excitação que só existem no princípio… assim como acontece numa relação entre duas pessoas”, confessa o guitarrista, acrescentando que, de momento, os 74 estão numa “boa fase”, pois têm composto bastante desde a entrada de João Faria para a banda. “Pode-se dizer que estamos numa relação séria, que ainda tem a chama acesa”, brinca o vocalista Marco Groba.
Discoteca Green Hill foi o cenário escolhido para o videoclipe dos 74
Se recuássemos cerca de dois anos, o dia 11 de Julho – um sábado – seria mais uma noite de festa na mítica Green Hill, que durante trinta anos viu passar pelas suas pistas de dança várias gerações. No entanto, embora tenha voltado a abrir as portas, desta vez de manhã e para a gravação do tema “Cartela” dos 74, o cenário não é mais o mesmo.
“As discotecas e o punk não se ligam muito, mas da forma que isto está, tudo partido e destruído, já se relaciona bastante”, afirma Marco Groba, que não exagera na descrição do estabelecimento nocturno. Luís Cabaceira acrescenta que, além de a Green Hill representar a juventude dos próprios 74, “o facto de gravarmos aqui é também uma forma de protesto ao fecho da discoteca, que queríamos ver a funcionar”.
A música do videoclipe, “Cartela” foi escrita por Marco Groba e Luís Cabaceira, em papel de mesa de restaurante, juntamente com as pessoas que se encontravam, naquela noite, no bar Démodé, incluindo ainda frases que estão escritas nas paredes do bar. No videoclipe, produzido por Nuno Mendes, participaram os Lobos Lusitanos, um grupo motard, e os Ynot Stunt, que se encarregaram das acrobacias com as motos. Para a abertura da discoteca, os 74 pediram autorização à imobiliária que detém o terreno e aos respectivos proprietários.






























