Artista plástica Dulce Nunes expõe desenhos sobre os Açores

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DulceDulce Nunes vive e trabalha há 20 anos nas Caldas. A artista plástica é professora, leccionou Artes Visuais na EBI de Sto. Onofre, estando agora na Escola Secundária Raul Proença. Também se dedica à dança contemporânea, trabalhando com um grupo nos Silos. Ontem, 15 de Janeiro, a autora inaugurou uma exposição de desenho em Ponta Delgada (Açores). Entre os 45 trabalhos constam 21 paisagens nocturnas que representam “os 21 dias que passei em S. Jorge onde me apaixonei perdidamente pelo Pico quando o descobri de noite”, diz a autora. A mostra vai estar patente até 31 de Janeiro e, no próximo Verão, vai ser apresentada no Faial. GAZETA DAS CALDAS – Como foi o seu percurso académico e artístico? DULCE NUNES – Licenciei-me na Escola de Belas Artes e, no último ano, a professora e escultora Ângela Ferreira orientou o meu projecto de pesquisa para a criação das obras que constituíram a minha primeira exposição como escultora. Já nessa altura, durante o processo de pesquisa, usava a fotografia, o vídeo, a performance e os registos gráficos em cadernos que constituíam um diário destas viagens. GC: Posteriormente tirou o seu mestrado na ESAD. Como foi a experiência? DN: Foi uma experiência revigorante. Os meus colegas eram muito mais novos do que eu (eram da idade do meu filho), o que provocava sempre uma troca de impressões muito profícua. A escola tem excelentes professores, respira-se liberdade na troca de ideias, aprende-se em qualquer lugar e a toda a hora. Nunca senti que os professores se guiassem por qualquer tipo de academismo (rigidez de ideias ou de formas), o que é relevante numa escola de artes. O valor está no processo de criação e no trabalho contínuo de atelier. Isto provoca resultados e eles estão aí – prémios todos os anos. GC: Continua a leccionar Artes Visuais na EBI de Santo Onofre? DN: Não, no final do ano lectivo de 2011/2012 fiquei com horário zero e tive de concorrer ao concurso de colocação

de professores. Fui colocada na Escola António Arroio, em Lisboa, onde tive o prazer de “voltar a casa”, pois esta foi a minha escola em miúda. No final desse ano lectivo fui para S. Jorge fazer a residência artística cheia de boa energia. Em Setembro regressei às Caldas, mas para a Escola Raul Proença, onde estou agora. GC: E continua ligada à dança contemporânea? DN: Sim, estou a trabalhar com um grupo pequeno, mas muito activo nos Silos no espaço XIU. É um local onde se respira criatividade e muita energia. Interessa-me sobretudo o não haver regras e tudo ser permitido, todas as ideias são válidas desde que resultem. Isso é um passo à frente de tudo o que normalmente se faz por aqui. GC: Qual o seu meio de expressão de eleição? DN: São as Artes Plásticas e dentro delas o Desenho que pratico desde que me lembro. È o meu meio de experiência de eleição onde me permito errar, correr riscos, perder-me e por fim conceptualizar as perguntas que me fiz antes de iniciar cada projecto criativo. Em arte é preciso correr riscos, de nos questionar constantemente questionar a própria questão a que nos propusemos. GC: Como surgiu a oportunidade de trabalhar sobre os Açores? DN: Eu estava a escrever uma proposta para fazer uma residência no Japão, mas os entraves eram muitos. Um amigo dos Açores mandou-me fotos do Pico visto de S. Jorge. Eram extraordinárias porque permitiam uma distanciação suficiente para eu poder estudá-lo como paisagem. GC: Que tipo de obras vão estar na sua exposição? DN: Estão três séries: “pequeno oceano privado”, “um silêncio assim azul” e “paisagens nocturnas”, num total de 45 desenhos.

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