Louça azul é marca identitária de Alcobaça

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1883
Peça da Vestal, empresa da Vestiaria fundada em 1947

Primeira fábrica de cerâmica em Alcobaça foi criada em 1875 e resulta de influência da cerâmica de Coimbra

A louça azul de Alcobaça é uma verdadeira marca identitária daquele concelho, mas tem na origem a chamada “escola” de Coimbra, trazida para a vila alcobacense por José dos Reis Santos em 1875, na sequência do encerramento, no ano anterior, da Real Fábrica do Juncal, que abastecia toda a região.
Em 1900, o alcobacense Manuel Ferreira da Bernarda fica com a empresa de José dos Reis Santos, que ganha novo impulso, em 1933, com um dos filhos. É já em 1963, que o herdeiro, Raul da Bernarda, decide alterar a designação da entidade. Até 2006, ano em que encerrou a atividade, a Raul da Bernarda & Filhos era a principal referência do setor no concelho.
Outro ponto marcante da história da cerâmica alcobacense diz respeito à criação da Olaria de Alcobaça, em 1927, que apresenta novas técnicas de produção. É a partir dali que a cerâmica se começa a afirmar como uma indústria, embora mantendo características distintivas, como a pintura à mão.
Fundada por Silvino da Bernarda, António Vieira Natividade e Joaquim Vieira Natividade, a empresa serviu, autenticamente, de escola e, por isso, vários funcionários daquela empresa, verdadeiros artesãos, decidem criar pequenas fábricas a partir da década de 1940, originando um grande incremento do setor. Viria a fechar as portas em 1986.
Mas foi o êxito da louça azul que fez afirmar Alcobaça como uma marca do setor a nível nacional. A partir da década de 1940, funcionários das duas principais fábricas da vila decidem emancipar-se e criar os próprios negócios. Uma dessas empresas, entre muitas outras, é a Vestal, criada em 1947, pouco depois do fim da 2ª Grande Guerra.
A louça de Alcobaça ganha protagonismo crescente e, com a passagem da Estrada Nacional 1 junto ao Mosteiro, a vila recebe, diariamente, milhares de visitantes, o que abre caminho ao surgimento de inúmeras lojas de comércio que se dedicam, sobretudo, à venda de peças das cerâmicas e faianças locais.
A partir da década de 1980, os processos de produção começam a sofrer alterações, devido à introdução do design. Hoje em dia, e depois de décadas de crise, a cerâmica de Alcobaça modernizou-se e está preparada para os desafios do futuro. ■

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