Entidade celebra este ano o 40º aniversário. Criada para dar resposta à necessidade de conhecimento num setor de muita mão-de-obra, instituição formou, desde 1985, 12.878 pessoas na área da cerâmica
O Cencal foi criado em 1981, nas Caldas, pela necessidade de qualificar os trabalhadores da indústria cerâmica, sobretudo da Secla, que chegou a empregar mais de mil pessoas. “Em qualquer fábrica ou atelier que visitemos, de norte a sul do país, está lá um formando nosso ou alguém nos conhece”, assegura Ana Bica, diretora do Cencal, considerando que esse dado é exemplificativo do trabalho que este centro de formação dedicado à cerâmica tem feito ao longo de quatro décadas de funcionamento.
Nas instalações do Cencal simula-se uma pequena empresa de cerâmica para que os formandos possam tomar contacto com a realidade fabril e assiste-se a todo o processo de fabricação, desde a modelação até à cozedura e, por fim, a pintura. No início, a formação consistia sobretudo na qualificação de ativos que trabalhavam em empresas (de forma a torná-los polivalentes) e jovens. Atualmente continua a formação de ativos, de forma mais transversal, e, ao nível da cerâmica, a formação passou a abranger sobretudo desempregados, tendo em conta que os “jovens fogem das chamadas indústrias tradicionais”, conta Ana Bica, reconhecendo que este é um problema com que se debatem também setores como o calçado, cortiça ou o têxtil.
“Há uma adequação da nossa formação ao mercado”
Ana Bica
Se numa primeira fase o Cencal se dedicava, sobretudo, à formação para a indústria, atualmente reparte atenções entre a indústria cerâmica e do vidro e a formação para o auto-emprego, numa vertente mais artística e ligada a pequenos ateliers e manufaturas. Ana Bica destaca a ligação do centro de formação à ESAD, que forma jovens na área do design e que depois podem complementar a formação na área da cerâmica, ou do vidro, esta última na Marinha Grande.
Ao longo das últimas décadas passaram pelo Cencal ceramistas, pintores, escultores e artistas nacionais e estrangeiros que enriqueceram o saber dos formandos, entre cursos de longa duração e pequenas formações e workshops. As instalações possuem alojamento para quem é de fora e, no início, chegou mesmo a ter de arrendar casas na cidade porque o alojamento não chegava para todos os interessados. Hoje há cursos como o de cerâmica criativa (que terminou recentemente) que integram pessoas oriundas de várias zonas do país. A residir no Cencal estava também uma jovem espanhola a fazer Erasmus, mas que regressou a Madrid, devido à pandemia.
As instalações estiveram a funcionar até à passada quinta-feira. A formação mais teórica, de informática e artes gráficas, por exemplo, será mantida à distância, enquanto que os cursos de modelação e de pintura (cerâmica), a decorrerem em Alcobaça, foram suspensos durante o período de confinamento.
Produção nacional de qualidade
A diretora do Cencal faz um balanço positivo destes 40 anos de funcionamento e recorda que, apesar de a cerâmica ter atravessado uma crise enorme, soube reerguer-se e, aos poucos, captar mercados, “devido à qualidade”. A responsável destaca o papel da APICER (Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria) ao conseguir, em Bruxelas, uma moratória à importação de produtos chineses, e destaca a qualidade da produção cerâmica nacional. “Temos um laboratório certificado que analisa as peças para exportação e a qualidade da louça é muito grande”, diz a responsável, acrescentando que 99% da produção é exportada.
E o futuro? “Depende muito do mercado e das empresas”, responde Ana Bica, explicando que o centro de formação faz anualmente um levantamento de necessidades junto destas para saber o que querem e do que precisam, de modo a ir de encontro às necessidades do mercado. “O nosso plano é feito de forma aberta. Lançamos uma ação e, se não tem o efeito desejado, cancelamos e substituímos por outra, há uma adequação permanente”, diz, acrescentando que se não tiverem recursos em “casa” irão buscá-los fora.
O Cencal possui também um Centro Qualifica, que certifica não só na área da cerâmica, mas como em todas as áreas em que dão formação, e que são importantes para o tecido empresarial da região.
Além das Caldas da Rainha, onde foi criado em 1981, o Cencal possui instalações em Alcobaça, desde 2008, para melhor apoiar as empresas cerâmicas daquele concelho e desenvolver atividades no âmbito das Novas Oportunidades. Em 2011, por decisão governamental, alargou a ação ao setor do vidro, com a integração das instalações do CRISFORM, na Marinha Grande. Ao todo, possui 32 efetivos nos três concelhos onde está instalado. ■






























