Cadaval ajustou celebrações do feriado municipal devido ao confinamento

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Presidente da Câmara, José Bernardo Nunes, e o presidente da Assembleia Municipal, Rui Soares, no dia da restauração do concelho do Cadaval

A população do Cadaval celebrou o feriado municipal, que assinala a restauração do concelho a 13 de janeiro de 1898, em casa e a seguir os eventos comemorativos através das redes sociais

O final do século XIX foi um período marcante na história do concelho do Cadaval, uma vez que em apenas três anos, o município foi desfeito e restaurado, voltando a ter todas as freguesias que antes lhe pertenciam. Foi a 26 de setembro de 1895, por decreto do Governo liderado pelo Partido Regenerador (encabeçado por Fontes Pereira de Melo), que foi extinto o concelho do Cadaval e as então nove freguesias (Painho só mais tarde passaria a ser freguesia) que o compunham, anexadas aos quatro concelhos limítrofes: Alenquer, Azambuja, Óbidos e Rio Maior. Ao concelho de Alenquer couberam as freguesias de Cadaval e Vilar, ao de Azambuja acoplaram-se as freguesias de Cercal, Lamas e Peral, a Óbidos foram unidas as freguesias de Pêro Moniz e Vermelha e a Rio Maior atribuíram-se as freguesias de Alguber e Figueiros
Na vila do Cadaval foi constituída uma comissão para a restauração, que reunia os mais importantes cadavalenses e a 13 de janeiro de 1898, já depois do Partido Progressista (liderado por José Luciano de Castro) ter subido ao poder, o concelho do Cadaval é restabelecido com todas as suas nove freguesias.
É por isso que se comemora esta data no Cadaval. Este ano, tendo em conta a situação de pandemia, os festejos do 123º aniversário da restauração da autonomia foram preparados com recurso a atividades não participadas presencialmente, mas que foram transmitidas por streaming, na página de Facebook da Câmara.
Foi, assim, lançado o 3.º Prémio Literário Fernanda Botelho. Este é um galardão bienal (que segundo a Câmara do Cadaval foi adiado em 2020 devido à pandemia) promovido desde 2016, numa parceria com a Associação Gritos da Minha Dança, que é a detentora do acervo da escritora Fernanda Botelho, que viveu parte da sua vida na aldeia da Vermelha. A primeira edição totalizou perto de 380 participantes, oriundos de Portugal mas também do Brasil, Canadá, EUA, Bélgica e França. Em 2018, a segunda edição deste concurso reuniu cerca de 200 participantes, oriundos de Portugal e do Brasil.
O presidente da Câmara, José Bernardo Nunes, referiu na cerimónia de lançamento do concurso que “é importante que se criem atividades que contribuam para o bem-estar intelectual da população e que contribuam para promover as capacidades de resiliência tão necessárias atualmente”. O concurso tem ainda como objetivo levar o nome do concelho mais longe e contribuir para a criação literária em língua portuguesa, assim como promover bons hábitos de escrita entre os jovens, mantendo a categoria juvenil para escritores entre os 14 e os 17 anos.
Joana Botelho, diretora da associação Gritos da Minha Dança, explicou que o júri é presidido por Paula Mourão e conta ainda com Rita Taborda Duarte e Alice Oliveira.
A cerimónia ficou ainda marcada pela apresentação da antologia de contos referente à segunda edição do prémio. Em 2018 as vencedoras foram Vanessa Martins, nos adultos, e Maria Ferreira, na categoria juvenil, que estiveram presentes na cerimónia através das novas tecnologias. Vanessa Martins agradeceu a realização da iniciativa e destacou o papel do concurso na divulgação da escritora Fernanda Botelho. “Foi a minha estreia na escrita para adultos”, contou a vencedora. Já a vencedora da categoria juvenil, que escreveu o texto quando tinha 14 anos, disse que “o concurso permitiu desenvolver o gosto pela escrita”. O conto que escreveu passa-se em Tróia, local que conhece bem, porque viaja para lá com frequência com os pais, que ali têm trabalho enquanto biólogos.
As comemorações do feriado municipal, que se iniciaram com o hastear da bandeira, contaram ainda com a inauguração da exposição de artes plásticas “Raízes”, da autoria da cadavalense Cláudia Moiane Pereira. A mostra está patente até 31 de janeiro na Biblioteca Municipal, mas dada a impossibilidade de ser visitada, as obras presentes têm vindo a ser divulgadas através das redes sociais.

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