Ana Pisco, diretora do Agrupamento de Centros de Saúde do Oeste Norte, admite que tem havido constrangimentos no atendimento telefónico devido ao aumento das consultas não presenciais durante a pandemia
Em janeiro do ano passado, na entrevista que deu à Gazeta, referiu que existiam 28 mil utentes nos seis concelhos do Oeste Norte sem médico de família. Quantos existem atualmente?
Neste momento, o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Oeste Norte tem 5.000 utentes sem médico de família. Significa isto que atribuímos médico de família a mais 23.000 utentes neste período.
E qual o número de médicos a dar consulta em cada um dos concelhos do Oeste?
O ACES Oeste Norte abrange seis concelhos e tem um total de 102 médicos de Medicina Geral e Familiar (MGF), distribuídos da seguinte forma: Alcobaça, 29; Bombarral, 7; Caldas da Rainha, 36; Nazaré, 9; Óbidos, 5; e Peniche, 16.
Destes, quantos estão de serviço e quantos estão a tempo total e a tempo parcial?
Todos estão ao serviço, a tempo inteiro.
E quantos médicos faltam nos centros de saúde?
No ACES Oeste Norte faltam quatro médicos.
Por que não há mais?
A colocação de médicos é determinada por concurso nacional. É sabido que existe carência de profissionais, embora no que ao ACES Oeste Norte diz respeito, e quando comparado com outros, é dos que tem mais utentes com médico de família atribuído, logo é compreensível que abram mais vagas em zonas onde as necessidades são mais prementes.
A falta de funcionários também é um problema? Está garantido o atendimento diário em todas as unidades do ACES Oeste Norte?
Temos vindo a melhorar substancialmente no número de Assistentes Técnicos, e o atendimento é assegurado diariamente em todas as unidades de saúde do ACES.
E há alguma unidade que se encontre encerrada?
Não há nenhuma unidade encerrada. O que existe são pólos de unidades que, pelas suas características físicas, estão desajustadas àquilo que são as exigências que a covid-19 veio impor. Foi traçado um plano de reestruturação das mesmas e adotadas medidas de prevenção no âmbito da pandemia da doença (reorganização dos espaços, por forma a dotá-los com condições de segurança quer para os utentes, quer para os profissionais, adequadas ao atual contexto), de acordo com as orientações da Direção-Geral da Saúde. Saliento que a prestação de cuidados de saúde aos utentes foi e é sempre assegurado.
Temos recebido queixas da população de que não consegue marcar consulta no centro de saúde das Caldas através do telefone, e que são atendidas em… Inglês. O problema estrutural da linha telefónica ainda não está resolvido?
É sabido que tem havido alguns constrangimentos no atendimento telefónico. O vírus SARS COV 2 obrigou as unidades de saúde a alterar algumas coisas no modo de funcionamento e atendimento aos utentes, por forma a obviar o risco de contágio. Privilegiou-se, sempre que possível, a consulta não presencial, o que por si só leva a uma sobrecarga das linhas telefónicas. Por um lado, estamos em fase de substituição das centrais telefónicas e por outro lado estamos a dar início ao processo de migração para a RIS2020-VOZ-Comunicações Unificadas das unidades de saúde que engloba, por exemplo, o serviço de voz, videoconferência, Instant Messaging e IVR (Interactive Voice Response ou atendimento interativo automático), o que esperamos que venha a solucionar de forma definitiva este constrangimento.
Qual o procedimento que as pessoas devem adotar para marcar consulta? E através da Internet?
As consultas podem ser agendadas tanto pelo utente, como pelo seu médico assistente. O utente pode marcar uma consulta na plataforma através da internet, ou por e-mail. Pode, ainda, marcar uma consulta para o próprio dia (doença aguda).
Como tem corrido até agora a gestão da pandemia?
Com a pandemia foram criadas nos Cuidados de Saúde Primários as Áreas Dedicadas para Doentes Covid (ADC), recentemente designadas por Áreas Dedicadas para Doentes Respiratórios (ADR-C), que são espaços reservados a doentes com quadros respiratórios agudos de provável etiologia infeciosa, com critérios clínicos de gravidade que exijam a avaliação presencial. Estas áreas são compostas por duas salas de observação, com áreas de receção, de espera e instalações sanitárias separadas dos doentes sem suspeita de doença espiratória. Cada ADR-C é composta por médico, enfermeiro, assistente operacional, administrativo e equipa de limpeza. Deverão aceder às ADR-C, preferencialmente, os utentes com sintomas respiratórios e que previamente tenham contactado a Linha SNS 24 (808 24 24 24). O ACES Oeste Norte tem a funcionar duas ADR-C, uma em Alcobaça e outra nas Caldas da Rainha. Os utentes poderão obter esta informação em cada uma das nossas unidades de saúde ou no site da ARSLVT.
O que está a ser preparado para o aumento de casos e para a chegada do inverno?
As unidades de saúde que fazem parte do ACES Oeste Norte têm definidos e preparados os seus planos de contingência para a Gripe Sazonal e para resposta à covid-19, que serão ativados de acordo com aquilo que é quadro epidemiológico. Paralelamente, sempre que se justificar será efetuado o reforço das equipas, a par do alargamento do horário das unidades.
O que muda para as pessoas?
Este ano, uma das grandes mudanças tem que ver com a administração da vacina para a Gripe Sazonal, para os grupos de risco (65 ou mais anos de idade). Pela primeira vez, este ano, e de acordo com as orientações da DGS, em parceria com as juntas de freguesia e câmaras municipais, foram identificados um conjunto de locais com condições de segurança onde as pessoas podem ser vacinadas, impedindo, assim, que os utentes tenham que se deslocar aos centros de saúde, evitando desta forma o risco de contágio. Esta estratégia teve início na passada segunda-feira.


































