Criada em 1989 e situada numa elevação, a freguesia da Usseira é conhecida pela produção e comercialização de fruta, a par da grande dinâmica agrícola e industrial
É a mais jovem freguesia do concelho de Óbidos, com apenas 31 anos de existência. Desanexada da freguesia de S. Pedro, a freguesia de Usseira foi criada a 28 de agosto de 1989 e fica situada a cerca de quatro quilómetros da vila de Óbidos, numa zona bastante elevada, que permite uma vista panorâmica vasta que abrange, inclusivamente, a Serra de Montejunto, a Lagoa de Óbidos e as Berlengas.
No projeto-lei para a sua criação, de 20 de janeiro de 1989, o lugar da Usseira é referido como “um dos mais promissores de toda a região Oeste, considerando as suas capacidades agrícolas e frutícolas em franco desenvolvimento”.
O documento dá conta das várias especificidades da terra e destaca que a sua população “tem consciência de que possui vida própria e dinâmica, obedece às características da lei, tem estruturas oficiais e sociais consideráveis e que a sede da freguesia-mãe… é distante!”.
O topónimo “Usseira” parece ser um derivado de “usso”, o mesmo que “urso”, podendo ser uma referência à fauna local na época da atribuição do nome ao antigo lugar. O mesmo animal também está presente no seu símbolo heráldico. Nele é possível ver a árvore de ouro, arrancada de prata e frutada de vermelho (que representa as atividades económicas praticadas na freguesia) sustida por dois ursos , armados e lampassados de vermelho. Apresenta ainda, em chefe, escudete antigo de azul, besantado e debruado de prata, entre dois crescentes do mesmo, que representam a antiguidade do povoamento da Usseira,
O passado deste território está interligado com o da freguesia de S. Pedro, sabendo-se que região foi habitada pelos romanos e, mais tarde, pelos árabes, tendo sido a estes conquistados por D. Afonso Henriques em 1148. Vários monarcas residiram e povoaram Óbidos e D. Dinis doou a vila a sua esposa, a Rainha D. Isabel de Aragão, passando o senhorio de Óbidos a pertencer à Casa das Rainhas, até 1834. Foi também uma rainha – D. Catarina de Áustria (mulher do Rei D. João III) – quem, em 1573, mandou construir a obra mais emblemática desta freguesia, o aqueduto da Usseira. A obra, que possivelmente só foi concluída no reinado de Filipe I, inaugurou o sistema de abastecimento de água ao burgo obidense. Na obra Água, Cultura e Património: Aqueduto e Chafarizes da Vila de Óbidos, editado pela Câmara de Óbidos, é referida a sua construção “em pedra calcária e tijolo, coberto de alvenaria, tendo uma leve impressão românico-gótica que lhe é dada pela feição dos arcos de volta perfeita, sendo os mais estreitos e ligeiramente ogivais, os de maior largura”. Tinha uma extensão de cerca de seis quilómetros, dos quais os primeiros três eram de canalização subterrânea, da nascente, na localidade da Usseira, até ao Vale dos Arcos, onde seguia, em arcaria levantada, até à porta da Vila, e depois, de novo com canalização subterrânea, pela Rua Direita até ao Chafariz da Praça de Santa Maria, para assim abastecer de água os habitantes da vila.
Do edificado realce ainda para os moinhos de vento, sobre os quais Luís Freitas Garcia escreveu em 1928: “É um dos mais elevados pontos da região. O cimo de um monte com três moinhos a trabalhar, lançando aos ares a canção viva das olarias presas às velas… A paisagem diz riqueza. Numa manhã de sol resplandecente: e tem então o sabor esquisito duma écloga virgiliana”. ■
Descrição da freguesia
Pontos de Interesse
Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Capela de Santa Luzia, Fontanário da Usseira, Talefe, Moinhos de Vento
Equipamentos públicos:
Junta de Freguesia, Serviço do Espaço do Cidadão
Equipamentos de ensino:
Jardim de Infância da Usseira
Associações:
Associação Recreativa e Cultural da Usseira, Centro de Apoio Social e Cultural da Usseira e Associação Caçadores e Pescadores
Datas festivas
Festas em honra de Nossa
Senhora do Rosário (data móvel entre julho e agosto); Festejos de Santa Luzia (13 de dezembro)
Principais atividades económicas
Agricultura, fruticultura, floricultura, exploração da rede de frio para armazenagem de frutas e congelados, comércio, indústria do mobiliário e restauração
Segredos escondidos
O púlpito da capela de Santa Luzia
Situada no meio da localidade, a Capela de Santa Luzia integra uma verdadeira preciosidade: um púlpito de pedra seiscentista, proveniente do Convento S. Miguel das Gaeiras. Reza a lenda que terá tido origem num templo mandado construir pelo regedor, depois de um pastor ter encontrado uma medalha com o nome de Santa Luzia dentro de uma árvore quando pastava as suas ovelhas.
A santa, protetora dos olhos, é celebrada na Usseira, na noite de 12 para 13 de dezembro, com o tradicional “Bodo de Santa Luzia”, com uma fogueira, ao redor da qual a população convive. A celebração está associada ao tempo de descanso da terra e disponibilidade dos homens para a festa e as festividades do Solstício de inverno, decorrendo num círculo térreo ladeado por alcatrão. No dia seguinte a padroeira da terra é celebrada com uma missa festiva.
A devoção a esta santa, de origem italiana e cujo próprio nome está ligado à visão (Luzia deriva de luz), já existe há vários séculos. Diz a história que esta terá arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a renegar a fé em Cristo. ■



































