Zé Povinho tem muita admiração pelas pessoas que não se conformam com o seu destino e com as suas primeiras opções profissionais, esperando até ao final da vida por uma reforma pachorrenta, sem brilho nem empenho.
Por isso admira a pertinácia do aluno finalista de Design de Ambientes, da ESAD, Nicola Henriques, que também é professor de Educação Física numa escola da região, mas que simultaneamente com outros colegas, investe fortemente em projecto de animação e dinamização da actividade escolar em ligação com a comunidade.
Nicola Henrique parece que está em todas. Era ele o grande dinamizador dos encontros “underground” FICAS, em que alunos da ESAD eram convocados anonimamente por sms para se juntarem em determinado ponto da cidade, deslocando-se posteriormente para um local emblemático preparado antecipadamente, onde eram apresentados trabalhos de docentes e alunos que mereciam esse destaque.
Antes Nicola também esteve na organização e dinamização das boas vindas de alunos estrangeiros que estiveram em Erasmus na ESAD, bem como na da exposição final dos seus trabalhos que decorreu no Centro da Juventude.
Agora, conseguiu juntar mais um grupo de colegas e foi para a frente com um projecto, que a ter êxito, pode constituir uma iniciativa significativa a nível nacional e equivalente ao que se faz de melhor no estrangeiro – pegar numas instalações industriais antigas e desactivadas e querer transformá-las num pólo de dinamização criativa, cultural e de lazer.
Conseguiu fazê-lo, contando com outros colegas, mais rápido e com mais eficiência que muitos institucionais que perdem anos a preparar e a aprovar projectos e à espera de financiamentos. Demonstrou uma capacidade empreendedora muito notável e encontrou no Eng. Manuel Paiva e Sousa, alguém que confiou na sua iniciativa e que também quer dar uma nova dinâmica ao que foi a sua unidade industrial.
O Dr. José Benoliel ainda só tomou posse há escassos dias na presidência da CP, mas já fazia parte da administração da empresa nos últimos quatro anos. Conhece, por isso, “os cantos à casa”, ou dito de outra maneira, “sabe o que a casa gasta”.
E neste caso a casa gastou mais de 2500 euros com uns inúteis panfletos que são quase ofensivos para as muitas pessoas que no Oeste defendem o modo ferroviário como alternativa às estradas e são a favor do comboio como o transporte do futuro.
Promover viagens à praia que demoram 50 minutos na ida para percorrer 30 quilómetros e uma hora e meia para regressar é, no mínimo, incongruência do ponto de vista de qualquer estratégica de marketing. Pior ainda quando a mesma viagem implica um transbordo que ninguém compreende na estação das Caldas. E ainda mais grave quando esta ingénua campanha é repetida candidamente pelo segundo ano consecutivo.
A CP, se tivesse vergonha, ficava quieta. Ou então metia mãos à obra e remodelava a sua oferta no Oeste com comboios mais confortáveis, maior frequência e mais velocidade.
É por isso que Zé Povinho recomenda ao novel presidente – pessoa com pergaminhos dados na gestão de empresas públicas – que tome cuidado com os entusiasmos pueris de quem no Marketing ou na CP Regional quer apresentar serviço.
Zé Povinho sabe que vêm aí tempos difíceis e que o governo já fez saber que os serviços regionais serão as primeiras vítimas da crise, na hora de cortar despesas nos transportes públicos.
Um verdadeiro desafio para o Dr. José Benoliel que, com estes colaboradores, em vez de ajudar, enterram mais a empresa.

































