Recorde o 26 de Agosto de 1927: o dia em que Caldas passou a ser uma cidade

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Neste destaque dedicado ao dia da cidade, Gazeta das Caldas leva-o a recordar o 26 de Agosto de 1927, o dia em que Caldas passou efectivamente a ser uma cidade. A notícia foi recebida com manifestações de felicidade, foguetes e morteiros e com as filarmónicas a tocar “A Portuguesa”.

“Considerando que a vila das Caldas da Rainha, graças à actividade dos seus habitantes, graças às excelências da suas termas, adquiriu um desenvolvimento que bem justifica a sua elevação a cidade; Considerando que o incremento demográfico da vila e o florescimento incontestável da sua indústria são tais que impõem ao Governo da República Portuguesa a elevação de Caldas da Rainha a cidade”, assim começa o decreto nº14:157 publicado a 26 de Agosto de 1927.
E foi a partir daí que Caldas se tornou uma cidade, naquele que, segundo o historiador Nicolau Borges, foi “o momento mais partilhado e participado da vida cívica da cidade”.
Dois dias depois, “a condenação do passado” e “o elogio do futuro” faziam a primeira página da Gazeta das Caldas, num texto em que fala das “terras novas, as que no píncaro dos montes em vez de castelos ergueram sanatórios, hospitais, hotéis e que no espaço reservado aos monumentos pezados e confusos levantaram fabricas, e oficinas, e laboratorios”.
“Esta cidade das Caldas da Rainha é uma dessas terras prevelegiadas, uma das cidades-jardins e pomares”, lê-se.
Caldas é descrita como uma “terra de abundância – quantas cidades portuguêsas não invejam a sorte das Caldas da Rainha, opulenta em sua vida economica, linda com fracos adornos dos homens e a exuberancia da sua vegetação luxuriante e do seu clima de previlegio”.
Não falta, claro, uma referência às “águas santas que dão remedio aos mazelados e tropegas”, num texto em que se questiona “a que outra vila, que não a Caldas da Rainha, melhor cabia o título de cidade?! Pois não é ela, de facto, a mais encantadora terra da Extremadura?”.
Nas páginas interiores dessa mesma edição há uma reportagem sobre a forma como esta notícia foi acolhida na então vila. “Imediatamente varias manifestações de regosijo se produziram, estalando foguetes e morteiros por toda a parte. A maior parte delas dirigiu-se à Câmara Municipal acompanhada das filarmónicas de Ponte de Rol, Lorinhã e Alvorninha, ouvindo-se aclamações ao Governo, e a todos os que concorreram para tal”. Houve um discurso do presidente da Comissão Administrativa, José Saudade e Silva e as bandas tocaram “A Portuguesa”. Seguiu-se uma sessão solene no Salão da Câmara.
Há ainda dois pormenores curiosos no texto. Já no final uma “nota a frizar – a primeira colectividade a manifestar-se em sinal de regosijo pela notícia foi a briosa corporação dos Bombeiros, que fez o toque da continência”.
O outro é uma nota do próprio jornal, assumidamente regionalista na sua génese, que, demonstra “o seu alegre sentir, pela mercê justíssima” que acabava de ser conferida às Caldas, terminando com um “Viva a Cidade das Caldas”.

15 de Maio

Recordamos aqui os primeiros “15 de Maio” que foram noticiados na Gazeta das Caldas, nos anos de 1926 e 1927 (com foco na questão termal), mas também um artigo de 1930 intitulado de “Uma data sempre desejada – De novo aí está o dia 15 de Maio”, no qual se retrata o quão ansiosamente este dia era aguardado na cidade e no concelho.

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